Casé LONTRA MARQUES
Río de Janeiro, Brasil 1985)
Vive en Vitória (Espírito Santo). Ha publicado Indícios do dia (2011), Movo as mãos queimadas sob a água (2011), Saber o sol do esquecimento (2010), Quando apenas se aproximam os rumores de chuva (2009), A densidade do céu sobre a demolição (2009), Campo de ampliação (2009) y Mares inacabados (2008). Sus libros están disponibles electrónicamente en:
www.caselontramarques.blogspot.com.br.
Mora em Vitória (Espírito Santo). Publicou Indícios do dia (2011), Movo as mãos queimadas sob a água (2011), Saber o sol do esquecimento (2010), Quando apenas se aproximam os rumores de chuva (2009), A densidade do céu sobre a demolição (2009), Campo de ampliação (2009) e Mares inacabados (2008). Disponibiliza seus livros eletronicamente em: www.caselontramarques.blogspot.com.br.
Incluidos en Inventar la felicidad. Muestra de poesía brasileña reciente (Vallejo & Co. Internet, 2016, selec. de Fabricio Marques y Tarso de Melo, trad. de Fabrízia Ribeiro).
Sobre a poesia de Casé Lontra Marques
Casé Lontra Marques, em seus diversos livros e nos poemas aqui apresentados, tem como marca comum a sucessão de imagens escorregadias, que parecem se desfazer à vista do leitor quando ele se aproxima, como uma imagem que se desfizesse no ar ou a água a escapar entre os dedos. O poeta maneja «os objetos que prolongam o corpo,/ as letras/ que povoam// a página, os segundos// que precedem/ o sono», e revela os limites tênues entre corpo, casa, cidade e linguagem, sem temer os momentos em que tais limites se rompem. Ao contrário, a linguagem do poeta parece buscar justamente nas falhas de quaisquer fronteiras (do espaço, do tempo, da sensibilidade) o que tem a dizer, o que quer dizer, o que lhe importa dizer – «aceito o silêncio que se dispersa (que nos espalha)/ sempre/ pelas paredes – nas escadas; nas encostas –/ do/ diafragma». E é ali, no «vão da voz» a que ele nos convida, que sua poesia mora. [TdM] Traduções de poemas de Rafaela Scardino e Sebastián Huber.
Sobre la poesía de Casé Lontra Marques
Casé Lontra Marques, en sus varios libros y poemas aquí presentados, tiene como marca común la sucesión de imágenes resbaladizas, que parecen deshacerse a la vista del lector mientras este se acerca, como una imagen que se deshiciera en el aire o en el agua para huir entre los dedos. El poeta maneja «los objetos que alargan el cuerpo,/ las letras/ que pueblan// la página, los segundos// que preceden/ al sueño», y revela los límites tenues entre el cuerpo, el hogar, la ciudad y el lenguaje, sin temer a los momentos en los que se rompen esos límites. Más bien, el lenguaje del poeta parece buscar precisamente en los errores de las fronteras (del espacio, del tiempo, de la sensibilidad) lo que tiene a decir, lo que quiere decir, lo que le importa decir — «acepto el silencio que se dispersa (que nos esparce)/ siempre/ por las paredes — en las escaleras; en las laderas —/ del/ diafragma». Y es allí, en el «vano de la voz» al que él nos invita, que vive su poesía. [TdM] Traducciones de los poemas por Rafaela Scardino y Sebastián Huber.
Poemas
MIENTRAS PERDER sea habitar con exactitud:
esta
voluntad de habla — nuestro gesto ninguno —
nos seguirá impulsando: (nos seguirá oprimiendo):
¿manteniendo
los ruidos abiertos?
preparo otros márgenes
para
la incomodidad
que dejé descansar bajo
la
anemia
— aún insistir es principalmente una amenaza —
nuestras sedes
no
alcanzan a secuestrar
siempre
las
mismas
pantomimas:
nadamos (y nadamos y nadamos)
con
la tensión que antecede
— otra vez —
el reconocimiento
del
lapso donde encajar
(donde
enclavar)
un cuerpo;
aun
sin extinguir
esa
impaciencia:
¿por
qué yo no soportaría anochecer
también?
ENQUANTO PERDER for habitar com exatidão:
esta
vontade de fala — nosso gesto nenhum —
continuará a nos impelir: (continuará a nos oprimir):
mantendo
os ruídos abertos?
preparo outras margens
para
o incômodo
que deixarei descansar debaixo
da
anemia
— ainda insistir é principalmente uma ameaça —
nossas sedes
não
conseguem sequestrar
sempre
as mesmas
mímicas:
nadamos (e nadamos e nadamos)
com
a tensão que antecede
— de novo —
o reconhecimento
do
lapso onde encaixar
(onde
encravar)
um corpo;
mesmo
sem extinguir
essa
impaciência:
por
que eu não toleraria anoitecer
também?
