LOURDES SARMENTO
Recife (Brasil).
Considerada su obra como "admirable, además de una poesía que es profunda y auténtica", en la opinión del crítico francés Claude Sorel. Lourdes María Mendonca Sarmento nació en Recife, en la Rua das criolla, 78, calle que mantiene viva en sus libros, como 7 Card y una confesión de amor, lanzado en 2004. Lourdes Sarmento tiene 23 libros publicados en Portugués, Inglés, Francés y Español.
Hija de Neide Mendonça Sarmento y Paul Medeiros Sarmento, es poeta, novelista, escritora, investigadora, biógrafo y periodista. Como escritora y periodista ha representado a Brasil, a través de conferencias y charlas en los Estados Unidos en Washington, Miami; Lima (Perú); Ciudad de México y Lisboa (Portugal).
En París (Francia), fue invitada a organizar la Antología poésie du Brésil, edición bilingüe con 82 poetas brasileños que, según el profesor Anne Marie Quint, la Sorbona, fue la primera antología de Brasil, publicada en París, después de treinta años de silencio.
En 1997, con el sello de París por la Editora Vericuetos / Chemins scabreux, el libro fue catalogado por la Fundación Gulbenkian y publicado en Internet por la Embajada de Brasil en París. También en Francia, fue invitada a lanzar su libro Vingt Cinq-Poèmes de la pasión por la UNESCO. Es miembro de varias academias en Pernambuco, Goiás, Río de Janeiro y Petrópolis.
Posee varios premios y honores. Fue galardonada en Pernambuco, Río de Janeiro y Belo Horizonte. La sensualidad erótica en su poesía también sirvió como una monografía del tema presentado por Patricia Cristina Apolinar al obtener la Especialidad en Literaturas de Expresión Portuguesa- Universidad de Pernambuco - UPE.
Obras publicadas:
- Poemas do Despertar - Editora Nordeste, Recife, 1965
- Explosão das Manhãs Poesia- Editora Americana, Rio, 1973
- Pequena História da Telefonia em Pernambuco - Pesquisa - CEPE, Recife, 1980
- Primórdios da Comunicação - Pesquisa sobre a antropologia das comunicações - Editora TELEBRASIL, Rio, 1981
- Early Stages in Communication - Pesquisa - Editora TELEBRASIL, Rio, 1981
- Janela - Crônica - Assessoria Editorial do Nordeste, Recife, 1984
- A Palavra e as Circunstâncias - Ensaio - Assessoria Editorial do Nordeste, 1985
- Tatuagens da Solidão - Poesia - Editora Comunicarte, Recife, 1991
- Sedução da Arte em Vera Bastos - Ensaio Biográfico - Editora Bagaço, Recife, 1993
- Vingt-Cinq Poèmes de Passion - Poesia - Editora Bagaço, 1994, lançado pela UNESCO, em Paris/94
- Alcides Lopes - Nas Estações do Tempo - Biografia - Editora Comunicarte, Série Imprensa Pernambucana 1994
- Poésie du Brésil - organizada por Lourdes Sarmento - Panorama da Poesia Brasileira Editora Vericuetos / Chemins Scabreux, Paris, septembre, 1997
- José de Souza Alencar - Alex - O Artesão de Palavras - Perfis Pernambucanos - 8 - da Associação da Imprensa de Pernambuco - Editora CEPE, 1998
- Amor nos Trópicos - Ensaios e Seleta de Poemas Contemporâneos - organização em parceria com Beatriz Alcântara - Universidade Federal do Ceará, com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará - SECULT - 2000
- Águas dos Trópicos - Ensaios e Seleta de Poemas dentro do Projeto de Literatura dos Trópicos - organização em parceria com Beatriz Alcântara - Editora Bagaço - Recife - com o apoio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, 2000
- Olhos de Tigre - Poesia - Editora Bagaço, Recife, 2001, Prêmio Dulce Chacon da Academia Pernambucana de Letras e Prêmio Alejandro Cabassa "Hors Concurs" de Poesia, pela União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro - UBE/2002;
- Fauna e Flora nos Trópicos - Ensaios e Seleta de Poemas dentro do Projeto -de Literatura dos Trópicos - organização em parceria com Beatriz Alcântara - SECULT - Ceará - 2002.
