Melide, La Coruña 1956. Trabalha de mestre em Arçúa. Vive entre Melide e Corunha.
Poesía:
NO BALOUÇAR DO VENTO. 2013. Desenhos de Xosé Tomás.
AS MARGENS DO TEMPO. Desenhos de Tomás Roures- Próxima saída.-
NO CINZEL LIVRE DAS SECURAS. Próxima saída.
Narrativa:
DO MADRID-PARÍS A JACQUES BREL. Em construçom.
Poética:
De sempre…dende a miudez dos tempos-a leitura em estâncias solitárias-amando mesmo antes de saber dos dedos-como vento lizgairo que me mancava nos desejos…
A poesia …esse mistério fecundo-sempre me atravessou-de forma nom sempre lúdica-nom sempre cósmica-nom sempre amante-nom sempre formalmente belida…
Cuspe-se sangue no mundo do terror…mas volve como as queirotas nas primaveras-umha vez e outra-na busca sempre da casa habitada-das palavras…sempre as palavras-sempre elas amantes amadoras nas praias comunais-nas redes escarlate, nas gándaras onde cavei o meu corpo como um ausente…
Na língua na que soubem dos pica-folhas, dos trompos-do esgaravatear dos olhos como vagalumes de ternura-vivências das mulheres nas que tenho gravidado como folha acquosa na que nadei em corpo-como o nascer do tempo no que vim as ponlas enverdecer e medrar-tam aginha como os azuis do céu que me assoalha…
…significa que o mar nos foi deixando
solitarios-
como ás bestas
e non puidemos derruba-la esperanza—
mas as palavras-na lingua do leite que se maçou nos tempos-como o queijo da tataravó que permanece, nesse sabor agre e doce que é a vida-sendo sempre as palavras do poema-o regresso-espelhos rotos, nas miradas das crianças…
tens um menino nos olhos—
como temos borboletinhas de futuro, sempre carregadas de urces e chorimas-amadurecendo nos versos, neste nosso tempo-de maçás rubias-jazendo no morar das ausências, terriveis desatinos —
Nosso país-como barquinha des-profundado-nossas palavras-esnaquiçadas nos vidros, no balouçar do vento, como chuva-enxergando luzes de vitória—-
Poemas:
MULHER CEIVE LIVRE PATRIA. (no balouçar do vento)
a Teresa, companhéira.
Mulher ceive de livre patria
fito dentro e alvisco-te inteira
e permaneces plena na memória.
Hoje em ti estou na longa espera
como folha averdecida pola água.
Amor-amante altivo e solitário
que te procura noite a noite em desespero,
noite a noite nos anseios.
Mulher ceive livre patria, mulher amada!
enmergulho nos teus seios minha alma
que fondamente no mais fondo te penetra.
Mulher livre patria,em ti espedadaço-me
anaco tras de anaco para acochengar-me
no liquem fresco das tuas carnes
no liquem fresco das tuas carnes
como folhas averdecidas polas águas.
E NOM NAVEGO MAIS RÍO QUE O TEU CORPO.
(no balouçar do vento)
O nosso amor une-se subterrâneo
como as mâos agretadas de trabalho,
como os grâos de milho serodio,
como o río que no poço desemboca!
Nosso amor, sinal acesa nos espaços,
como os olhos que se abrem e se fecham,
como as lilás que tardias arrecendem,
como labres que se bicam fondamente!
O nosso amor, águas navegaveis surcando
nos seios frondosos da selvagem,
plenitude azul de tudos os anseios.
O nosso amor que se une subterrâneo
nas noites furiosas dos abraios,
fértil arvoreda na Fraga dos Esqueços.
E nom navego mais rio que o teu corpo!
MULHERES (no cinzel livre das securas)
Longos cravos espetados
nos corpos, nas coxas, nos seios
cabo do mundo de elas.
Fecharon-lhes as cancelas para
traguer-lhes a nuite nos menceres.
oxidaron-lhes as mâos com
grilhotes de ferro encadeadas…..