CUERPOS DONDE la cuidad se repite:
(después
de chorrear antiguas bocas sobre otra agua):
¿casi
suprimen algunos órganos alarmados
— en medio del fierrerío —
en
el capullo del calendario?
contaminamos
un
espejo con la casa que nos propaga:
(bajo
su soledad):
contaminamos
un
deseo con el habla que nos excava
— cotidianamente —
acostarse
entre las horas
en
la arena del iris:
las fisuras que infestan mis asfixias:
acepto el silencio que se dispersa (que nos esparce)
siempre
por las paredes — en las escaleras; en las laderas —
del
diafragma: hasta que un ritmo me reciba:
también
quién sabe, por fuera
— sobretodo por fuera — de
esta última inexistencia
-
CORPOS ONDE a cidade se repete:
(depois
de derramar antigas bocas sobre outra água):
quase
elidem alguns órgãos alarmados
— em meio às ferragens —
no casulo do
calendário?
contaminamos
um
espelho com a casa que nos propaga:
(sob
sua solidão):
contaminamos
um
desejo com a fala que nos escava
— cotidianamente —
deitar
entre as horas
na
areia da íris:
forrando
as fissuras que infestam minhas asfixias:
aceito o silêncio que se dispersa (que nos espalha)
sempre
pelas paredes — nas escadas; nas encostas —
do
diafragma: até um ritmo me receber:
também
quem sabe ao largo
— sobretudo ao largo — desta
última inexistência
SOBREVIVIMOS AL CALOR de despertar cerca de los ojos
porque
algunas ausencias se agravan
— aun sin ostensiva pérdida ósea —
logramos diluir
un
sueño encendido
en
el susto cuyas arcadas
alinean
nuestras
fallas:
(exponiendo el reposo
todavía
difuso de la vocal que aviva
la
lluvia
desenvuelta
por
la memoria
inhumana):
el tiempo regresa a la frase
hasta
ahora clavada
como
una branquia en la calma
inhóspita
de
la casa:
junto al resto
de
rostro que arrastro por el espanto: (¿anónimamente?):
distribuir
los
titubeos sintácticos
del
trauma
SOBREVIVEMOS AO CALOR de acordar perto dos olhos
porque
algumas ausências se agravam
— mesmo sem ostensiva perda óssea —
conseguimos diluir
um
sono aceso
no
susto cujas arcadas
alinham
nossas
lacunas:
(expondo o repouso
ainda
difuso da vogal que aviva
a
chuva desembrulhada
pela
memória
inumana):
o tempo regressa à frase
até
agora fincada
como
uma guelra na calma
inóspita
da
casa;
junto ao resto
de
rosto que arrasto pelo espanto: (anonimamente?):
distribuir
as
hesitações sintáticas
do
trauma
El calendario de los peces
Solamente retengo, en un vano de voz,
el calor
— invertebrado — que nos rememora:
sin
detener sus residuos;
retengo — porque repeler
sería
una manera de reduplicar —
el calor
que nos rememora, irradiando
miasmas
de otro diafragma:
aun aquí, temo la urgencia
del gesto
al que retorno, sin embargo,
con exhaustiva,
inconveniente exactitud;
aunque haya devuelto
al dolor
los sedimentos de una minuciosa anemia,
permanezco
que nos rememora, irradiando
miasmas
de otro diafragma:
aun aquí, temo la urgencia
del gesto
al que retorno, sin embargo,
con exhaustiva,
inconveniente exactitud;
aunque haya devuelto
al dolor
los sedimentos de una minuciosa anemia,
permanezco
entre los ruidos
de nuestro rejuvenecimiento:
no lejos
de las preguntas
— todavía irascibles — que el tiempo,
cuando
desatento, recrudece:
como
parte de la noche
— del bulbo de la noche — cuyas
toxinas activan
— desequilibrando —
la potencia
(hoy inaudible)
del estupor
(es paciente su desprecio)
de nuestro rejuvenecimiento:
no lejos
de las preguntas
— todavía irascibles — que el tiempo,
cuando
desatento, recrudece:
como
parte de la noche
— del bulbo de la noche — cuyas
toxinas activan
— desequilibrando —
la potencia
(hoy inaudible)
del estupor
(es paciente su desprecio)
O calendário dos peixes
Apenas retenho, num vão de voz,
o calor
— invertebrado — que nos rememora:
sem
deter seus resíduos;
retenho — porque repelir
seria
uma forma de reduplicar
— o calor
que nos rememora, irradiando
miasmas
de outro diafragma:
mesmo aqui, temo a urgência
do gesto
a que retorno, no entanto,
com exaustiva,
inconveniente exatidão;
apesar de ter devolvido
à dor
os sedimentos de uma minuciosa anemia,
permaneço
Apenas retenho, num vão de voz,
o calor
— invertebrado — que nos rememora:
sem
deter seus resíduos;
retenho — porque repelir
seria
uma forma de reduplicar
— o calor
que nos rememora, irradiando
miasmas
de outro diafragma:
mesmo aqui, temo a urgência
do gesto
a que retorno, no entanto,
com exaustiva,
inconveniente exatidão;
apesar de ter devolvido
à dor
os sedimentos de uma minuciosa anemia,
permaneço
entre os ruídos
do nosso rejuvenescimento:
não distante
das perguntas
— ainda irascíveis — que o tempo,
quando
desatento, recrudesce:
como
parte da noite
— do bulbo da noite — cujas
toxinas
ativam
— desequilibrando —
a potência
(hoje inaudível)
do
estupor
(é paciente o seu desprezo)
do nosso rejuvenescimento:
não distante
das perguntas
— ainda irascíveis — que o tempo,
quando
desatento, recrudesce:
como
parte da noite
— do bulbo da noite — cujas
toxinas
ativam
— desequilibrando —
a potência
(hoje inaudível)
do
estupor
(é paciente o seu desprezo)
-
No hay comentarios:
Publicar un comentario