jueves, 22 de noviembre de 2012

FABRICIA MIRANDA [8507]




Fabricia Miranda nació en la ciudad de Río de Janeiro, BRASIL el 1 de marzo de 1979, y se trasladó a Salvador / BA en 1984. Formada en UFBA literatura vernácula, durante su graduación trabajó como becaria de investigación (CNPq) en el área de Teoría de la Literatura y ganó el premio al mejor trabajo del Área de Letras, Artes y estudiante de Lingüística Seminario de Investigación en UFBA en 2003. En 2002, Braskem recibe el Premio de Literatura, autores inéditos de poesía por el libro Ritos de Espelho. 
En 2004 fue invitada a unirse a la colección audiovisual  Mídia Poesia II. Bienal del Libro en 2005, en Salvador, participa en el encuentro con los lectores en los proyectos   Café Literario   y   Puerto de la Poesía.   En 2006, el texto Poema de Mulher em Período Fértil resultó clasificado entre los 20 mejores textos inéditos en el XI Concurso Nacional de Poesía Francisco Iglesia, la Asociación Profesional de Poetas del Estado de Río de Janeiro - APPERJ. En 2009 participa de nuevo la Bienal del Libro de Salvador. Este año, el ensayo crítico Ritos de Espelho: o sujeito amante no espelho, na poesia de Fabrícia Miranda del Profesor de Literatura Brasileña (UFBA) Welton José Ferreira dos Santos, se presentó en la Academia de Artes de Bahía. En 2011, participa en la X Bienal do Livro.



CHARLA DE COMADRES

Maté a ese hombre con un cuchillo de acero
La vida es así, m`hija
Si algo cuesta, se le mete un Tramontina!.




Insomnia

Sería feliz si pudiese dormir. Esta opinión
es de este momento, porque no duermo.
Tengo una indigestión en el alma.
Fernando Pessoa

La pasión es esa ciudad forjada con alfileres.
Hay una puerta, y yo me niego.
Tanto me costó coser mis córneas,
Cargar mis pies casi en necrosis…
Y caminar sobre los huesos de mis granos.
Cierro las puertas tras de mí, por donde paso
Y voy oyendo los golpes
Perturbadores de un amigo
- Soy extraña! Me abandonan todos!
Mi grito y una súplica que miente.
No tengo dios al cual llevar mi alma.
Apenas sonrío a mis abuelos, de manos erguidas:
- Si, [Dios], creo!
Y ellos siguen en paz hacia la muerte.
Continúo.
Pasillos, salones de baile, catacumbas.
Cierro las puertas.
Y todos los amigos me piden noticias.






Baúl de los recuerdos I

Dejo a quien le interese
todas las bocas que no besé
pues ya di el de la suerte.
Dejo la mancha de pintalabios que no sale
en tu copa de vino seco.
Dejo un nombre secreto para cada amigo
una sonrisa sobre la cabeza envejecida de mi madre
y un espejo en que mi hermano se vea bello.





O PRESÉPIO*
(os presentes – a estrebaria – a estrela movente)


I

O morto na paisagem está diante do sol.
Ainda há pouco, seus recentes, honestos amigos vieram de visita
Trazendo os últimos acontecimentos esportivos
E as saudações sinuosas das namoradas que tivera e que ainda eram quase presentes.
E foram tão pouco, mas estavam sempre sorrindo e joviais entre os cabelos.
Recebera também a irmã e, com ela, a infância e alguns pasteizinhos
Do céu da mãe enferma cobrando visitas.
Adolescentes que passavam trouxeram excitações dos últimos filmes
E revistas de cenas indecentes, e era plena tarde.

Plena a tarde do morto diante do sol na paisagem.
Lembrara-se da eterna diva, do desejo de antes, e de como era o corpo na cama.
Mas o corpo exatamente, alimentado, limpo, escanhoado, e que é vestido
De linho e caxemira para a comunhão. 
E um que era pequeno, esguio e branco numa caixa de música, varanda e claraboia
Que, em torno do eixo, era viva no abrir da porta.
Então quase dormiu por imitar como se encolhem as pernas, no sono.



II

Na paisagem, o morto era apenas ideia fustigada. E eterno o fenômeno do sol.
Animais de pastagem passaram moles, cheios de massa.
Animais de carga passaram velhos de sacrifícios - e dignos por conhecerem a chuva -, e o sol, ]
na paisagem acontecendo, derretia o espaço de terra e calor suspenso
em que as rodas rolam gelatinosas desfazendo-se
sobre o caminho por onde todos passaram pretejando o mato,
vergando o talo daquilo que, sendo verde, precisa suster.

