jueves, 26 de marzo de 2015

GRAÇA GRAÚNA [15.292]


GRAÇA GRAÚNA

Etnia Potiguara, Brasil
Escritora, ensayista, poeta. Tiene una maestria y doctorado en Letras en La Universidad
Federal de Pernambuco, Brasil. Hizo su posdoctorado en Educación Literatura y
Derechos Indígenas en la UMESP. Es profesora adjunta en la Universidade de Pernambuco. Coordina Proyectos de Literatura y Derechos Humanos. Es líder del Grupo de Estudios Comparados en Literaturas de Lengua Portuguesa, en la UPE. Responsable del blog
Tecido de vozes - questões indígenas 

Ha publicado

Canto mestizo (poemas, Ed. Blocos, RJ, 1999)
Tessituras da terra (poemas. Ediciones Mulheres Emergentes, Belo Horizonte, 2000)
Tear da palavra (poemas. Ediciones Mulheres Emergentes, Belo Horizonte, 2007)
Criaturas de Ñanderu (narrativa infanto-juvenil. Ed. Manole, SP, 2010) 
Organizadora del libro Direitos humanos em movimento (artigos, relatos. Recife, Ed. Edupe, 2011), entre otros



Caos climático

É temerário descartar
a memória das Águas
o grito da Terra
o chamado do Fogo
o clamor do Ar.

As folhas secas rangem sob os nossos pés.
Na ressonância o elo da nossa dor
em meio ao caos
a pavorosa imagem
de que somos capazes de expor
a nossa ganância
até não mais ouvir
nem mais chorar
nem meditar,
nem cantar...
só ganância, mais nada.

É temerário descartar
a memória das Águas
o grito da Terra
o chamado do Fogo
o clamor do Ar.




Caos climático

Es temerario descartar 
la memoria de las aguas
el grito de la tierra
el llamado del fuego
el clamor del aire

Las hojas secas crujen bajo nuestros pies
en la resonancia de nuestro dolor 
en medio del caos la pavorosa imagen
de que somos capaces de exponer nuestra ganancia

hasta no escuchar más
ni llorar, ni meditar 
ni cantar sólo ganancia 
y nada más

Es temerario descartar 
la memoria de las aguas
el grito de la tierra
el llamado del fuego
el clamor del aire





Manifesto –I

...fragmento que sou
da fúria no choque cultural,
aqui, manifesto o meu receio
de não conhecer mais de perto
o que ainda resta
do cheiro do mato
da água
do fogo
da terra e do ar 
Torno a dizer:
manifesto o meu receio
de não conhecer mais de perto
o cheiro da minha aldeia
onde ainda cunhantã
aprendi a ler a terra
sangrando por dentro.




Manifiesto I

…Fragmento soy
 de la furia en el choque cultural
aquí manifiesto mi recelo
de no conocer más de cerca
lo que aún queda
del olor de la selva
del agua, el fuego
la tierra y el aire
Vuelvo a decir:
manifiesto mi recelo
de no conocer más de cerca
el olor de mi aldea
donde todavía joven
aprendí a leer la tierra
sangrando por dentro




Poética da autonomia

I

Minha voz tem outra semântica
outra música. Neste ritmo
falo da resistência
da indignação
da justa ira dos traídos
e dos enganados


II 

Apesar de tudo, 
jamais temer de apostar 
na esperança
na palavra do outro
na seriedade
na amorosidade
na luta em que se aprende
o valor e a importância da raiva.
Jamais temer de apostar demasiado
na liberdade


III 

Apesar de tudo,
cabe o direito de sonhar de estar no mundo
a favor da esperança
que nos anima.




Poética de la autonomía

I

Mi voz tiene otra semántica
otra música. En este ritmo
hablo de la resistencia
de la indignación
de la justa ira de los traicionados
y los engañados


II 

A pesar de todo 
jamás temeré apostar por la esperanza
por la palabra del otro
por la seriedad
la amorosidad en la lucha
en que se aprende el valor de la rabia.
Jamás temamos apostar demasiado
por la libertad


III

A pesar de todo
cabe el derecho de soñar de estar en el mundo 
a favor de la esperanza
que nos anima.





Canción peregrina

I

Yo canto el dolor desde el exilio
tejiendo un collar de muchas historias
y diferentes etnias.


II

En cada parto
y canción de partida
a la Madre-Tierra pido refugio
al Hermano-Sol más energía
y a la Luna-Hermana
pido permiso (poético)
a fin de calentar tambores
y tejer un collar de muchas historias
y diferentes etnias.


