Christopher Okigbo
Poeta
Fecha de nacimiento: 16 de agosto de 1932, Anambra, Nigeria
Fecha de la muerte: septiembre de 1967, Nsukka, Nigeria
Poeta nigeriano, está considerado como el poeta africano en lengua inglesa más influyente del periodo postcolonial.
Los poemas pertenecen a "Puerta del cielo" publicado en 1962.
La versión es la de David Fernández.
Aparte de amor
La luna ha ascendido entre nosotros
entre dos pinos
que se inclinan uno al otro,
el amor ha ascendido con la luna,
se ha nutrido de nuestros tallos solitarios
y ahora somos sombras
que se adhieren una a otra
pero besan sólo el aire.
Obertura
Ante ti, madre Idoto,
desnudo estoy,
ante tu presencia acuática,
un pródigo,
apoyado en un ajonjolí,
perdido en tu leyenda...
Bajo tu poder espero
descalzo,
guardián del santo y seña
a la puerta del cielo;
desde las profundidades mi grito
se hace oír y escucha.
Christopher Okigbo
Patrimonio documental propuesto por África y recomendado para su inclusión en el Registro de la Memoria del Mundo en 2007.
Okigbo Will Return
La categoría incontestable de Christopher Okigbo (1932-1967) como el mayor poeta africano anglófono del siglo XX poscolonial y moderno está atestiguada no sólo por dos importantes estudios de su obra, sino también por una colección de homenajes póstumos (Don’t Let Him Die: An Anthology of Memorial Poems for Christopher Okigbo) codirigida por el más eminente novelista de África, Chinua Achebe (1978). La principal recopilación de poemas de Okigbo ha sido catalogada como una de las cien obras literarias africanas más influyentes del siglo XX.
Christopher Okigbo nasceu na pequena vila de Ojoto, nos arredores de Onitsha no sudeste da Nigéria, em 1932. Seu pai era professor de uma escola católica, no auge do domínio britânico da região. O jovem poeta cresceria sob a influência de seu pai, católico fervoroso, e a de seu avô, um sacerdote da deusa das águas Idoto, personificada no rio de mesmo nome que corre na região de sua infância. Idoto seria a deusa invocada naquele que é o mais famoso poema de Christopher Okigbo, "The passage", aqui traduzido como "A passagem", mas também conhecido como "Heavensgate". Este sincretismo religioso pode ser sentido com força em seu poema, que inicia com a invocação a Idoto, para logo em seguido invocar Ana, que em comentários críticos sobre o poema tem sido identificada como a santa do catolicismo. Christopher Okigbo viria a se formar na mesma universidade em que estudaram o conhecido romancista nigeriano Chinua Achebe (n. 1930) e o poeta Wole Soyinka (n. 1934), ganhador do Prêmio Nobel de 1986, de quem Okigbo foi amigo.
Começou a publicar poemas na revista Black Orpheus, dedicada ao trabalho de poetas africanos e afro-americanos. Seus poemas seriam reunidos postumamente no volume Labyrinths (1971). Christopher Okigbo morreu em 1967, com apenas 35 anos, lutando na guerra pela independência da República de Biafra (1967 - 1970), região separatista que permaneceria parte do território nigeriano.
A poesia de Okigbo é hoje considerada uma das mais importantes obras da poesia africana pós-colonial. Ainda que críticos nacionalistas o tenham criticado por adotar a língua inglesa, o poeta parece apropriar-se da língua do colonizador para implantar uma consciência mítica que só pode ser totalmente compreendida através da poética mística e vocal dos poetas africanos. Para nossa sensibilidade cristã, algo da poesia de Okigbo pode parecer alinhar-se a poetas como o W.B. Yeats do volume The Tower (1932) ou o T.S. Eliot de Choruses from "The Rock" (1934), mas a mim me parece que um dos poetas de língua inglesa com quem poderíamos traçar paralelos interessantes, passando pela poética de Christopher Okigbo, é o norte-americano Robert Duncan (1919 - 1988), de livros como The Opening of the Field (1960) e Bending the Bow (1964).
