domingo, 8 de noviembre de 2015

MICHELINY VERUNSCHK [17.422] Poeta de Brasil


Micheliny Verunschk 

Poeta e historiadora brasileña nacida en Recife, Pernambuco en 1972. 

Libros

Geografia Íntima do Deserto (2003)
O Observador e o Nada (2003)
A cartografia da noite (2010)
B de Bruxa: Bonnus bonnificarum (2014)
Nossa Teresa (2014)




Geografia Íntima do Deserto (2003)


El cuerpo amoroso del desierto

Tu cuerpo
blanco y tibio
(que debería llamar sereno)
es para mí
suave y doloroso
como las arenas cortantes
de los desiertos.
Qué importa
que ignores mi sed
si tu espejismo
es agua cristalina.
Y el espejismo agito con mil lenguas
y cada una es un pájaro
bebiéndola.
Pican mi piel
escorpiones de fuego y sol
con su veneno
y veo,
herida de deseo,
los granos tan leves
yéndose al viento.

La presencia dolorosa del desierto

Tu nombre es mi desierto
y puedo sentirlo
incrustado en mi propio territorio.
Como una perla
o un gesto en el vacío.
Como el amargo azul
y todo cuanto tiene de ilusorio.
Tu nombre es mi desierto
y es tan vasto.
Sus dientes tan afilados
sus soles rabiosos
y sus letras
(saetas de oro y plata
en mis labios)
son mi tercio de misterios dolorosos.

*Traducción de Mario Grande.




O Corpo Amoroso do Deserto

Teu corpo
branco e morno
(que eu deveria dezir sereno)
é para mim
suave e doloroso
como as areias cortantes
dos desertos.
Que importa
Que ignores minha sede
se tua miragem
é agua cristalina.
e a  miragem eu firo com mil línguas
e cada una é um pássaro
a bebê-la.
Ferroam a minha pele
escorpiões de fogo e sol
com seu veneno
e vejo,
magoada de desejo,
os grãos tão leves
indo embora ao vento.

A Presença Dolorosa do Deserto

Teu nome é meu deserto
e posso senti-lo
incrustado no meu própio território.
Como uma pérola
Ou um gsto no vazio.
Como o amargo azul
e tudo quanto há de ilusório.
Teu nome é meu deserto
e ele é tão vasto.
Seus dentes tão agudos
seus sóis raivosos
e suas letras
(setas de ouro e prata
nos meus lábios)
são o meu terço de mistérios dolorosos.




Dúo

El violín

Abandonado a la sutil caricia
de la curva de la mandíbula
apenas finge     
que vibra cuando
está en el ballet febril
de las puntas de los dedos.
(Tallado en noble madera,
el hijo de Eros
se entrega al gozo animal
por el humano sexo…)


Violonchelo

La loca dama, desnuda y salvaje
se recuesta y lucha
con su músico:
que manteniéndola
entre las piernas
va aprendiendo
músculo a músculo
el gemido denso
de madera ronca
la doma intensa
el sexo acústico. 

*Traducción de Mario Grande.



Duo 

O Violino

Entregue à sutil carícia
da curva do queixo
mal finge
que freme mesmo
é ao balé febril
da pontas dos dedos.
(Talhado em nobre madeira,
o filho de Eros
é dado ao gozo animal
Ao humano sexo…)


Violoncello

A louca dama, nua e fera
deita e luta
com o seu músico:
que a mantendo entre as pernas
vai aprendendo
músculo a músculo
o gemer denso
de madeira rouca
a doma intensa
o sexo acústico.




Rápido monólogo do caçador com sua caça

Trago
Pardos
Os olhos
De cobiça
Que atiro
Sobre ti,
Teu verbo/teu sexo:

Tua presa 
de
marfim.




Cartório do 2º ofício

Cato os minutos, 
Grãos de milho
Caídos na música
Datilográfica
Do relógio velho
Da parede;
Sementes loiras
De tão sonífera
Claridade
Que só os posso
Contemplar
Com os olhos
Semicerrados;
Óvulos de pó
Que ajunto
No bojo do avental
Para tentar
Saciar a fome
Desse galo voraz,
Desse expediente infindo.




Férias

A adstringência argilosa de tua carne
Pressupõe certas fúrias inauditas, 
Iras cintilantes de matéria
Que desmentem toda metafísica.
Escrita em fogo e sal, a tua carne, 
É experimentada em incoerentes heresias
( Poema linearmente metrificado 
e também dissolutamente corrompido ).
Escrita em fogo e sal, a tua carne, 
É carne-álgebra
Ou carne-geometria, 
Carne ( e apenas carne )
Somente a carne —:
A carne sem qualquer filosofia.




Vampiro

A palavra 
querida 
do teu nome 
é morcego 
nas minhas 
madrugadas 
e consome 
o meu sangue 
e minha alma. 
Consome: 
que és incêndio 
em minha casa... 





Amiga

Amiga, 
lavei os pratos,
mas a mágoa
mastigou-me
o inteiro dia
— esse pedaço
de carne crua
com nervos difíceis
aos dentes,
que sou —.
Se ao menos
eu pudesse banhar
meus pés
na bacia de ágata
do meu avô,
não perdoaria tanto
meus sentimentos
mesquinhos
e debruçaria-me
sobre o balcão
sem rir
e seria
mais triste e grave
e, claro, vestiria luto
por tudo
que foi morto
na minha e tua amizade.
Mas, como vês, 
Não sei da bacia branca
donde eu sairia 
apaziguada.





Memória

O meu pai 
possuía uma das asas 
muito negra 
e dele herdei 
estas estrelas na testa 
e esta noite excessiva. 
De minha mãe 
lembro apenas 
clarins e água 
e que cantava 
canções de janeiro. 
As pedras brancas 
do xadrez 
deslizam suaves 
sobre a asa muito negra 
que foi do meu pai 
e eis toda a lembrança 
que tenho da pátria.




Inventário

O armário 
esconde coisas insuspeitadas 
sol 
nudez 
tintas 
— essa coleção de peças íntimas. 
O armário 
esconde ideogras
e se chinesas, 
e, num canto escuro, 
uma cetra.




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