miércoles, 27 de abril de 2016

JOÃO LUÍS BARRETO GUIMARÃES [18.529]


JOÃO LUÍS BARRETO GUIMARÃES

Nacido en Oporto, Portugal el 3 de junio de 1967. Vive en Leca da Palmeira. Tiene una hija. Se graduó en Medicina y Cirugía por la Universidad de Oporto, especialista en Cirugía Plástica, Estética y Reconstructiva en el Hospital de Vila Nova de Gaia. Divide su tiempo entre Leca da Palmeira y Venade. 

Publicó el primer libro de poemas Há Violinos na Tribo, en 1989, que fue seguido por Rua Trinta e Um de Fevereiro (1991), Este Lado para Cima (1994), Lugares Comuns (2000), 3 (poesia 1987-1994), em 2001, Rés-do-Chão (2003), Luz Última (2006) e A Parte pelo Todo (2009). Poesia Reunida acerca a los siete libros que componen su trabajo publicado hasta la fecha.


LAS CALLES ESTÁN ENCENDIDAS

We all have credit,
said the bankers.
A matter of faith.
H.M. Enzenberger.

Para Alexandra y Ricardo


En la
puerta del Deutsche Bank (al lado de
Jean Valjean) una pareja de enamorados se reúne
en un abrazo. Por un momento creen en
el arte de un nuevo comienzo
en un país donde el ministro desiste
de inaugurar las ruinas
de sus sueños. Lejos en los ríos de Europa
fluye una linfa común
(como la grieta en la pared que duda en avanzar
corrigiendo error-a-error su
propio camino). Mientras los jóvenes se abrazan
el lucro les pasa al lado-
se suspenden los días tristes en este país periférico
sin esperanza ni remordimiento, donde
Europa pasa las vacaciones. En la puerta del Deutsche Bank
sólo tiene crédito la ilusión
luego todo acabará en un depósito
de amor.

Publicado en el semanario Expresso, el día 24 de Octubre de 2015
Pertenece al libro inédito “Mediterrâneo”, de próxima publicación por Quetzal editores
de la traducción: Santiago Aguaded Landero



AS RUAS ESTÃO ACESAS

À Alexandra e ao Ricardo

We all have credit,
said the bankers.
A matter of faith.
Hans Magnus  Enzenberger.


À porta do deutsche bank (ao lado de
Jean Valjean) um casal de namorados reúne-se
num abraço. Por instantes acreditam na
arte do recomeço -
num pais onde o ministro desista de
inaugurar as ruínas
dos seus sonhos. Longe nos rios da Europa
corre uma linfa comum
(como a fenda na parede hesitando ao avançar
corrigindo erro-a-erro o seu
própio percurso). Enquanto os jovens se abraçam
o ágio passa-lhes ao lado
suspendem-se os dias tristes neste país periférico
sem esperança nem remorsos onde
a Europa passa férias. À porta de Deutsche Bank
só tem crédito a ilusão
logo tudo acabará num depósito
de amor.



Decepção à Regra

Sentar-me e 
ver os outros passar é o 
meu exercício favorito. Entretém. 
Não esgota. 
É gratuito. Neste meu jogo-do-não 
são os outros que passam 
(é aos outros que reservo a tarefa 
de passar). Lavo daí os pés. 
Escrevo de dentro da vida. 
Pode até parecer que assim não 
chego a lugar algum mas também quem 
é que quer ir 
ao sítio dos outros? 

in 'Luz Última' 




Mil Escudos

                            6A23742907 
                            Mil Escudos 
                                  ch.12 
         Lisboa, 6 de Fevereiro de 1992 

podia jurar que já tive esta nota na 
mão gostava mais das de cem (Bocage 
sempre era poeta) um de nós nunca 
esquecia bigodes e cicatrizes sobre 

o seu carão moreno assinando o curto 
nome pelo banco de Portugal nomeando 
nosso Bocage governador por uns dias. 

a nota de mil amanhã será como a 
tangerina (há tanto tempo na terrina 
caiu na classe dos frutos secos). 

vem aí outro dinheiro (aposto: vai 
ser azul) guardo esta nota antiga na 
caixa da ilusão esta nota é um país 
em vias de extinção 

in 'Este Lado para Cima' 




As Empregadas Fabris

Arregaçam a manhã (as empregadas fabris) 
pernas como tesouras 
recortando a calçada 
ferem o lenho da mesa com 
sortes 
de boletim. Uma sirene as trouxe aqui 
(às 
empregadas febris) 
ancas de esboço perfeito sob 
vestes de operária 
tocam umas nas outras como 
inda fossem meninas mas a 
delas que vai noivar já 
traz o primeiro a caminho. E 
quando o cigarro se apaga 
(ou a 
cerveja se escoa) o 
que resta é a dor da tarde 
que nem esta chuva afaga 
gasóleo dos rapazes que 
lhes cantam a cantiga e 
as tomam pela cintura. Um 
foguete fecha a festa 
(pelo lado de dentro da coxa) 
há nelas a incerteza de 
não saberem se são 
incompletamente infelizes. 

in 'Rés-do-Chão' 



Acto de Contrição

Pela luz rara da garagem dois vultos 
vão pôr o lixo. São velhos desconhecidos. Um 
ao outro dão passagem (a 
máscara de um cumprimento) esquivos na 
escatológica arqueologia das misérias. 
Homens de lixo na mão: exímios 
a ocultar 
versos da vida doméstica (quando 
o gesto liso cabe ao avental abundante que os 
devolve a casa). Há 
em todo esse agravo uma redenção ferida 
(um juízo resolvido) como que um 
indulto lento. 

in 'Luz Última' 



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