- Guardiã das Horas - Poesias- Cia.Pacífica-Recife-2003. Prêmio Manuel Bandeira para Poesia- União Brasileira de Escritores- Rio de Janeiro-RJ.Prêmio Feminino de Poesia- Lacyr Schettino, da Academia Feminina de Letras de Minas Gerai
- Classificação: segundo lugar- Belo Horizonte- 2004.
- 7 Cartas e Uma Confissão de Amor- (Prosa e Poesia)- Editora Comunigraf-Recife-2004.
- Rituales del deseo: Rituais do desejo, edição bilíngüe: espanhol-português, editora Fancachela, Buenos Aires, 2005
- El Tiempo de Las Ofrendas, em espanhol, Editora Alejos, Lima-Peru- 2007.
- Alegria (obra infanto-juvenil) publicada pela Editora Novo Horizonte, 2008.
Obras Coletivas:
- Itinerário do Ceará-Mirim - Crônicas - organização Francisco Montenegro, Recife - 1966; Palavra de Mulher - Poesia Feminina Contemporânea Brasileira - Editora Fontana - organização Lourdes Hortas, Rio - 1979
- Livro das Escritoras do Brasil - Contos - Ceará - 1979; Revistas Letras e Artes - Edições da Academia de Letras e Artes - Participação com Poesia e Contos - de 1984 a 1987
- Carne Viva - 1ª Antologia Brasileira de Poesia Erótica - organizada por Olga Savary - Rio - 1986; Andanças Poéticas - Poesia - Petrópolis, Rio - 1986
- Agenda/Antologia/85 - organização Jaci Bezerra, Livro 7 - Empreendimentos Culturais Ltda., de Tarcísio Pereira - Recife - 1985
- Agenda/Antologia/86 - organização Jaci Bezerra, Livro 7 - Recife - 1986
- Edições Cadernos Culturais com poesia - Assessoria Editorial do Nordeste - Recife de 1986/1987
- Agenda/Antologia/87 - organização Jaci Bezerra, Livro 7 - Recife - 1987
- Álbum do Recife - Poesia - organização Jaci Bezerra - Prefeitura da Cidade do Recife, 1987
- Luzes da Cidade - Crônicas - Prefeitura da Cidade do Recife, 1990
- Dicionário Biobibliográfico de Poetas Pernambucanos - elaboração Lamartine Morais - Fundarpe - Recife - 1993
- Letras e Artes, da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro - dezembro - 1993
- Antologia Poética - organização Orismar Rodrigues, Série Imprensa Pernambucana - De Jornalistas e Estudantes de Jornalismo - Associação da Imprensa de Pernambuco - Prefeitura da Cidade do Recife - Editora Comunicarte - Recife - 1994
- A Mulher na Poesia Pernambucana - organização Lamartine Morais - Núcleo de Pesquisa Literária Pasárgada - Fundarpe - 1994
- Écritures du Pérou - Editora Vericuetos - Paris, avril 1995 (Escritora homenageada), representando o Brasil
- Poesia Viva do Recife - organização Juhareiz Correya - Edição Especial, em homenagem aos 459 anos da Cidade do Recife - Companhia Editora de Pernambuco - CEPE - 1996
- Escritores Vivos de Pernambuco - organização Eraldo Gomes de Oliveira - Biblioteca Pública Estadual Presidente Castello Branco - Projeto "Escritores Vivos de Pernambuco" - CEPE - Recife - 1997
- Letras e Artes, da Academia de Letras e Artes do Nordeste - dezembro - 1998
- Mormaço e Sargaço - I Antologia de Poetas Nordestinos e Contemporâneos) - organização Benito Araújo - Edições Micro - Recife - 1998
- Poemas de Sal e Sol (II Antologia de Poetas Nordestinos e Contemporâneos) - organização Benito Araújo - Edições Micro - 1999
