lunes, 29 de junio de 2015

JOSÉ VIALE MOUTINHO [16.387] Poeta de Portugal


José Viale MOUTINHO

(Funchal - Isla de Madeira, 1945). Licenciado en Historia, fue periodista durante 40 años. Narrador, poeta, dramaturgo, ensayista e investigador sobre temas como la Guerra Civil Española, los Campos de Exterminio Nazis y la Literatura Popular Portuguesa, además de autor de una extensa obra de libros para niños.

Miembro honorario de la Real Academia Galega, entre otros galardones, recibió el Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco, Menção Honrosa do Prémio do Grémio Literário de Lisboa, Prémio de Reportagem Norberto Lopes, de la Casa da Imprensa de Lisboa, Prémio del PEN Club de Galicia y Prémios Edmundo de Bettencourt de Poesía y de Cuento. Ha desarrollado una intensa actividad en el movimiento asociativo cultural, habiendo sido director de la Associação Portuguesa de Escritores, Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, Teatro Experimental do Porto y Sociedade Portuguesa de Etnologia e Antropologia.

Gran parte de su obra se encuentra traducida al castellano, ruso, esloveno, alemán, italiano, gallego y húngaro, además de haber sido editada también en Brasil. Sus piezas de teatro A noite de Ravensbruck e Histórias da Deserta Grande fueron llevadas a escena por compañías profesionales, habiendo publicado también Representações Domésticas y Teatro depressinha. Tras No Pasarán!, Trincheiras y Nas Cinzas do Inferno, ha publicado un nuevo libro sobre la Guerra Civil y el holocausto, Primeira Linha de Fogo. Sus títulos más recientes son las narraciones Los Moros, Pavana para Isabella de França, Destruição de um Jardim Romântico y Velhos Deuses Empalhados. Su poesía está recogida
en el volumen Sombra de Cavaleiro Andante, a la que siguieron Ocasos de Iluminação Variável y São coisas tais efeitos só do acaso?. En el terreno ensayístico, destaca su obra monumental Camilo Castelo Branco: Memórias Fotobiográficas, en torno a uno de sus
autores preferidos. Fue también responsable de la Literatura Gallega en la obra fundamental Dicionário de Literatura (Actualização), dirigida por Jacinto do Prado Coelho.

Publicações:

