jueves, 29 de enero de 2015

ALMIR CASTRO BARROS [14.617] Poeta de Brasil


Almir Castro Barros 

(Maraial, Brasil  1945). Comenzó a escribir en los años sesenta. Es autor de los libros stações da Viagem, Os Cães da Sina, Ritmo dos Nus, O Lugar da Alma y Um Beijo Para Os Crocodilos.




Poemas en versión del poeta y traductor José P. Serrato

Terminales

Destruido el amor
deja enemigos
panteras y jabalíes
en el corazón de los amantes:
unos se matan
otros despiden al último huésped
que guardaron dentro, para soñar,
algunos, aún esperanzados,
se inclinan hacia los enfurecidos animales
como en un templo
se espera a Dios.




Coincidencias en la mañana del muerto

En la mañana del muerto no fui a verlo
por ser de otros males un castigo.

Me gusta mirar muertos como un extranjero
o inconsecuente como un arqueólogo.

En la mañana del muerto no fui a verlo
porque mi único suéter me mostraba
muerto, la mañana muerta, más allá del muerto.

En las mañanas de los muertos soy así;
íntimo de los deudos, como uno más de la familia
y sólo de ellos me distingo porque río.




Retrato de pared

Recuerdo de mi madre
que mantenía pozos secos
entre los muros de las clavículas
y el resto del cuerpo era desierto.




Noche

Cuando los gatos tienen los ojos de zafiro
el miedo se multiplica
y los que escriben
tiemblan por las despedidas
y el sueño de los vecinos.





Terminais

Destruído o amor
ele deixa inimigos
panteras e javalis
no coração dos amantes:
uns se matam
outros despedem o derradeiro hóspede
que guardaram em si para sonhar
alguns ainda esperançosos
inclinam-se aos animais enfurecidos
como num templo
se aguarda Deus.




Coincidências na manhã do morto

Na manhã do morto não fui vê-lo
por ser de outros males um presídio.

Gosto de olhar mortos como um estrangeiro,
ou inconseqüente como um arqueólogo.

Na manhã do morto não fui vê-lo
porque meu único paletó me mostraba
morto, a manhã morta, além do morto.

Em manhãs de mortos sou assim;
íntimo dos deixados como um da família,
e só deles vário porque rio.



Retrato de parede

Lembro de minha mãe
que mantinha poços secos
entre os muros das clavículas
e o resto do corpo era sertão



Noite

Quando gatos têm safira nos olhos
O medo se multiplica
E os que escrevem
Tremem por seus adeuses
E o sono dos vizinhos.





BARROS, Almir Castro.   Um beijo para os crocodilos . Rio de janeiro: 7Letras, 2009. 100 p. 13x20 cm. ISBN 978-85-7577-629-2 Imagem da capa: Mariana Avilez. Prefacio de Joamard Muniz de Brillo. Col. AM



ÚLTIMA TELHA

a Maximiano Campos

Indiquei-me ao esquecimento.
Como um morto emergente
À margem de ruína
Por onde passa o vento
E ninguém.




DO CORAÇÃO

Tudo inicia
Com os sins multiplicados
Na luz das retinas.

Virão os penhascos
Convertidos em bosques
No conhaque do beijo.

Depois é o silêncio
A mendigar em pergaminhos.

E o amor faz do coração
A pátria da agonia.



POESIA

ao Maestro Seba de Sertânia - PE
(in memorian)

Ladislau afinava pianos.
Fazia isso
Quando as folhas amareleciam

E desabavam no verão.

Nunca se compreendeu as juras desse ofício
De acumuladas buscas.



MERCANCIA

Infenso ao alarido dos que à rua vendem
Fiz voarem em mim velhos teatros
Onde verdeja um trigo na criança
Ou adorna a claridade alguns vizinhos.

Assim, um músico refaz a esperança
De quem triste e só mira águas fundas.




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