- Revista Encontro, número 15 - organização Lucila Nogueira, Gabinete Português de Leitura - Recife - Editora Bagaço - 1999
- Revista Encontro, número 16 - organização Lucila Nogueira - Gabinete Português de Leitura - Editora Bagaço - 2000
- Espiral - Revista de Literatura - Editor: João Dummar Filho, Coordenadora Geral: Lourdinha Leite Barbosa - Ceará - 2000
- Antologia de Poetas Nordestinos - organização Benito Araújo - Edições Micro Recife - 2000
- Cahiers de Poésie - Jalons - organização Jean-Paul Mestas - n.º 68 - Nantes - França - 2000
- Brésil 500 Ans - Jalons - Cahier Particulier - Nantes - France - 2000
- Santa Poesia - Antologia Poética - Casarão Hermê (Centro Cultural e Artístico) - Editora MMRIO - Rio de Janeiro - 2001
- Cahier de Poésie - Jalons - organização Jean-Paul Mestas - n° 69 - Nantes - França - 2001
- Natal Pernambucano - Edições Bagaço - Recife - 2001
- Espiral - Revista de Literatura - Editor João Dummar Filho - Coordenação Geral: Beatriz Alcântara - Ceará - 2001
- Brasil: Receitas de Criar e Cozinhar - Volume 2 - organização Patrícia Bins - Editora AGE - Porto Alegre - 2001
- Antologia - Poemas, Contos e Crônicas Inesquecíveis - Coordenação Sheila Cohen - Novestilo Edições do Autor - Recife - 2001
- Letras e Artes n° 11 - Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro - Recife- 2001
- Verbete na Enciclopédia de Literatura Brasileira - Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa - volume II - Co-edição Global Editora/Fundação Biblioteca Nacional/DNL e Academia Brasileira de Letras - São Paulo - 2001
- Antologia: Pessoa Revisitado - Revista Comunidades de Língua Portuguesa - n° 16 - organização João Alves das Neves - São Paulo - 2001
- Francachela - Revista Internacional de Literatura & Arte - ano 6 - n° 23 - 24 - coordenador no Brasil Cyl Galindo - Argentina - 2001
- 46 Poetas - Sempre - organização Almir Castro Barros - Editora Bagaço - Recife - 2002
- Antologia: Poesias, Contos e Crônicas - 17° Bienal Internacional do Livro de São Paulo - Editora Scortecci - São Paulo - 2002
- Poésie du Brésil - volume 2 - Proyecto Cultural Sur. - organização Ademir Antônio Bacca - Rio Grande do Sul - 2002
- Corpo Lunar - Antologia Poética - organização Edileuza Rocha - Prefeitura da Cidade do Recife - 2002
- Espiral Revista de Literatura - nº 7 - organizada por João Dummar - Fortaleza - Ano 2002
- Verbete no Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras, organizado por Nelly Novaes Coelho - Editora Escrituras, São Paulo, 2002
- Antologia da Academia Carioca de Letras - organizada por Tobias Pinheiro, Rio de Janeiro - Ano 2003
- Os Rios e seus Poetas-organização Lourdes Nicácio e Graça Silva, Editora Aggráfica- Recife- 2003
- Revista de Arte e Comunicação, Ano 9, n.8, Recife, 2003, organização Lucilo Varejão Neto- Universidade Federal de Pernambuco. Centro de Artes e Comunicação;
- Antologia das Águas - Editora Novo Horizonte, 2007 (Org. Lourdes Nicácio, Graças Silva, Ricardo Japiassu e Raphaela Nicácio)
- Ceia de Natal e outras ceias - 2008 - Organização Com a escritora Laura Areias
Entre outras.