NATUREZA MORTA ILUMINADA. Conto. Porto, Gémeos, 1968. 
NO PAÍS DAS LÁGRIMAS. Contos. Porto, Paisagem, 1972; 2ª ed.:, revista e aumentada, Porto, Asa, 2003. Trad. castelhana. Trad. parcial búlgara. 
O JOGO DO SÉRIO. Contos. Porto, Livraria Paisagem, 1974. 
HISTÓRIAS DO TEMPO DA OUTRA SENHORA. Contos. Porto, Latitude, 1974. 2ª ed.: Lisboa, Ulmeiro, 1985; 3ª ed., revista e aumentada, Lisboa, Ed. Esfera do Caos, 2007. Trad. parcial asturiana. 
UN ABRIL EN PORTUGAL. Narrativa. Madrid: Ed. Júcar, 1974. 
JOSÉ AFONSO. Ensaio e antologia. Madrid, Júcar, 1975. 
CABEÇA DE PORCO. Contos. Lisboa, Forja, 1976. Trad. parcial castelhana. 
MANHAS DE GATO PARDO. Para crianças. Lisboa, Plátano Editora, 1977. 
O ADIVINHÃO. Para crianças. PORTO, Ed. Afrontamento, 1979, 6ª ed. 
CRÓNICA DO CERCO. Poemas. Lisboa, Ed. O Malho, 1978. Prémio Júlio Pereira de Matos, da Casa da Imprensa de Lisboa. 
APENAS UMA ESTATUA EQUESTRE NA PRAÇA DA LIBERDADE. Contos. Porto, Ed. Nova Critica, 1978. 2ª ed. revista e aumentada: Porto, Campo das Letras, 2002. 2ª ed., revista e aumentada. 
OS LAÇOS. Poema. Porto, Inova, 1979. 
QUARTETO DE VIAGENS E PAIXÕES. Poemas. Lisboa, Arcádia, 1980. 
ENTRE POVO E PRINCIPAIS. Romance. Amadora, Bertrand, 1981; 2ª ed., revista. VN de Gaia, Ausência, 2003.
CORREM TURVAS AS ÁGUAS DESTE RIO. Poemas. Lisboa, Guimarães Editores. 1982. 
OS TÚMULOS. Poemas. Porto, Fantasporto. 1984. 
SOBRE ANTÓNIO FOGAÇA. Estudo. Separata da Barcellos-Revista, Barcelos, 1984. 
5 CARTAS INÉDITAS DE CAMILO A FERNANDO CASTIÇO. Separata de Boletim da Casa de Camilo, VN de Famalicão, 1984. 
INÉDITOS DE TRINDADE COELHO COM INTERESSE ETNOGRÁFICO. Separata de Trabalhos de Antropologia e Etnologia, Porto, 1985. 
O RUDE TEMPO. Poemas. Ed. Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto. 1985. 
MÁSCARAS VENEZIANAS. Poemas. Porto, Cadernos da Rua Escura. 1985. 
PIANO BAR. Poemas. Lisboa, Caminho. 1986. 
MÁSCARAS VENEZIANAS. Poemas. Porto, Cadernos da Rua Escura, 1987. Trad. asturiana. 
TERRA E CANTO DE TODOS: VIDA E TRABALHO NO CANCIONEIRO POPULAR PORTUGUÊS. Porto, Ed. Domingos Barreira. 1987. 
ADIVINHAS POPULARES PORTUGUESAS. Porto, Ed. Domingos Barreira, 1988. 7ª ed. Casa das Letras, 2005. 
ROMANCEIRO DA TERRA MORTA. Contos. Lisboa, Caminho, 1988; 2ª ed.: Lisboa, Planeta d’Agostini, 2001. 
TORRE DE MENAGEM. Conto. Porto, Árvore, 1988. 
ARQUEOLOGIA DA TERRA PROMETIDA. Contos. Lisboa: Euroclube do Livro, 1989. 
RETRATO DE BRAÇOS CRUZADOS. Poemas. Lisboa, Caminho, 1989. 
AREIAS ONDE GREGOS SE PERDEM. Poemas. A Corunha, Ed. Espiral Maior, 1989. 
O CAPÍTULO ESPANHOL DAS TRADUÇÕES DAS OBRAS DE CAMILO. Separata de Bibliotheca Portucalensis, Porto, II Série, nr. 5, 1990. 
As portas entreabertas ( Poesia 1975 – 1985). Ponta Delgada, Signo, 1990. 
UN CABALLO EN LA NIEBLA. Poemas. Trad. castelhana e antologia. Saragoza, Olifante Ediciones de Poesia, 1992. 
PAVANA PARA ISABELLA DE FRANÇA. Contos. Lisboa, Difel, 1992; 2ª ed.: Porto, Afrontamento, 2007. Trad. parcial italiana. 
CAMIÑANDO SOBRE AS AUGAS. Contos. Trad. galega. Vigo (Galiza/Estado Espanhol), Xerais, 1993. 
