Nuno Higino
Nuno Higino, (Felgueiras, Portugal, 1960) es profesor de filosofía y sociología en la Universidade Fernando Pessoa, ex sacerdote, poeta.
Ordenado sacerdote en 1985. Durante cuatro años fue profesor de portugués en el Seminario del Buen Pastor. Entre noviembre de 1988 y septiembre de 2001, era párroco de Hornos, Marco de Canaveses, tiempo durante el cual se construyó la Iglesia de Santa María, con el proyecto de Álvaro Siza Vieira, bajo petición. Partió en octubre de 2001 a Madrid, donde estudió Filosofía y Estética, desarrolló un doctorado de investigación "La mirada, el espacio y la arquitectura. El proceso creativo de Alvaro Siza de la Fenomenología" en la Universidad Complutense. Dejó el sacerdocio porque estaba desencantado con la jerarquía eclesiástica. No perdió la fe.
Literatura infantil:
A mais alta estrela. Sete histórias de Natal, . Marco de Canaveses, 1998 | A libelinha que tocava flauta. Ilustrações de José Rodrigues, Marco de Canaveses, 1999 | A rainha do país dos frutos. Ilustrações de José Emídio, Marco de Canaveses, Cenateca, 2000 | O menino que namorava paisagens e outros poemas. Ilustrações de José Emídio, Porto, Campo das Letras, 2001 | A anja de hálito azul.. Ilustrações de José Rodrigues, Marco de Canaveses, Cenateca, 2002 | O senhor Outono e o lagarto amigo das palavras. Ilustrações de Márcia Luças, Porto, Campo das Letras, 2002 | Todos os cavalos e mais sete. Ilustrações de Álvaro Siza (será publicado no início do próximo verão) | Onde dormem os pássaros? . Ilustrações de Armanda Passos, Lisboa, Caminho, 2007.
Poesía:
No silêncio da terra, Porto, Campo das Letras, 2000 | Onde correm as águas, Porto, Campo das Letras (2003)
LA CRIPTA HOMÉRICA DE LAS PRIMERAS PALABRAS
Un día despertaré con las venas infartadas: el tránsito
caótico de las ciudades por donde pasé apagándome
los ojos, la volumetría obesa del cansancio. Un día
la fiebre inevitable de la infancia, la cripta homérica
de las primeras palabras: cuando habite los edificios
arbóreos de mi muerte, árboles edificados
en esa mañana sin metafísica en la que moriré
en la traducción de Julia Alonso
as mães crescem com os anos
As mães sobem uma escada até ao céu,
sobem e descem a escada longa dos filhos;
as mães olham para cima, firmam as mãos na escada
e pensam com os olhos. Ficam de pé ―morrem de pé
se for preciso― a pensar as estrelas. Cada uma delas
é um pulmão jovem, um alvéolo inviolável.
As mães crescem com os anos, tornam-se ramos
a baloiçar na escada: são perenes, persistentes
e mansas. As mães abrigam os pássaros no olhar,
tomam-nos nas mãos como oferta sagrada
e soltam-nos do alto da escada: voam, voam,
crescem contra as nuvens e são água, espuma,
exílio azul. Os filhos são os olhos das mães, aflitos
e saudáveis, à espera que floresça a flor fria
da amendoeira. Olhos que partem para regressar a si.
mãe. E leva os filhos nos olhos como se os levasse pela mão
Letras&Coisas. 2011
O silêncio sempre deixa saudade
A saudade é uma porta por onde se vê o mar
O mar é o baloiço que vai e vem nos olhos
do poeta
O poeta sempre mora na alma que há no vento
O vento é o mensageiro que leva e traz nas
crinas os segredos
Os segredos são a arca onde o esquecimento
tem guardados seus tesouros
Os tesouros são azuis, tão azuis, tão azuis como os
olhos da ilusão
A ilusão é jamais perder de vista a luz dos
pombos a pique nos telhados
os telhados são bandeiras às vezes alegres
ou tristes sobre as praças
as praças se denudam como mulheres
esculpidas entre as dunas
as dunas reconhecem a voz do sal ao sol do
meio-dia
o meio dia dança ao som de silvos, de vozes e sirenes
as sirenes são sereias alucinadas e hirtas
sobre o caos
o caos, já vencido, se entregou quase à hora
do sol-pôr
o sol-pôr é uma montanha onde crescem
enigmas e fantasmas
os fantasmas se insinuam entre as pedras,
as árvores, as estrelas
as estrelas às vezes descem aos ombros
surrados do mendigo
o mendigo se dissipa entre os latidos
cerrados do degredo
o degredo é tão antigo como a distância obscura do destino
o destino é uma cobra enroscada e ferida na cabeça
a cabeça é um romeiro que não tem fé na mão de nenhum santo
o santo mora na ermida guardada de
ciprestes e silêncio
o silêncio deixa sempre saudade.
Era uma vez um cavalinho
Era uma vez um cavalo
um cavalinho montês
quando ia a montá-lo
fugia para o Gerês
Cavalinho, cavalinho
não te enganes no caminho!
Era uma vez um cavalo
um cavalinho mandão
quando iam a montá-lo
fugia para o Marão
Cavalinho, cavalinho
não te enganes no caminho!
Era uma vez um cavalo
um cavalinho da feira
quando iam a montá-lo
fugia para a Madeira
Cavalinho, cavalinho
não te enganes no caminho!
Todos os cavalos e mais sete. Marco de Canavezes : Cenateca, Associação Teatro e Cultura , 2003. , 46, [1] p. : il. ; 23 cm. ISBN: 972-98834-1-6
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