Nenhuma noite mais alivia a paisagem e o morto de ideias.
E o sol dá continuidade ao que, aos poucos, na paisagem se extingue.
O morto na paisagem cataloga todas as coisas últimas que o sol abate.
O leão teve toda uma página, apenas um e último leão. Entre dez repetições da palavra juba. ]
Entre vinte repetições da palavra urro. Uma ocorrência da palavra carne.
O cão, especialíssimo, teve verbete ilustrado e, aos pés do morto, adormeceu na paisagem.]



III

O morto na paisagem está rijo em meio-fraque, circundado de crescente e perfumosa mirra, aguardando]
O rastilho em guipure e pérola do longo véu da última chegada.
Essa que passou e já vai longe – então liberta do cruel
Eixo imóvel de dez mil livros em brochura empilhados
(de vozes insistentes nas lombadas, tal rostos
de família suspensos num corredor que nos leva à espiral da escada,
a suscitar a memória que se guarda sem ser nossa, e, junto, toda a casa
pendente sobre a cabeça em fadiga e íntimo romance biográfico)
Pela pequena caixa de quarto e sala em que reinava, esguia e branca,
A mulher dos sonhos, envolta em arminho, varanda e claraboia;
Desde sempre esgueirando o vazio deixado aos seus cuidados, silenciosa como
Algum vago, baço pensamento a mais de alguém que existe, sob o sol na paisagem, fustigado.]
Essa lembrança que, inferno e mármore, resiste a toda história –
E segue de ossos fracos, ao cruzar a porta.

(*Poema inédito gentilmente cedido pela autora)



O LOUCO, O AMOR E A MÁQUINA

O louco diz nomes feios aos carros que passam.
A máquina é insensível no destino de guiar
                                      - pensa o louco;
que era profeta do mundo
                          e curandeiro de estradas.
Agora o sol queima-lhe os pensamentos,
a chuva desbota seus demônios
e tudo mais é zombaria.
Mas o louco calça sapatos de festa
                            e dança pelas marquises;
seus dedos apontam encruzilhadas.
O louco diz que é santo
mas a moça que desce a ladeira não passa.
Ele sabe que dói o amor
e para o louco, o amor é navalha
                            que traz o tétano.
A moça fala francês:
- Comment tu t’appelles? – o louco pergunta
Porque é o único francês de seus livros sem páginas.
O louco sonha,
                   a moça lhe sorri de um avião:
- Je m’appelle, je m’appelle... – ela responde
                                               a frase pela metade,
                   mas ele não sabe
E sorri repetindo:
- Je m’appelle, je m’appelle, quando voltas?
Há notícias de crimes passionais
no jornal com que ele se agasalha;
mas o louco já nem se lembra de tantas palavras...
(Je m’appelle, je m’appelle, quando voltas?)

         E lhe retalha a navalha.

(do livro Ritos de Espelho)





DO MOMENTO
(poema para o que é eterno)

Na parede, o relógio é pássaro doce.
Escolho (para mim) as horas certas.
Minha mão se esgarça
e nos dedos as unhas parecem esquecidas;
crustáceos pré-históricos.
É tarde, o caranguejo de sombra morde a carne
Com pinças metálicas.
Me metalizo como vozes de abelhas pretas.
Meu olho é entre a fechadura.
Vejo o eterno sem pressa.
O armário abafa o tempo
E guarda um girassol num guarda-chuva.
No chão, os pequenos números romanos fazem
Ciranda.

(do livro Ritos de Espelho)




Je m’appelle, je m’appelle, quando voltas?
Há notícias de crimes passionais
no jornal com que ele se agasalha;
mas o louco já nem se lembra de tantas palavras...
(Je m’appelle, je m’appelle, quando voltas?)

         E lhe retalha a navalha.

(do livro Ritos de Espelho)





DO MOMENTO
(poema para o que é eterno)

Na parede, o relógio é pássaro doce.
Escolho (para mim) as horas certas.
Minha mão se esgarça
e nos dedos as unhas parecem esquecidas;
crustáceos pré-históricos.
É tarde, o caranguejo de sombra morde a carne
Com pinças metálicas.
Me metalizo como vozes de abelhas pretas.
Meu olho é entre a fechadura.
Vejo o eterno sem pressa.
O armário abafa o tempo
E guarda um girassol num guarda-chuva.
No chão, os pequenos números romanos fazem
Ciranda.

(do livro Ritos de Espelho)
  



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