jueves, 11 de junio de 2015

KÁTIA BENTO [16.233] Poeta de Brasil


KÁTIA BENTO

Nació en Castelo (patria de Puris) en el estado de Espírito Santo, Brasil, en 09/08/1941, hija de Antonio Bento y Argentina María Rechetti Paresqui Bento. Sus abuelos paternos fueron un capitán de los bosques y la India (cuya historia inspiró su Romanceiro la Amuia) y, inmigrantes italianos maternos, procedente de Ferrara. Estudió en la Escuela Grupo "Nestor Gomes" y Colegio "Juan Bley.". Traslados posteriores a Río de Janeiro para asistir a la Universidad de Brasil, la Escuela de Enfermería, Escuela Ana Nery. Fue parte del grupo AnVersos, que celebró el trabajo catequético poético en diversos lugares, con show directo de entradas de los participantes. Luego, con otros poetas en las décadas 60/70 fundó la revista POESIOJE. Tiene trabajos publicados en diversos periódicos y revistas de varios estados brasileños y en la revista Crisis Argentina. Está también interesada en la literatura infantil.

Obras:

"O azul das montanhas ao longe" – Rio de Janeiro 1968 
"Principalmente etc." – Cátedra, Rio de Janeiro, 1972 
"Romanceiro de Amuia" – Fontana, Rio de Janeiro,1980 - Amuia, em tupi, é avó, e a obra é didicada à " inocência dessa amuia, a seus descendentes e aos índios brasileiros, vítimas de outros Capitães-do-Mato ao longo de quase cinco séculos de violência." 
"Bebeto Bébelico" – 1973 
"Geração verde" - 1979 
"O Jogo da Velha" – 1980 
"Contrafala" – Edições Pirata, Recife,1980 
"Bichuim" – poesia infantil –Edições Pirata, Recife, 1981 
"Lavratura" - inédito 
Participação na revista Ymã, 2010. 




Ojos mágicos

El ojo mágico
es el instante
entre el deseo de mis manos
de tocarte y tu figura
íntegra
en el marco de un retrato circular.

Es la fracción del momento
donde mis gestos retenidos
se disparan en vuelo certero
hacia tus ojos mágicos también.



PRIMEIRO CANTO NATIVO

No vão aberto invisível 
entre dia e madrugada 
mora a fração mais criança 
da manhã guardando orvalhos: 

fugazes prendas da noite 
que ao primeiríssimo açoite 
do dia, logo se espalham. 

No vão das pedras mais lisas 
do rio, loca de peixes, 
gasosas gotas de lua 
ficam postas – represadas. 

Vêm nesse espaço encantado 
do tempo e desse lugar 
pequenas mãos qual bateria 
catar as gotas, o brilho 
dessa toca de luar. 

Me dá, dá só um pedaço 
desse momento encantado, 
antes que a água doce 
Caia em sanguínea emboscada. 

Me dá, dá só um pedaço 
desse momento de graça, 
antes que passe – veja! – 
boiando n'água essa folha 
deitada na correnteza. 

Que eu me desvisto inteira 
do tempo além dessa fonte: 
enquanto o amor é o mesmo 
para mim também o instante.





A ARTESÃ

Artesã que tece a linha 
laça o tempo e seu novelo 
- a vida quer te laçar. 
ai, que após o ponto alto 
do riso, vem a corrente 
da dor que quer te enlaçar. 

Nessa faina, pouco a pouco 
aos olhos te chegam rugas 
tornando o rosto tear – 
sobre a testa pousa a paina 
tornando a cabeça cã. 

- Artesã, tuas mantilhas 
e essa alvura, são meadas 
de igual partida de lã? 

E viver? É esse fio 
diante das mãos? Ou ofício 
que te arremata e arrematas: 
jogo de agulha e punhal 

Ah, solidão, alfinete! 
Ai, sangue sob o dedal.




SACOLA DE MADEIRA

Atravessando a rua 
ou dentro da condução 
observas, Senhor, que levo 
uma sacola na mão. 

Teu olhar a atravessa 
e espias minha bagagem: 
objetos de circunstância 
urgentes nesta viagem – 

São ferramentas de ofício 
documentos operários 
de quem está de serviço 
num transitório calvário. 

Quando a Ti me chamares 
e eu chegar de mãos vazias 
possas passar em revista 
esta imagem dos meus dias: 

que em meio ao cotidiano 
sob uma cruz disfarçada 
feita de papel ou pano 
às vezes meu ombro tomba.




FELINO FELINO

Num halo de lã teu passo 
pisa o solo sem tocá-lo 

a passagem uma a uma 
roças supostas plumas 

(gato gato arebatas 
o extrato leve do espaço) 

vais 
a alma sob a unha 

& o olho ao teu encalço 
é câmara lenta testemunha. 




IDEOGRAMA

O dedo em riste 
fura o bolo 
ou acusa? 
Pêndulo invertido, 
nega 
ou recusa? 

Entre tão dedos - 
dado perdido/da digital. 
fina falange/levada ao lábio 
dedo de fala/ou de segredo? 

Impresso em pauta/de cinco linhas 
no instrumento/de cinco cordas - 
dedilha espaço/que é poema 
ou seu gatilho? 

Em sua forma/de index signo 
sinal plural/código à mão 
e metacorpo/cai como luva 
dedo de prosa/ou poesia? 





LINHA DA VIDA

A vida se desenrola 
no dia a dia entre os dedos - 
meada frágil/arisca 
fio 
que mal contido/à mão 
se solta/esvoaça. 

Então se converte em calos 
o ato de reavê-la - 
dias a fio enrolá-la, 
fina linha em carretel. 
Retê-la, no incessante 
gesto que vinca a pele. 

Então se converte em luta 
o jogo de atar à palma 
da mão, 
a linha da vida - 
entre a tatuagem do corpo 
e o sopro vário do vento. 





DA MATURIDADE

Rugas no rosto são brilhos 
de estações naturais. 
Saga de paz após guerra - 
transcorridos trilhos 
ao longo da face 
da terra. 




TROMBETA EM WOODSTOCK
brotam luas como câncer de nossas gargantas
brotam luas

o sermão do campo cresce como um signo
elétrico

Salomão em sua grandeza
não vestiu nossas vestes

verde e redivivo
é o chão dessa messe

  olhai as aves do vale
adoecidas de luar




MISERERE

Os jesuítas farejam
  na superfície o chão é hera areia pedra
em que porção do subsolo o ouro medra?

Os jesuítas forjam
  vinde ó almas verdes como a relva
é a voz do céu que chega ao coração da selva

Os casuístas a missão dupla encerram
  isentam nativos de culpa
juntam tesouros na terra




UM LANCE DE BORDUNA NÃO IMPORTUNA

Nheênga tu
nheêngo eu
  Pindorama,
adeus




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