Fecharon-nas, cravaron-nas, oxidaron-nas
em séculos murchos de dominio.
como bestas de arrastre forom
usadas, calumniadas, explotadas,
violadas, assassinadas, matadas.
Cortaron-lhes as linguas para que
nom falaram e os olhos para que
nom fitaram….
Tentarom choe-las na miseria,
na escravitude, no silêncio,
nas covas do medo e da tortura.
E elas, soinhas e balteiras, marias
comunais de mâos e vigor,
escano a escano tras escano:
resistirom, termarom, rebelarom
para verquer nos horizontes,
passo a passo,umha trabe de
ouro e dignidade
ÁFRICA. (no cinzel livre das securas)
as faces negras da gente
exprimindo ausências,
os olhos pretos das meninas
olhando-se ao longe,
as mâos entrelaçadas
em lombos aranhados,
o deserto em ilhas de soidade,
ébano,
negro sobre preto,
Ángola, Moçambique,
Guiné-Bissau, Cabo Verde,
a voz da dozura dos pés descalços,
Pepetela, Mia Couto, Amilcar Cabral,
negritude na que
ninguém impedirá a chuva
nem o cheiro novo das florestas depois da chuva,
ninguém poderá silenciar a dança nem o rufar do tambor,
Agostinho Neto, a palavra nua, preto derriba de preto,
negro sobre negro em olhos limpidos,
S.Tomé e Principe,
ébano,
onde os poetas acendem as estrelas,
onde a companheira canta na sanzala,
a camarada negra deitada sobre a esteira
na África preta, na África negra,
no cinzel livre da secura,
nas mâos agretadas da esperança.
pero yo cuando te hablo a ti… palabras para Julia.
j.agustin goytisolo
PALAVRAS A DOA. (as margens do tempo)
Medrou a lua e aquel bonequinho permanece
neste meu coraçom de brasa que se apaga,
nestas horas de recordo ,nestes segundos
de tanta busca balouçando-me na tua espera—
Medrou a lua e o sol tardio bate nos meus olhos
e queima de ansiedade as minhas mortas horas,
escrevendo cum giz no vento que me sufoca o
dor que me espinha na amanhâ que me alboreja.
Medrou a lua nos diálogos sonâmbulos da noite
onde jogo decote cos sonhos que persistem,
como essa água da fonte que frecuentemente
molha de lágrimas a minha secura de outrora.
Medrou a lua e ti segues como os amorodos
que o avó recolhia na Cabana para encher de
sabor livre o quarto da Casa Velha,onde vivem
todos os presentes guardados naquela artesa.
Medrou a lua e disque as flores ainda vivem
e sonzinho tenho que bicar-te na tua meixela.
para que saibas que os meus dedos nom se
apartam dos meus sonhos nem das esperas…
Medra a lua hoje-caminho de tantos caminhos,
e quero que saibas que tudo permanece,
como as nanas daquel livrinho de palhaços ledos,
nas que imaginavas um mundo ateigado de soles.
Medra a lua-filha-agrandando-se cara os Tessos
daquel Taro Branco, naquel confím da encruzilhada,
para que voltem cara os mundos que deixamos
o arrezender das águas que abrolham no retorno.
Medra a lua, e tudo fica e tudo transcorre e segue
e nas minhas palavras sempre a Mouchinha Branca—
ESCOLA.
Tens um menino nos olhos. Kha Tembe. (as margens do tempo)
Ainda tes um neninho de luz nos olhares
e recordas-te naquel escano de freixo
onde olhavas as letras cinzeladas na
piçarra preta
onde debuxavas um sol um mundo e umha árvore
e contavas um conto de poucas
palavras.
Pássaros esvoando no ar cálido
dos seráns no regresso entardecido
onde ainda achas recordos de secretos
guardados no peto fondo da memória.
Tens um menino no coração, Antom Laia López. Um menino de olhos brilhantes. Um inventor de poesia.
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