SARMENTO, Lourdes. Rituales del deseo. Rituais do desejo. Edición bilíngue: español-português. Buenos Aires: Francachela, 2005. 86 p. 20x14 cm. ISBN 987-20895-2-3 Traducido por Jorge Ariel Madrazo. Capa: “El retrato” óleo sobre tela Luisa Osdoba. “ Lourdes Sarmento “ Ex. bibl. Antonio Miranda
DESEOS
Donde mi deseo floreció
no me encuentro
cuanto más miro detrás de mí
quedo perdida en el ciclo cerrado del Tiempo
los que me perturbaron
no tienen rostros
el desierto agonizante de mi
misma, secó la fuente de las fieras
entonces camino
Donde mi deseo florece
te ordeno:
prosigue tu destino
en busca de otras presas
estrangulo tu voz
serpiente del mal
lenguas y saetas envenenadas
No quiero pensar en el futuro
el futuro tal vez sea el ahora:
el deseo florece en mi piel
entonces camino
MITAD DEL CAMINO
Bajo el mirar vaciado
de la piedra
extendí tu piel
que duerma con las piedras
tu seducción
mi alma mira a tu piel
separada de mi cuerpo;
muerta.
Soy el canto del pájaro liberado
de la jaula
eras la lluvía que venía
venía y volvía
y yo lo esperaba
con el deseo atravesado
en la piel
en los umbrales de marzo
desperté
miro el mundo asustada
(en la esquina de la calle,
el mirar de deseo del joven)
ojos negros
nocturnos
no sé si es verano todavía
EXTRAÑAS VISIONES
Extrañas visiones
caminan en el jardín
duermen en el rocío del cuerpo
cuerpo de las madrugadas
extendido en el horizonte del deseo
Extrañas visiones
despiertan a la mañana
rosas rojas
bordan la tierra
cribada de hierba
espacio de vuelo de las mariposas
y una bandada de golondrinas
surcando el cielo escarlata
escarlata como el rouge
olvidado sobre tu saco gris
PARA QUE NO DEMORES
El galope del caballo
llama a la tarde
soñolienta y fría
abre la flor
poco a poco
poco a poco
como director de una sinfonía
comanda músculos y nervios
abre perfumes
embriaga la tarde
para que no demores en llegar
al banquete
banquete de las flores
en la orilla del Sena
JOYA – Florilegio de escritores iberoamericanos contemporáneos. Compilación de Santiago Risso. Lima: Alejo Ediciones (de Mammalia Comunicación & Cultura), 2020. 115 p. Col. A.M.
EL PRECIO DEL CANTO
La voz del poema
corta
el canto de la piedra
que ama las flores
los frutos
abriendo el suelo
de deseo
el precio del poema
es una granada explotando
en la vereda
el corazón arrancado
del sueño.
LA ELECCIÓN
Recuerdo el abril
en que te conocí
traía en las manos un pedazo de pan
y la juventud
no sé cómo viniste
saliendo de las sombras
que me asombraban.
Quería hablar contigo
no lo conseguía
nada había salvo el miedo
de las sombras
que me asombraban
sonreí, apenas sonreí
y tú me escogiste
tu amada.
En cada abril
te recuerdo dulcemente
tu cuerpo esbelto
tus manos aferrando tres rosas:
blanca
amarilla y
roja
treinta años signan el calendario
¿dónde estás ahora?
SOLO ESTRELLAS
Pliego la sábana
pliego la noche
rociada
de estrellas
allá afuera
la noche plegada
en la sábana
despierta el rostro
del sol soñoliento
solo estrellas
saldrán de tus ojos.
EL SILENCIO DE LA PIEDRA
Siento deseos de ser una piedra
nadie me preguntaría
cosa alguna
si fuera una piedra y su silencio
calcularía el Tiempo por el viento
por las nubes
ni soles, ni lunas
dividirían las horas
abrigaría en mi regazo
a los amantes
desearía a todos los riachos
con las Hores del campo tejería
mis vestidos
nadie sabría que mis ojos
observaban el mundo
volaría como gaviota de vidrio
mujer de vidrio, transparente
sobre el pasto al galope
te amaría entera
intensa
encendida
sería apenas, una piedra
nadie preguntaría cosa alguna.
