sábado, 8 de abril de 2017

CASÉ LONTRA MARQUES [20.077]


Casé LONTRA MARQUES 

Río de Janeiro, Brasil   1985)

Vive en Vitória (Espírito Santo). Ha publicado Indícios do dia (2011), Movo as mãos queimadas sob a água (2011), Saber o sol do esquecimento (2010), Quando apenas se aproximam os rumores de chuva (2009), A densidade do céu sobre a demolição (2009), Campo de ampliação (2009) y Mares inacabados (2008). Sus libros están disponibles electrónicamente en: 
www.caselontramarques.blogspot.com.br.

Mora em Vitória (Espírito Santo). Publicou Indícios do dia (2011), Movo as mãos queimadas sob a água (2011), Saber o sol do esquecimento (2010), Quando apenas se aproximam os rumores de chuva (2009), A densidade do céu sobre a demolição (2009), Campo de ampliação (2009) e Mares inacabados (2008). Disponibiliza seus livros eletronicamente em: www.caselontramarques.blogspot.com.br.





Incluidos en Inventar la felicidad. Muestra de poesía brasileña reciente (Vallejo & Co. Internet, 2016, selec. de Fabricio Marques y Tarso de Melo, trad. de Fabrízia Ribeiro).


Sobre a poesia de Casé Lontra Marques

Casé Lontra Marques, em seus diversos livros e nos poemas aqui apresentados, tem como marca comum a sucessão de imagens escorregadias, que parecem se desfazer à vista do leitor quando ele se aproxima, como uma imagem que se desfizesse no ar ou a água a escapar entre os dedos. O poeta maneja «os objetos que prolongam o corpo,/ as letras/ que povoam// a página, os segundos// que precedem/ o sono», e revela os limites tênues entre corpo, casa, cidade e linguagem, sem temer os momentos em que tais limites se rompem. Ao contrário, a linguagem do poeta parece buscar justamente nas falhas de quaisquer fronteiras (do espaço, do tempo, da sensibilidade) o que tem a dizer, o que quer dizer, o que lhe importa dizer – «aceito o silêncio que se dispersa (que nos espalha)/ sempre/ pelas paredes – nas escadas; nas encostas –/ do/ diafragma». E é ali, no «vão da voz» a que ele nos convida, que sua poesia mora. [TdM] Traduções de poemas de Rafaela Scardino e Sebastián Huber.



Sobre la poesía de Casé Lontra Marques

Casé Lontra Marques, en sus varios libros y poemas aquí presentados, tiene como marca común la sucesión de imágenes resbaladizas, que parecen deshacerse a la vista del lector mientras este se acerca, como una imagen que se deshiciera en el aire o en el agua para huir entre los dedos. El poeta maneja «los objetos que alargan el cuerpo,/ las letras/ que pueblan// la página, los segundos// que preceden/ al sueño», y revela los límites tenues entre el cuerpo, el hogar, la ciudad y el lenguaje, sin temer a los momentos en los que se rompen esos límites. Más bien, el lenguaje del poeta parece buscar precisamente en los errores de las fronteras (del espacio, del tiempo, de la sensibilidad) lo que tiene a decir, lo que quiere decir, lo que le importa decir — «acepto el silencio que se dispersa (que nos esparce)/ siempre/ por las paredes — en las escaleras; en las laderas —/ del/ diafragma». Y es allí, en el «vano de la voz» al que él nos invita, que vive su poesía. [TdM] Traducciones de los poemas por Rafaela Scardino y Sebastián Huber.


Poemas



MIENTRAS PERDER sea habitar con exactitud: 
esta 
voluntad de habla — nuestro gesto ninguno — 

nos seguirá impulsando: (nos seguirá oprimiendo): 

¿manteniendo 
los ruidos abiertos? 

preparo otros márgenes 
para 
la incomodidad 

que dejé descansar bajo 
la 
anemia 

— aún insistir es principalmente una amenaza — 

nuestras sedes 
no 
alcanzan a secuestrar 

siempre 
las 
mismas 

pantomimas:

nadamos (y nadamos y nadamos) 
con 
la tensión que antecede 

— otra vez — 

el reconocimiento 
del 
lapso donde encajar 

(donde 
enclavar) 

un cuerpo; 

aun 
sin extinguir 
esa 
impaciencia: 

¿por 
qué yo no soportaría anochecer 

también?





ENQUANTO PERDER for habitar com exatidão: 
esta 
vontade de fala — nosso gesto nenhum — 

continuará a nos impelir: (continuará a nos oprimir): 

mantendo 
os ruídos abertos? 

preparo outras margens 
para
o incômodo 

que deixarei descansar debaixo
da 
anemia 

— ainda insistir é principalmente uma ameaça — 

nossas sedes 
não 
conseguem sequestrar 

sempre 
as mesmas 

mímicas:

nadamos (e nadamos e nadamos) 
com 
a tensão que antecede 

— de novo — 

o reconhecimento 
do 
lapso onde encaixar 

(onde 
encravar) 

um corpo; 

mesmo 
sem extinguir 
essa 
impaciência: 

por 
que eu não toleraria anoitecer 

também?





