lunes, 26 de noviembre de 2012

FERNANDO FÁBIO FIORESE FURTADO [8568]




Fernando Fábio Fiorese Furtado
(Pirapetinga, Brasil, 1963)
Es profesor de Comunicación y Arte en la Universidad Federal de Juiz de Fora (UFJF), donde reside desde 1972. Fue fundador de las revistas de poesía Abra Alas y D’lira.

OBRA:

POESÍA:

Corpo portátil (2002).
Ossário do mito. Juiz de Fora : edições d'lira, 1990
Exercícios de vertigem & outros poemas. São Paulo : J. Scortecci, 1985.
Leia, não é cartomante. Juiz de Fora : Ed. Autor, 1982.

CUENTO:

"Kênia, a Egýphcia"/"Balões incendiários". In: Os olhos de Luna e outros contos. Uberlândia : UFU, 1984.

ENSAYO:

Trem e cinema: Buster Keaton on the railroad. São Paulo : Cone Sul, 1998.
"A literatura na cena finissecular". In: Globalização e literatura. Rio de Janeiro : Relume-Dumará, 1999.
"Murilo nas cidades: os horizontes portáteis da modernidade". In: A poética das cidades. Rio de Janeiro : Relume-Dumará, 1999. 





Como deshacer equipajes

Como quien al viajar
Demora el acomodarse
Al clima, al horario,
A las vocales de otra sintaxis,
También extraña el escribir
Si muda de paisaje.

Como quien al viajar,
Aligera lo que carga:
diccionarios, pasajes
Y alguna muda de ropa,
También exige escribir
Aprender a descartarse.

Como quien al viajar
Poco o nada descifra
De la ciudad-manuscrito
(Deletreando mal las esquinas)
También escribir enseña,
Lo de menos es encontrarse.

Como quien al viajar
Evita, cuando lo sabe,
Los reclamos del fósil,
De lo que adrede es fausto,
También prefiere escribir
Aquello que se da sin salvas.

Como quien al viajar
Sabe el placer de andar
Sin dirección ni edad,
Con la ropa arrugada,
También comparte escribir
Ese cuerpo sin alas.

Como quien al viajar,
Para regresar a la ventana
Donde una niña le sonriera,
Aplazaría el embarque,
También alcanza escribir
Los vestigios de ese día.

Como quien al viajar,
De las maletas hace relicario
De rostros, ruidos y mares,
De balas, libros y ácidos,
Escribir también sería
Como deshacer equipajes.

Este poema pertenece a Corpo portátil (2002).
Traducción: Ángel Gómez Espada

"Corpo portátil" de Fernando Fábio Fiorese Furtado


Como desfazer bagagens

Como quem de viagem
Demora a acomodar-se
Ao clima, ao horario, 
Às vogais de outra sintaxe,
Tambén escrever estranha
Quando muda de paisagem.

Como quem de viagem,
O que carrega apouca
A dicionários, passagens
E alguna muda de roupa,
Tambén escrever exigem
Aprender a descartar-se

Como quem de viagem
Pouco ou nada decifra
Do manuscrito-cidade
(mal soletra as esquinas),
Tambén escrever ensina,
Menos importa encontrar-se.

Como quem de viagem
Evita, quando sabe,
Os apelos do fóssil,
Do que é fausto adrede,
Tambén escrever estranha
O que se dá sem salvas.

Como quem de viagem
Sabe o prazer de andar
Sem endereço ou idade,
Com a roupa amassada,
Tambén escrever comparte
Esse corpo sem abas.

Como quem de viagem,
Para rever a janela onde
Lhe sorriu uma criança,
O embarque adiaria,
Tambén escrever alcança
Os vestígios desse dia

Como quem de viagem,
Das malas faz relicario
De rostos, ruídos e mares,
De balas, livros e ácidos, 
Escrever tambén seria
Como desfazer bagagens.



Extraídos de la 
ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA 
Org. Trad. de Xosé Lois García
Santiago de Compostela: Edicións Laiovento, 2001.