PANTEÓN DE FAMÍLIA. Contos. Trad. castelhana. Madrid, Edic. Libertarias, 1993, 
NOMBRES DE ÁRBOLES QUEMADOS. Trad. castelhana. Gijón, Ed. bilingue, Ateneo Obrero de Gijón, 1993. Ed. portguesa, Coimbra, Minerva, 1997. 
AQUÉM E ALÉM MONTES. Textos de andarilho. Porto: Domingos Barreira, 1993. 
A SALA DOS ESPELHOS. Crónicas e entrevistas. Porto: Lello, 1993. 
UN CASTELLO DI SABBIA? (UM CASTELO DE AREIA?). Poemas. Trad. italiana. Bari (Itália), I Quaderni della Vale, 1993. 
FERNANDO PESSOA. Para crianças. Porto, Campo das Letras, 1995; 2ª ed., idem, 2001. 
DIÁRIO DE ARNSBERG. Poemas. Porto, Coop. Árvore, 1996. 
CADERNO DE ENTARDECER. Poemas. Porto, A Rua Escura, 1996. 
O AMOROSO. Poemas. Porto, Campo das Letras, 1997; 2ª ed. aumentada: VN de Gaia, Ausência, 2004. 
ARTISTAS TRANSMONTANOS EM CHAVES. Álbum. Edição comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Chaves, Câmara Municipal de Chaves, 1997. 
NO PASARÁN! (CENAS E CENÁRIOS DA GUERRRA CIVIL DE ESPANHA). Lisboa, Editorial Notícias, 1998; 2ª ed.: 1999. Prémio Norberto Lopes/Casa da Imprensa, Prémio de Reportagem do Diário de Notícias e nomeação para Bordallo da Casa da Imprensa. 
HOTEL GRABEN. Contos. Lisboa: Ulmeiro, 1998. CANCIONEIRO DE ABRIL. Estudo e Antologia. Lisboa, Ulmeiro, 1999. 
OS SAPATOS DO DEFUNTO. Crónicas. Lisboa, Ulmeiro, 2000. 
AS MÃOS CHEIAS DE TERRA. Cadernos de andarilho. Lisboa, Ulmeiro, 2000. 
LOS MOROS. Romance. Porto, Campo das Letras, 2000; 2ª ed.: Porto, Afrontamento, 2008. 
O CAVALEIRO DE TORTALATA. Para crianças. Porto, Campo das Letras, 2001. 
POEMAS TRISTES. Ed. Câmara Municipal do Funchal, 2001. 
E SE A MANHÃ FOSSE OUTRA? Poemas. Porto, Asa. 2001. 
365 TRADIÇÕES POPULARES PORTUGUESAS. Para crianças. Porto: Asa, 2002. 
CENAS DA VIDA SE UM MINOTAURO. Contos. Lisboa, Âncora Editora, 2002. 
Grande Prémio do Conto Camilo Castelo Branco/APE e Prémio Literário Orlando Gonçalves. Ed. brasileira: São Paulo (Brasil), Landy, 2003; Ed. Círculo de Leitores, Lisboa, 2004. Trad. parcial alemã. 
A GAITINHA MÁGICA. Para crianças. Porto, Campo das Letras, 2003. 
A ILHA DO OGRE. Poemas. Porto, Ed. Moura Pinto, 2003. 
JÁ OS GALOS PRETOS CANTAM. Contos. Lisboa, Caminho, 2003. Prémio Edmundo de Bettencourt. O MENINO GORDO. Para crianças. VN de Gaia, Gailivro. 2003. 
OS DOIS FRADINHOS. Para crianças. Porto, Campo das Letras. 2003. 
OUTONO: ENTRE AS MÁSCARAS. Poemas. Porto, Ed. Afrontamento, 2003. 
TRINCHEIRAS: Testemunhos da Guerra Civil de Espanha e do holocausto). VN de Gaia, Ausência, 2003. 
O LIVRINHO DOS JOGOS. Para crianças. Porto, Ed. Afrontamento. 2004. 2ª ed., 2007. 
A SOPA DE PEDRA. Para crianças. Porto, Campo das Letras. 2004. 
NAS CINZAS DO INFERNO: Depoimentos sobre o holocausto. VN de Gaia, Ausência, 2004. 
AS LENDAS DA MISARELA. Para crianças. VN de Gaia, Ed. Ausência, 2004. 
O LIVRINHO DAS LENGALENGAS. PARA CRIANÇAS. Porto, Afrontamento, 2004. 5ª ed., 2008. 
O GRANDE LIVRO DAS LENGALENGAS. Para crianças. Porto: Ed. Afrontamento, 2004.; 2ª ed., 2005. 
O MOÇO DE CEGO. Para crianças. Porto, Campo das Letras, 2004. 
O RAPAZ DE PEDRA. Para crianças. VN de Gaia, Gailivro. 2004. - PORTUGAL LENDÁRIO. Contos. Lisboa. Reader’s Digest, 2005. 