LA LLAVE
Mi sombra de niña
sombra azul
azul de los ojos
sombra casi feliz
rodeada de gatos quietos
mi alma quieta
respiraba, con el corazón
en las manos
las manos dadas
al mundo en mutaciones
acomodaban las palabras
danzando vocales y consonantes
verano ardiendo soles
ventoleras de agosto
era ella: la palabra,
mi única llave.
EL PERFUME
Mi poema abdica
su ardor
quiero llegar a mi puerta
con la llave de plata
oír los pasos
de quien me espera
dejar que el agua moje
mi cuerpo
el perfume en las sábanas
la rosa blanca bajo el rocío
y tu cuerpo moreno
arder
serás tú mi poema.
RESPIRAR PROFUNDO
Cuando la calle duerme
en la mecedora
de mi sala
el alma de la soledad se aniña
cómplice de la Vida
emigra en el espacio,
crea el poema, se configura
el momento es sagrado.
Cuando la calle duerme
se oye el canto
de un pájaro alado,
el respirar profundo de los amantes
el momento es infinito
en la silla mecedora,
el poema mece
la soledad de la sala,
del mundo
la soledad.
CABALLO VERDE
Ven, caballo verde,
en este agosto
y otros meses.
Traes en tu tropel
el aroma a matorral
que me despierta
y me excita
cuando la muerte
ya era mi pasto.
Ven horizontalmente verde
en el vaivén de la brisa
no importa tu ruta
la cerca que nos cerca
y el espacio que me resta.
CARACOL ILUMINADO
Guardé el poema
con cuatro llaves
Tranqué dentro de la casa
el tiempo y el gozo
todo lo que queda
para respirar fuera de mí
que estoy viva.
Que despierte en mí
el canto del caracol
anunciando la muerte
entre mis muslos
o florezca en verano
la rosa amarilla
devorando tu sed.
¿Y después, qué
hacer con ella?
DESEJOS
Onde meu desejo floresceu
não me encontro
quanto mais olho atrás de mim
fico perdida no ciclo fechado do Tempo
os que me perturbaram
não têm rostos
o deserto agonizante de mim
própria, secou a fonte das feras
então caminho
Onde meu desejo floresce
ordeno-te:
segue teu destino
à procura de outras caças
estrangulo tua voz
serpente do mal
línguas e setas envenenadas
Não quero pensar no futuro
o futuro talvez seja o agora
o desejo floresce na minha pele
então caminho
METADE DO CAMINHO
Sob o olhar vazado
da pedra
estirei tua pele
que durma com as pedras
tua sedução
minha alma olha tua pele
retirada do meu corpo;
morta
Sou canto de pássaro liberto
da gaiola
eras a chuva que vinha
vinha e voltava
e eu o esperava
com o desejo atravessado
na pele
à porta de março
acordei
olho o mundo assustada
( na esquina da rua
o olhar de desejo do jovem )
olhos negros
noturnos
não sei se ainda é verão
ESTRANHAS VISÕES
Estranhas visões
caminham no jardin
dormem no orvalho do corpo
corpo das madrugadas
estendido no horizonte do desejo
Estranhas visões
despertam a manhã
rosas vermelhas
bordam a terra
crivada de relva
espaço de vôo das borboletas
e uma revoada de andorinhas
riscando o céu escarlate
escarlate como o batom
esquecido no teu paletó cinza
PARA QUE NÃO TARDES
O galope do cavalo
chama a tarde
sonolenta e fria
abre a flor
pouco a pouco
pouco a pouco
como regente de uma sinfonia
comanda músculos e nervos
abre perfumes
embriaga a tarde
para que não tardes
ao banquete
banquete das flores
à beira do Sena
SARMENTO, Lourdes.El tempo de las ofrendas. Lima: Alejo Edicones, 2007. 71 p. 10x14,5 cm. Traducción. Jorge Ariel Madrazo. Tiragem: 500 exs. Col. A.M.
CHICOS DE LA CALLE
Ese niño lanza el escupitajo
el otro la cuchilla
el hambre es la medida
de la miseria,
corta los vientos
clausura el sueño.
