lunes, 5 de septiembre de 2011

4617.- ALEXEI BUENO


Alexei Bueno nasceu no Rio de Janeiro (Brasil), em 1963. Publicou, entre outros livros, As escadas da torre (1984), Poemas gregos (1985), Livro de haicais (1989), A decomposição de J. S. Bach (1989), Lucernário (1993 - Prêmio Alphonsus de Guimaraens, da Biblioteca Nacional, e Prêmio da APCA), A via estreita (1995), A juventude dos deuses (1996), Entusiasmo (1997), Poemas reunidos (1998 - Prêmio Fernando Pessoa), Em sonho (1999), Os resistentes (2001), Gamboa (2002), para a coleção Cantos do Rio, O patrimônio construído (2002, com Augusto Carlos da Silva Teles e Lauro Cavalcanti – Prêmio Jabuti), Glauber Rocha, mais fortes são os poderes do povo! (2003), Poesia reunida (2003 - Prêmio Jabuti, Prêmio da Academia Brasileira de Letras), O século XIX brasileiro na Coleção Fadel (2004), Antologia pornográfica (2004), e A árvore seca (2006).
Como editor organizou, para a Nova Aguilar, a Obra completa de Augusto dos Anjos (1994), a Obra completa de Mário de Sá-Carneiro (1995), a atualização da Obra completa de Cruz e Sousa (1995), a Obra reunida de Olavo Bilac (1996), a Poesia completa de Jorge de Lima e a Obra completa de Almada Negreiros (1997), a Poesia e prosa completas de Gonçalves Dias (1998), além da nova edição da Poesia completa e prosa de Vinicius de Moraes, no mesmo ano. Publicou, pela Nova Fronteira, uma edição comentada de Os Lusíadas (1993) e Grandes poemas do Romantismo brasileiro (1994).






La juventud de los dioses
(fragmento)
Versión de Saúl Ibargoyen

Aquí cruzamos los dominios de la impermanencia.
Forma es muerte. Nombre es muerte. Comienzo es muerte.
Y todo el impaciente dolor va atando máscaras inéditas
A la autofagía del tiempo. Muerte y dolor. Dolor y Muerte.
Muerte y dolor
La vida, la intersección entre ambos, intangible
Como el presente entre dos tiempos que nunca existieron.
Resbala, y ahora en el baile de disfraz
Del sufrimiento, em su nuevo estilo, le roban a un hombre
Las pupilas o le arrancan el corazón
Y los riñones, para vendérselos a otros, palpitantes.
Como se robaba antes un anillo o una túnica. Espantosa
Revolución. Los pájaros rondan allá arriba,
Atontados, pero la lluvia no caerá.

Hay um flujo
Formidable em los ojos de Gautama.
Penúltima visión antes del complet Despertar.
Es el remolino, um sumidero, las alas crecientes, tal vez
Las grandes furias del Ganges. Pierna de niño en el lodo,
Lecho danzante, elefante abierto, estatuilla de dios
Brincando en las aguas, rodillas de novia, vacas descomadas,
Zapatos sins u par, monos circunspectos...
¿El ojo promiscuo del caudal? No. Ronco, ahora,
El torbellino del pasado y de lo que está aún por venir.
Legiones
Inacabables de seres y famílias amadas, muerte y dolor,
Dolor y muerte, en la danza de la rueda vertiginosa...
¿Es por eso que asesinan? Em la penumbra
De las sábanas de vísceras resuellan. Hijastras
Poseídas por sus padrastos. Parejas papeleándose em los muelles
nocturnos.
Ambulancias en las clínicas, de madrugada, como la que nos llevará
algún dia.
Frágiles amores deshaciéndose como aríetes de paja
En la muralla del haber outra alma. Viudas sin dientes
Saqueadas por albaceas. Subastas. Matanzas. Asmas.
Pleitos con los vecinos. Articulaciones entumeciéndose
Y la larga fila para empeñar las alianzas. En médio
Del lodazal hirviente, en médio
Del gan mar de rostros que se muerden, se besan y se insultan.
Aquí y allá, un hombre,
A una enorme distancia, como islas volcánicas
Vomitadas en la soledad de las olas bullentes
Por las agonias de la tierra.
Más a lo lejos, allá donde despedazan niños
Para vender los trozos a los herederos mal nacidos.
Allí, en la carnicería de los vivos, las risueñas multitudes
De los apretadores de teclas, de loa amantes de maquinitas
Para quienes el viento no existe. Cucarachas en los supermercados
Entre el estruendo intolerable. Acariciadores de controles.
Enamorados de comandos, corruptores de asuntos, trancados
En los cubos que se apilan. O los que intentan persuadir su íntima
voluntad
En las fuentes perennes de la vida. Y la ilusión
De la permanência extendiendo un manto maternal encima de todo,
Y la embriaguez
Del fuuro, del apogeo y de la conquista
Sacudiéndolos en el salto desamparado hasta el molino gigantesco
Que rueda exactamente como siempre y regurgita polvo.