FREI JOÃO SEM CUIDADOS. Para crianças. Porto, Campo das Letras, 2005. 
O LIVRINHO DOS CONTOS DO ALTO DOURO. Para crianças. Porto, Afrontamento, 2005. 2ª ed., 2007. 
O CASOS DE ILUMINAÇÃO VARIÁVEL. Poemas. VN de Gaia, Ausência, 2005. Prémio Edmundo de Bettencourt. 
PEDRO PESCADOR. Para crianças. VN de Gaia, Gailivro, 2005; 2ª ed.: Porto, Afrontamento, 2009. 
O LIVRINHO DAS ADIVINHAS. Para crianças. Porto, Afrontamento, 2005. 3ª ed. 2007. 
A HISTÓRIA DE WILLIAM: A POSSÍVEL INFÂNCIA DE SHAKESPEARE. Para crianças. Porto, Campo das Letras, 2005. 
QUINTETO CAMILIANO. Estudos biobibliográficos. Porto, Seara das Letras, 2006. 
A CIDADE DAS PESSOAS TORTAS. Para crianças. Porto, Civilização, 2006. 
CAMILO CASTELO BRANCO: IDEIAS E FACTOS EM AGENDA. Lisboa, Esfera do Caos, 2005. 
POSES PARA UM RETRATO NA ÉPOCA (CAMILO CASTELO BRANCO VISTO PELOS SEUS CONTEMPORÂNEOS). Antologia. VN de Famalicão, Ed. Quási, 2006. 
AS VISITAS DO PAI NATAL. Para crianças. VN de Gaia, 7dias6noites, 2006; 2ª ed.: 2008. 
O LIVRINHO DOS PROVÉRBIOS. Para crianças. Porto, Afrontamento, 2006. 
O LIVRINHO DOS VERSOS PARA RIR. Para crianças. Porto, Afrontamento, 2006. 2ª ed., 2007. 
HISTÓRIAS DA DESERTA GRANDE. Teatro para fantoches. Porto, Ed. Afrontamento. 2006. 
A VASSOURA VOADORA 1-2. Porto, Arca das Letras, 2007; 3ª ed. Porto, Seara das Letras, 2010. 
A MENINA DA JANELA DAS PERSIANAS AZUIS. Para crianças. Porto, Civilização, 2007. 
O RAPAZ DE PEDRA. Para crianças. VN de Gaia, Gailivro, 2004: 2ª ed., 2007. 
LENDAS DOS AÇORES. Lisboa, Esfera do Caos, 2007. 
LENDAS DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO. Lisboa, Esfera do Caos, 2007. 
A CONFERÊNCIA DO PROFESSOR LAGOSTA. Para crianças. Braga, Inovação à Leitura, 2007. 2ª ed., 2007. 
HÁ UM LADRÃO DEBAIXO DA CAMA! Para crianças. Porto, Campo das Letras, 2007. 
SERÁ QUE SOU NETO DA BRUXA? Para crianças. VN de Gaia, 7dias6noites, 2007. 
O GRANDE LIVRO DAS ADIVINHAS. Para crianças. Porto, Afrontamento, 2008. 
O LIVRINHO DE CÃES & GATOS. Para crianças. Porto, Afrontamento, 2008. 
NEGRA SOMBRA! NEGRA SOMBRA! E OUTROS CONTOS. Vigo (Galiza (Estado Espanhol), A Nosa Terra, 2009. 
SÃO COISAS TAIS EFEITOS SÓ DO ACASO? Poemas. S. Mamede de Infesta, Edium, 2009. 
CAMILO CASTELO BRANCO: MEMORIAS FOTOBIOGRAFICAS. Alfragide, Caminho/Leya, 2009. 
QUARENTA CAVALOS, UM VAGÃO. Conto. Porto, Árvore, 2010. 
VELHOS DEUSES EMPALHADOS. Contos. Porto, Afrontamento, 2010. 
A NOITE EM RAVENSBRUCK. Teatro. Porto, Afrontamento, 2010. 
CONTOS POPULARES DAS ILHAS DA MADEIRA E DO PORTO SANTO. Funchal, Nova Delphi, 2011.
LENDAS DAS ILHAS DA MADEIRA E DO PORTO SANTO. Funchal, Nova Delphi, 2011.
Representações domésticas : tragédias & farsas de pouca duração. - Lisboa : Imp. Nac. - Casa da Moeda, 2011. 
O grande livro das tradições populares portuguesas : antologia. - 1.ª ed. - Lisboa : Bertrand, 2012. 
Primeira linha de fogo : da guerra civil de Espanha aos campos de extermínio nazis. - 1.ª ed. - Lisboa : Bertrand, 2013. 
Camilo Castelo Branco e o garfo. - 1.ª ed. - Lisboa : Âncora, 2013. 