Cosen sus harapos
con los erizos del mar,
no disponen de la belleza
cuerpos sin enjabonar,
Hieren-roban el día
roban la noche,
llevan bolsas y espejos
(se reflejan en el espejo
los ojos del hambre).
SILENCIO
La palabra dentro de mí
única compañera
que impregna las madrugadas
tiene ventanas de vidrio
cantero de jazmines,
es mi alimento.
Diseña paisajes
recorre el ayer
y el hoy
gime, adormece
y despierta el Tiempo
Mi silencio, compañero,
es mi escudo de guerrera
a nada hiere
nada explica
ocupa un espacio
se hace presente.
MITAD DEL CAMINO
Bajo el mirar vaciado
de la piedra
extendí tu piel
que duerma con las piedras
tu seducción
mi alma mira a tu piel
separada de mi cuerpo;
muerta.
Soy el canto del pájaro liberado
de la jaula
eras la lluvia que venía
venía y volvía
y yo lo esperaba
con el deseo atravesado
en la piel
en los umbrales de marzo
desperté
miro el mundo asustada
(en la esquina de la calle,
el mirar de deseo del joven)
ojos negros
nocturnos
no sé si es verano todavía.
SARMENTO, Lourdes. Guardiã das horas. Recife, PE: Ed.; do Autor, 2003. 134 p. 14x20,5 cm. Capa: azulejos do século XVIII do casarão da rua das Crioulas, no Recife. “Prêmio Manuel Bandeira para Poesia – União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro 2003. “ Lourdes Sarmento “ Ex. bibl. Antonio Miranda
A Cerca
O homem
laça o boi
e aposta
na posse.
O boi espreita
silencioso
qualquer gesto
a hora será incerta
Dentro da cerca
entre talos de capim
o olho do boi
esconde a liberdade
sem que a perca
Chove
chove granizos
o chão de barro pisado
afunda as patas do boi
e o sapato do homem
O boi espera a hora certa
de romper o laço
saltar fora
ou morrer na hora incerta.
SARMENTO, Lourdes. 50 poemas escolhidos pelo autor. Rio de Janeiro: Edições Galo Branco, 2009. 98 p. 14x21 cm. “ Lourdes Sarmento “ Ex. bibl. Antonio Miranda
RESSACA
de desejos morri
qual cigarra após seu canto
numa enorme taça de vinho
vinho tinto
morri
o que caminha agora
é um poema inacabado
de paixões, acabado
é a ressaca
sem desejos
é o desejo indo
indo
ao lado do poema
sem destino
videira sozinha
florindo
O MILHARAL
há no hálito da tarde
o desespero do homem
à boca de agosto
assobia o vento
vai o eco brotar no tempo
o verde que se desfez
na terra seca
não se houve o ferro
em seu gemido,
nem o canto existe
entre fumaça e nuvens
acenam as espigas
do milharal.
o homem dorme
no que resta
põe sementes no chão
ou abre as cicatrizes do mundo
SARMENTO, Lourdes. Tatuagens da solidão. Recife, PE: COMUNICARTE, 1991. 81 p. ilus. Capa: Ezilda Goyana. Ilustrações: Maria Carmen, Margot Monteiro, Tereza Costa Rêgo. Orelha do livro: Cyl Gallindo. “ Lourdes Sarmento “ Ex. bibl. Antonio Miranda
Uivo da vida
Temos sonhos
de saciar a fome dos homens
na rosa abrindo a tarde.
Inúteis
no círculo das horas
somos o silêncio
da voz que engole
a lágrima
que corre.
No gozo
que teu peito geme
geme o homem na calçada
e o vento junta as fomes
no uivo da vida.
Encantado por encontrar esta maravilhosa poetisa pernambucana nesse espaço e nessa obra. Aqui vejo uma poesia de força expressiva que toca à alma e encanta todos os sentidos. A Poesia de Lourdes Sarmento é daquelas que brota na pele e ocupa o mundo. Parabéns para a equipe que fez tão brilhante trabalho/pesquisa, com essa densidade. Esse louvor à poesia é uma herança para a Humanidade!
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