En esta vorágine
Toda manifestación es el principio de la caída,
Condena que se firma, botón que se presiona
Para la nada. Aquí, todo lo que se despliegue
Será rasgado. Todo lo que se absorba
Retornará en vômitos. Aquí no es
Parada de nadie, y el mecanismo enorme
Del reloj del universo, donde el ser penetro como un insecto,
Un ratón espurio, un engrenaje desajustado y vacilante,
Por El nunca se alterará ni insinuará una brecha
Para su evasión inconcebible. Aquí sólo tiembla el milagro
O la muerte. Ni sistemas, ni ilumincaciones, ni escalas de perfección
Ni transmigraciones de almas, ni el avaro rocio de los elegidos,
Ni el escolar grupo divino. Nada. Aquí
Será la orgia del milagro, o no será
Lo que nunca fue. Ahora
Sólo resta el abismo como nuestra fortaleza.
Es el mirar
Hasta el fondo cuando entrevemos nuestra cara. Es inclinados
Sobre la orilla que sentimos nuestro cuerpo.
Es el danzar
En el riesgoso borde que despierta en nuestro espíritu
El fuego de la promesa. Es al embriagarnos
En la margen conocida que entrevemos
La figura del milagro
Palpitando
Mal percibido en las tinieblas.
¿Quien es? ¿Cuál es el puerto final de toda esta digresión absurda?
Es el hombre. Los ronquidos nocturnos de los cobardes no prevalecerán contra ti.
Es preciso nacer nuevamente, salir hacia otra luz que no sea ésta
Donde un olor nauseabundo y tíbio avanza desde las lavanderias,
Torbellinos aprisionados limpiando los jugos de la vida.
Sosegadamente, dentro del alma casi extinta del Despierto
De los orígenes, formas y nombres, jadea
Como un herido. Las aves
pasan gritando allá arriba.








CONSTATAÇÃO

Corrente de amanhãs, vício de auroras.
Outro dia, outro dia, outro, por quê?
Agoras a exigir outros agoras,
Barco sem mapa, cais que não se vê.

No alto, a bandeira rota, e o lema: até.
Tudo incompleto. As horas, mães das horas,
Partindo inúteis. Novas, as escoras
Certas que a torre lhes cairá ao pé.

Ser fragmento, ser caco, ser a corda
Que não se amarra em nada, o elo partido,
O escorrer puro, o rio sem sentido,

A mão que segue adiante e nada aborda,
O que não é daqui, o que é a loucura
E o orgulho de seguir na selva escura.


E fica aqui também este metapoema, em que o poeta orienta seu rumo:


EX-VOTO

Fora de ti, poesia,
Nunca vali um nada.
Que a tua mão sagrada
Me acene mais um dia.
n



TRAJETÓRIA

Onipresente
Melancolia
Que entre a alegria
Sorris prudente.

Sombra latente
À luz do dia,
Mudez sombria
Que o som pressente.

Por te vencermos
Percorreremos
Longínquos ermos,

Lá dançaremos
E expiraremos
Sem te esquecermos.





HISTORIA

Não é minha esta casa, aí entrarei no entanto.
Quebrarei o portão, marcharei entre as flores,
Encherei meu pulmão com os estranhos odores
Do jardim adubado a sêmen, sangue e pranto.

Porei a porta abaixo, enfrentarei o espanto
Dos vultos me fitando; e apesar dos bolores
Envergarei sem medo os trajes de idas cores,
Nas suas mãos beberei, entoarei seu canto!

Com os corpos rolarei de milhões de mulheres
Sem corpo. Ei-los que já me saúdam e me aclamam,
Meus perdidos avós, desamparados seres.

Estendem-me suas mãos como a um filho que os salva.
Deles vim, mas é a mim que eles agora clamam
A vida, como a um pai, um sol sonhando na alva.






AO MENOS

As vidas passadas
Talvez tenham tido
Grandes madrugadas
Com maior sentido
Do que os nossos nadas.

Mas em nós saltita
Seco, o coração,
Esponja maldita
A se inflar num vão
Onde ninguém fita.

A pular vermelha,
A encolher-se langue,
Suja bomba velha
Bêbada de sangue
Que só o nada espelha.

Que se estique e encolha
Até a hora em que estoure,
Ridícula bolha
Sem um só que a chore,
Sem quem a recolha.

E então tombe gorda
Dentro de si mesma,
Brinquedo sem corda,
Ressecada lesma
Que já nada acorda.

E ali, sem mais ânsia,
Imprestável odre,
Suma na distância,
Sem a dança podre
Que fez desde a infância.