III

Las piedras de mi collar son historia y memoria
del flujo del espíritu
de montañas y riachos
de lagos y cordilleras
de hermanos y hermanas
en los desiertos de la ciudad
o en el seno de los bosques.


IV

Son las piedras de mi collar y los colores de mis guías:
amarillo
rojo
blanco
y negro
de Norte a Sur 
de Este a Oeste
de Amerindia o Latinoamérica
pueblos excluidos.


V

Yo tengo un collar de muchas historias
y diferentes etnias.
Si no lo reconocen, paciencia.

Nosotros habremos de continuar gritando
la angustia acumulada
hace más de 500 años.


VI

¿Y si nos echasen al viento?
yo no temeré,
nosotros no temeremos.
¡Sí! Antes del exilio
nuestro Hermano-Viento
conduce nuestras alas
al sagrado círculo
donde la amalgama del saber de viejos y niños
hace eco en los sueños
de los excluidos.


VII

Yo tengo un collar de muchas historias
y diferentes etnias.

Poema escrito originalmente en español 






O GUARANI

Sepé Tiaraju foi um guerreiro 
defendeu com a vida o rincão 
a caça, a pesca e o plantio 
do guarani contra a invasão 

Da real história poucos sabem 
o que se deu no século dezoito. 
Sepé Tiaraju morto em combate 
em nome da cultura do seu povo. 

Junto a mil e quinhentos guaranis 
afirmando que “esta terra já tem dono”. 
na luta contra o mal ele morreu 

Mas contam lá em São Miguel 
quando a noite parece mais pituma 
o guerreiro Sepé vira uma estrela 

(Nordeste do Brasil, agosto de 2009)





ALMAS PEREGRINAS

Entre as histórias mais belas 
do Rio Grande do Sul 
é impossível esquecer 
a canção de amor e morte 
de Pulquéria e Tiaraju. 

Na antiga São Miguel 
com a lua por testemunha 
em meio a flores silvestres 
e os cantares dos pássaros 
se encontram os amantes. 

É um amor tão bonito 
que Ñanderu nos faz ver 
o que há de mais sagrado 
na história de Pulquéria 
e o seu amor por Sepé. 

Foi na Guerra das Missões 
que o amado parente 
enfrentou as duras penas 
que as lágrimas de Pulquéria 
deram luz a uma nascente 

Diz a lenda que Pulquéria 
no rio ainda se banha 
enquanto o guerreiro amado 
segue o Cruzeiro do Sul 
quando a noite é mais pituma. 

(Nordeste do Brasil, agosto de 2009)





DEMASIADO

               (para Hideraldo Montenegro) 

humano 
é poder apalpar o universo, 
ainda que de longe 
e sem fronteiras. 

Consciente desta possibilidade, 
o poeta expõe a solidão 
tatuada em seu silêncio.





SABOR DAS PALAVRAS

Hoje acordei com saudades 
de saborear palavras 
vindas lá do Amazonas 
nos versos de um amigo 
que agora no céu faz a festa 
anjo bom Aníbal Beça 

(Nordeste do Brasil, 30 de agosto de 2009)





CARTOGRAFIA DO IMAGINÁRIO 

               (para Ivan Maia, Leila Miccolis, Márcia Sanches e  Urha) 

...do meio da noite 
ao meio do dia 
o espanto do universo 
retalhado em fatias 
alimenta o poema 
e a vertiginosa fome de vencer 
o intrincado mundo das palavras 
da noite ao meio dia 
(a)talhos e fatias 
dos muitos caminhos do mundo 
alimentam 
a cartografia do imaginário 
do corpoema 

(Nordeste do Brasil, 1999)





UMA CHANCE À PAZ 

               (pensando em John Lennon) 

O silêncio nos acompanha 
resmunga 
diz que envelheceu 
e que só alguns loucos tentam escutá-lo. 

O silêncio reclama 
diz que são raros 
os que ousam tocá-lo 
e continuam se perguntando: 
— todos dormem ou fingem que estão mortos? 

Imagine 
um silêncio de fel sobre o gelo fino 

(Nordeste do Brasil, 8 de dezembro de 2009)






2 comentarios:

  1. Poetamigo Fernando Sánchez: dizer obrigada é muito pouco diante da preciosa atenção que vem de você. Gracias, gracias mil por compartilhar meus escritos. Pode contar sempre comigo. Saudações indígenas, Graça Graúna (Brasil)

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  2. Poetamigo Fernando Sánchez: dizer obrigada é muito pouco diante da preciosa atenção que vem de você. Gracias, gracias mil por compartilhar meus escritos. Pode contar sempre comigo. Saudações indígenas, Graça Graúna (Brasil)

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