MAÑANA

en la claridad del patio
nada se mueve.

apenas el mármol de las columnas
lucha con el viento.

todo el suelo anuncia la caída
la palabra hiende la mañana.

de la sombra emigrado
me entrego al desastre del viento.

ah, el azul
el azul me desampara.




MANHÃ

na claridade do pátio
nada se move.

apenas o mármore das colunas
duela com o vento.

todo o solo prenuncia a queda
a palavra que fenda a manhã.

emigrado da sombra
me entrego ao desgaste do vento.

ah o azul
o azul me desampara.





MALDICIÓN

         Bueno mismo
era vivir en un lugar
—Nossa Senhora dos Remedios,
São Tomé das Letras,
Dores do Turvo —
cultivar violetas y helechos
y hacer del itinerario de los peces
mi mística.
                            Y no
quedar puliendo los huesos del mito.





DANAÇÃO

         Bom mesmo
Era morar num lugar de nome bonito
— Nossa Senhora dos Remédios,
São Tomé das Letras,
Dores do Turvo —
cultivar violetas e samambaias
e fazer do itinerário dos peixes
minha mística.
                            E não
ficar polindo os ossos do mito.





MUJER DURMIENDO

apenas el alma duerme
el cuerpo insomne
                   trabaja
los minerales del sueño
                   sustenta el pánico
el naufragio
en la penumbra
                   fuego y hierba
los músculos bailan
apoyados en la nada

los ojos no
los ojos sueñan
         a la sombra del alma
 y sobreviven
                   al diluvio.




MULHER DORMINDO

apenas a alma dorme
o corpo insone
                   trabalha
os minérios do sono
                   sustenta o pânico
o naufrágio
na penumbra
                   fogo e relva
os músculos dançam
debruçados sobre o nada

os olhos não
os olhos sonham
         a sombra da alma
— e sobrevivem
                   ao dilúvio.




Y QUISIERA DESHUESAR LAS MÁSCARAS
(LA SIBILA)

Y quisiera deshuesar las máscaras
del misterio que, bajo las esporas,
resiste, y me desafía a existir
cuando el desamparo me desposa.

Pero todo lo que desvelo son desiertos.
No hay fuga, habito las distancias.
El silencio urge y me despierta
para el inventario de sus lanzas.

He ahí el cactus, la serpiente y la piedra.
Toda brutalidad se aproxima,
en mis labios ningún dios vocifera.

Aquí, todo lo que digo es diferente,
la palabra circula bajo la confusión
y, como antes del declive, resplandece.

                  Ossário do Mito (1990)




Y QUISERA DESCARNAR AS MÁSCARAS
(A SIBILA)

E quisera descarnar as máscaras
do mistério que, mesmo sob esporas,
resiste, e me desafia a existir
quando o desamparo me desposa.

Mas tudo que desvelo são desertos.
Não há fuga, habito as distâncias.
O silêncio urge e me desperta
para o inventário de suas lanças.

Eis o cacto, a serpente e a pedra.
Toda brutalidade se avizinha,
em meus lábios nenhum deus vocifera.

Aqui, tudo que digo é diferente,
a palavra circula sob o turvo
e, como antes da queda, esplende. 

                   Ossário do Mito (1990)





Manhã

na claridade do pátio 
nada se move.

apenas o mármore das colunas
duela com o vento.

todo o solo prenuncia a queda
a palavra que fenda a manhã.

emigrado da sombra
me entrego ao desgaste do vento.

ah o azul
o azul me desampara.






Mulher Dormindo

apenas a alma dorme
o corpo insone
trabalha
os minérios do sono
sustenta o pânico
o naufrágio
na penumbra
fogo e relva
os músculos dançam
debruçados sobre o nada

os olhos não
os olhos sonham
à sombra da alma
- e sobrevivem
ao dilúvio





A Casa

na rua da casa não passe.
o futuro será póstumo

a fachada da Casa não olhe.
os olhos serão outros

na calçada da Casa não pise.
a terra será queda

os frutos da Casa não coma.
dentro as paixões disparam

aos viventes da Casa não fale.
qualquer palavra é rendição

os cômodos da Casa não visite.
os gatos enlouquecem de tanta beleza

na Casa eu vivo.
os ausentes são minha família






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