Christopher Okigbo nasceu em 1932, o que o faz contemporâneo de brasileiros como Ferreira Gullar (n. 1930) e Augusto de Campos (n. 1931). Sua poética, porém, visionária e mística, talvez o ligue mais a um brasileiro como Roberto Piva (n. 1937). A experiência da leitura de seus poemas, contudo, parece-me de uma beleza bastante singular.
--- Ricardo Domeneck
POEMAS DE CHRISTOPHER OKIGBO
A Passagem
Diante de ti, mãe Idoto,
eu me posto nu;
Diante de tua presença aquosa,
Um pródigo
Encostado na acácia,
Absorto em tua lenda.
Sob teu domínio eu aguardo
Descalço,
Sentinela para a senha
No portão celeste;
Das profundezas meu grito:
Dá ouvidos e atenta...
Água escura dos primórdios.
Raios, violáceos e curtos, perfurando a tristeza,
Sugerem o fogo que é sonhado.
Arco-íris na distância, arqueado como cobra em bote à presa,
Sugere a chuva que é sonhada.
À estufa
A solidão me convida,
Uma alvéloa, para contar
O conto da mata-em-cipós;
Nectarinia, em luto
Por uma mãe entre galhos.
Sol e chuva num combate único;
Sobre uma só perna,
Em silêncio na passagem,
O jovem pássaro na passagem.
Rostos silenciosos nas encruzilhadas:
Festividade em negro...
Rostos em negro como longas negras
Colunas de formigas,
Detrás da torre do sino,
Entrando no ardente jardim
Onde todas as estradas se encontram:
Festividade em negro...
Oh Ana às maçanetas do painel alongado,
Ouve-nos às encruzilhadas nas grandes dobradiças
Onde os tocadores de orgão nas galerias
Ensaiam o doce velho fragmento, a sós -
Marcas de folhas de laranjeira impressas nas páginas,
Desbotar da luz de anos entrelaçados no couro:
Pois estamos à escuta nos campos de milho,
Entre os instrumentos de sopro,
Escutando o vento debruçar-se sobre
O seu mais doce fragmento...
(tradução de Ricardo Domeneck)
§
The Passage
BEFORE YOU, mother Idoto,
Naked I stand;
Before your watery presence,
A prodigal
Leaning on an oilbean,
Lost in your legend.
Under your power wait I
On barefoot,
Watchman for the watchword
At Heavensgate;
Out of the depths my cry:
Give ear and hearken…
DARK WATERS of the beginning.
Rays, violet and short, piercing the gloom,
Foreshadow the fire that is dreamed of.
Rainbow on far side, arched like a boa bent to kill,
foreshadows the rain that is dreamed of.
Me to the orangery
Solitude invites,
A wagtail, to tell
The tangled-wood-tale;
A sunbird, to mourn
A mother on a spray.
Rain and sun in single combat;
On one leg standing,
In silence at the passage,
The young bird at the passage.
SILENT FACES at crossroads:
Festivity in black…
Faces of black like long black
Column of ants,
Behind the bell tower,
Into the hot garden
Where all roads meet:
Festivity in black…
O Anna at the knobs of the panel oblong,
Hear us at crossroads at the great hinges
Where the players of loft pipe organs
Rehearse old lovely fragments, alone-
Strains of pressed orange leaves on pages,
Bleach of the light of years held in leather:
For we are listening in cornfields
Among the wind players,
Listening to the wind leaning over
Its loveliest fragment…
Amor à distância
A lua
Ergueu-se entre nós,
Entre dois pinhos
Que se inclinam um ao outro;
O amor ergueu-se com a lua,
Alimentou-se de nossos caules solitários;
E agora nós somos sombras
Que se prendem uma à outra,
Mas beijam apenas ar.
(tradução de Ricardo Domeneck)
Love apart
The moon has
ascended between us,
Between two pines
That bow to each other;
Love with the moon has ascended,
Has fed on our solitary stems;
And we are now shadows
That cling to each other,
But kiss the air only.
A árvore
A raiz atingiu
Um veio de pedra.
A seiva seca no caule
Em ascensão:
O sangue seca na veia
Como seiva.
(tradução de Ricardo Domeneck)
The Tree
THE ROOT has struck
A layer of rock;
The sap dries out in the stem
Upwards:
The blood dries out in the vein
Like sap.
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