CUERPOS DONDE la cuidad se repite: 
(después 
de chorrear antiguas bocas sobre otra agua): 

¿casi 
suprimen algunos órganos alarmados 

— en medio del fierrerío — 

en 
el capullo del calendario? 

contaminamos 
un 
espejo con la casa que nos propaga: 

(bajo 
su soledad): 

contaminamos 
un 
deseo con el habla que nos excava 

— cotidianamente — 

acostarse 
entre las horas 
en 
la arena del iris:

cubriendo 
las fisuras que infestan mis asfixias: 

acepto el silencio que se dispersa (que nos esparce) 
siempre 
por las paredes — en las escaleras; en las laderas — 

del 
diafragma: hasta que un ritmo me reciba: 

también 
quién sabe, por fuera 
— sobretodo por fuera — de 
esta última inexistencia




CORPOS ONDE a cidade se repete: 
(depois 
de derramar antigas bocas sobre outra água): 

quase 
elidem alguns órgãos alarmados 

— em meio às ferragens — 

no casulo do 
calendário? 

contaminamos 
um 
espelho com a casa que nos propaga: 

(sob 
sua solidão): 

contaminamos 
um 
desejo com a fala que nos escava 

— cotidianamente — 

deitar 
entre as horas 
na 
areia da íris:

forrando 
as fissuras que infestam minhas asfixias: 

aceito o silêncio que se dispersa (que nos espalha) 
sempre 
pelas paredes — nas escadas; nas encostas — 

do 
diafragma: até um ritmo me receber: 

também 
quem sabe ao largo 
— sobretudo ao largo — desta 
última inexistência





SOBREVIVIMOS AL CALOR de despertar cerca de los ojos 
porque 
algunas ausencias se agravan 

— aun sin ostensiva pérdida ósea — 

logramos diluir 
un 
sueño encendido 

en 
el susto cuyas arcadas 

alinean 
nuestras 
fallas: 

(exponiendo el reposo 
todavía
difuso de la vocal que aviva 
la 
lluvia 

desenvuelta 

por 
la memoria 

inhumana):

el tiempo regresa a la frase
hasta 
ahora clavada 

como 
una branquia en la calma 

inhóspita 

de 
la casa: 

junto al resto 
de 
rostro que arrastro por el espanto: (¿anónimamente?): 

distribuir 
los 
titubeos sintácticos 
del 
trauma





SOBREVIVEMOS AO CALOR de acordar perto dos olhos 
porque 
algumas ausências se agravam 

— mesmo sem ostensiva perda óssea — 

conseguimos diluir 
um 
sono aceso 

no 
susto cujas arcadas 

alinham 
nossas 
lacunas: 

(expondo o repouso 
ainda 
difuso da vogal que aviva 
chuva desembrulhada 

pela 
memória 

inumana):

o tempo regressa à frase 
até 
agora fincada 

como 
uma guelra na calma 

inóspita 

da 
casa; 

junto ao resto 
de 
rosto que arrasto pelo espanto: (anonimamente?): 

distribuir 
as 
hesitações sintáticas 
do 
trauma




El calendario de los peces 

Solamente retengo, en un vano de voz, 
el calor 
— invertebrado — que nos rememora: 
sin 
detener sus residuos; 

retengo — porque repeler 
sería 
una manera de reduplicar — 

el calor 
que nos rememora, irradiando 
miasmas 
de otro diafragma: 

aun aquí, temo la urgencia 
del gesto 
al que retorno, sin embargo, 

con exhaustiva, 
inconveniente exactitud; 

aunque haya devuelto 
al dolor 
los sedimentos de una minuciosa anemia, 

permanezco
entre los ruidos 

de nuestro rejuvenecimiento: 

no lejos 
de las preguntas 

— todavía irascibles — que el tiempo, 
cuando 
desatento, recrudece: 

como 
parte de la noche 
— del bulbo de la noche — cuyas 
toxinas activan 

— desequilibrando — 

la potencia 
(hoy inaudible) 
del estupor 
(es paciente su desprecio)





O calendário dos peixes 

Apenas retenho, num vão de voz, 
o calor 
— invertebrado — que nos rememora: 
sem 
deter seus resíduos; 

retenho — porque repelir 
seria 
uma forma de reduplicar 

— o calor 
que nos rememora, irradiando 
miasmas 
de outro diafragma: 

mesmo aqui, temo a urgência 
do gesto 
a que retorno, no entanto, 

com exaustiva, 
inconveniente exatidão; 

apesar de ter devolvido 
à dor 
os sedimentos de uma minuciosa anemia, 

permaneço
entre os ruídos 

do nosso rejuvenescimento: 

não distante 
das perguntas 

— ainda irascíveis — que o tempo, 
quando 
desatento, recrudesce: 

como 
parte da noite 
— do bulbo da noite — cujas 
toxinas 
ativam 

— desequilibrando — 

a potência 
(hoje inaudível) 
do 
estupor 

(é paciente o seu desprezo)










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