Mas de ao menos nós
Que o sofremos tanto,
Que ele deixe após
Tanto pranto e espanto
Viva a nossa voz.






NUMISMA

Eu, Marcus Silbannacus, alguns dias
Reinei. Ébrias, as tropas me aclamaram.
Um laurel de ouro baixo me botaram
Na testa, entre um estrondo de armarias.

Sobre dois ombros sucedi a Augusto.
Vi a Gália do alto, eu, César Silbannacus.
Das ânforas vazias voavam cacos.
Um escultor veio esboçar meu busto.

Quando eu morresse se ergueria um templo
Em Roma, a Silbannacus, Divo e Pio.
Abriram cunhos com meu rosto esguio,
Com a inscrição seguindo o usado exemplo.

Depois fui degolado. Uma moeda,
Uma só, que um achou a abrir buracos,
Vos deu meu nome e rosto, eu, Silbannacus,
Mudo no tempo a fluir que nos enreda.







OS ETERNOS

Estátuas dos deuses, brancos,
Um sem mãos, sem a cabeça
Um outro, a portar nos flancos
O manto de um sol que desça

Ou suba, aléia de gestos
Alvos, fitando o oceano
Alheia aos ventos funestos,
Ao sopro humano e inumano,

Fila de risos sem boca,
Longos olhares sem olhos,
Ouvidos surdos à rouca
Conversação dos escolhos,

Altivos, friamente ígneos,
Lançando dardos sem braços,
Sem alma urdindo os desígnios
Mais certos que os nossos passos,

Imortais, sonhos de nós,
Cristalizados, latentes,
Sem antes, hoje ou após,
Gélidos sobre as torrentes

Do sal impreciso, erguidos
Nas decisões sem entraves,
À noite de astros vestidos,
De dia do asco das aves,

E inabaláveis, repletos
Da glória de si, exatos,
Mutilados mais completos
Que a soma dos nossos atos,

Totalidades corpóreas,
Sorrisos leves do eterno,
Deuses, fixas trajetórias
Paradas num fora interno,

Deuses, imortais, imotos,
Gestualizadas conquistas,
Chamas, vizinhos remotos,
Hálitos de idos artistas

Há tanto, que é quase a lenda
Terem sido, serem, sem
Que alguma ausência os pretenda,
E a morte morre também.







PRODÍGIO

Oh flor, oh muro,
Vós ambos sois.
Ser, este é, pois,
O liame obscuro

Que há em vós. O puro
Elo. Depois,
Se se erguem sóis,
Se se alça o escuro,

Que importa? Estais,
Seiva, argamassa,
Aqui. Jamais

Sereis mais que isto
Que é, que não passa.
Oculto e visto.







VIDÊNCIA

Se os nossos olhos te enxergassem, rosa,
E não só: “É uma rosa” nos dissessem
Na vulgar gradação que nunca esquecem,
Que epifania na manhã tediosa!

Se eles vissem, ao vê-la, cada coisa
E não seu nome, se afinal pudessem
Fugir da furna abstrata onde destecem
A vida, um morto partiria a lousa

Maciça de aqui estar. Flor, nuvem, muro,
Árvore, que é uma só e não tal nome,
Se tudo entrasse o corredor escuro

Que há em nós, algo de exato se ergueria,
Algo que pára o tempo ou que o consome,
Que alveja a noite e entenebrece o dia.







ENIGMA

Certo mistério existe, indesvendado,
Escrito há eras sem conta, sobre os céus,
Por uma mão, talvez a mão de Deus,
Ressoando no criado e no incriado.

Para entendê-lo, deste e do outro lado
De tudo, angustiados como réus,
Demônios e anjos chocam-se nos seus
Vórtices, sem nenhum outro cuidado.

À volta dele os seres e as esferas
Inutilmente orbitam pelas eras
Na ânsia de desvelar a eles imposta.

Revolvem-se em legiões desamparadas,
Enquanto aqui, na noite, entre as calçadas,
És, e somente tu, sua resposta.






PERGUNTA

Será realmente a face do Universo
A face da Medusa,
Esta geral destruição confusa,
Este criar perverso,

Ou será a máscara, álgida e estrelada,
Onde os cometas passam,
Turva de treva, rútila de nada,
E onde olhos se espedaçam?







AS VELHAS

Elas nos olham, mas não vêem nada.
Sua vida é a que foi, muito lá atrás.
São quase máscaras, mascando o nada,
E em seus olhos há um charco, não a paz.

Como em molduras, nas janelas, duras,
São pré-retratos, mas dirão: de quem?
Fitam o amor e a fúria, aves obscuras
No batente-poleiro que as sustém.

Sabem, no quarto escuro que é o seu dia,
Que não são deste mundo. A sua voz,
Se existisse, a nós, sãos, perguntaria
Se porventura sê-lo-emos nós.


26-9-2004


http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/alexei_bueno.html








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