Eventos:

Numerosas conferências e participações em congressos e colóquios.

Prémios ou Condecorações:

Grande Prémio do Conde Camilo Castelo Branco/Associação Portuguesa de Escritores;
Prémio Literário Orlando Gonçalves - Prémio de Conto Edmundo Bettencourt;
Prémio de Poesia Edmundo de Bettencourt;
Prémio de Reportagem Norberto Lopes Prémio Kopke de Jornalismo;
Pedrón de Honra, da Fundacion Pedron de Our;
Dois Prémios de Reportagem Diário de Noticias;
Prémio de Reportagem El Adelant;
Menção Honrosa do Prémio Grémio Literário - Prémio.




Desde el escaparate del café Majestic

Todos pasan por aqui, sombras
cargadas de emociones y hojas
muertas, ojos puestos en la calzada
a la portuguesa, embebidos en el alcohol
de cada instante, la tempestad
que se les escapa de las manos desaparece
con el volar de las palomas cenicientas
sobre las mesas de la terraza,

nadie les hace caso ya,
al contrario de quien nos visita, algunos
guardan las malditas preguntas
para más tarde, mal articuladas,
abiertas como viejos sobres
bajo los árboles de otros tiempos,

extienden las piernas, bostezan, sonríen
entre las huecas demostraciones de poder.


Da montra do café Majestic  

Todos passam por aqui, sombras 
carregadas de emoções e folhas  
mortas, olhos postos na calçada  
à portuguesa, embebidos no álcool 
de cada instante, a tempestade  
que lhes foge das mãos desaparece 
com o voar das pombas cinzentas 
sobre as mesas da esplanada, 

já ninguém se importa com elas,  
à revelia de quem nos visita, alguns 
guardam as malditas perguntas 
para mais tarde, mal articuladas, 
abertas como velhos sobrescritos
ob as árvores de um outro tempo, 

estendem as pernas, bocejam, sorriem 
entre as ocas
demonstrações de poder.



Perder es poder

Si los ojos se pierden, aprieta la cabeza
entre los puños de la memoria, algo
así como el nombre, nombre
perdido en las arenas de la azotea, quien me
llama se desnuda de gasas, corre la cortina,
abre la boca para tragar los sapos de la paz,
quien me llama no tiene alas ni sabe
nada de la desesperación ni de la ira ni de mí,

si los ojos se pierden, no sé nada de ti
ni de tus libros de a bordo, da cuerda
a las zapatillas de los muñecos del tiempo y di
a quien amas, desaparece, escribe un verso,
da una ojeada a los cuadernos de los meses de la hierba mora,

si los ojos se pierden, quién sabrá las horas
precisas para el encuentro que nos aflije,
sólo el miedo se pintará en las paredes
de este cuarto donde sólo hay dos sillas.




Perder é poder 

Se os olhos se perdem, aperta a cabeça  
entre os punhos da memória, qualquer
coisa assim parecida com o nome, nome  
perdido nas areias do terraço, quem me 
chama despese de crepes, corre a cortina, 
abre a boca para engolir os sapos da paz, 
quem me chama não tem asas nem sabe 
nada do desespero nem da ira ou de mim,  

se os olhos se perdem, não sei nada de ti 
nem dos teus livros de bordo, dá corda 
às sapatilhas dos bonecos do tempo e diz
quem amas, desaparece, escreve um verso, 
folheia os cadernos dos meses da erva-moira, 

se os olhos se perdem, quem saberá as horas  
precisas para o encontro que nos aflige, 
apenas o medo será pintado nas paredes 
deste quarto onde há apenas duas cadeiras,





Biblos

Pido un libro en la biblioteca y me traen
una extraña sombra con un puñal en los ojos,
las afiladas páginas cortan la delicada piel
de mis dedos, mas a pesar de todo me atrevo a sonreír
mientras observo los hermosos grabados prohibidos,

los demás lectores, acurrucados en sus asientos,
escriben a golpe de cortaplumas sus nombres
en las tapas de las mesas, esperan otras sombras,
sombras como esta, no nos conocemos, algunos
se pierden y no consiguen regresar al tiempo,

y si yo pidiera una sombra, y si todos ellos
pidieran sombras y el almojarife de guardapolvo
trajera efectivamente libros en su carrito,
libros encuadernados en piel de cerdo, y si todo
no pasara de una máscara con un puñal en los ojos.





Biblos  

Requisito um livro na biblioteca e trazem-me 
uma estranha sombra com um punhal nos olhos,  
as páginas afiadas cortam-me a delicada pele  
dos dedos, mesmo assim atrevo-me a sorrir
enquanto observo as belas gravuras proibidas, 

os demais leitores, acocorados nos seus lugares,
escrevem a golpes de canivete os seus nomes 
nos tampos das mesas, esperam outras sombras,
sombras como esta, não nos conhecemos, alguns  
perdem-se e não conseguem regressar ao tempo,  

e se eu requisitasse uma sombra, e se todos eles 
requisitassem sombras e o almoxarife de guarda-pó 
trouxesse efectivamente livros no seu carrinho, 
livros encadernados a pele de porco, e se tudo não 
passasse de uma máscara com um punhal nos olhos.












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