miércoles, 25 de noviembre de 2015

RICARDO MARQUES [17.614] Poeta de Portugal


RICARDO MARQUES 

(SINTRA, Portugal 1983)

Doutorado em Estudos Anglo-Portugueses com uma tese sobre a intertextualidade na obra poética de Nuno Júdice.

Investigador e crítico, tem escrito sobre vários poetas e livros para revistas da especialidade (Colóquio-Letras, JL).

Coordenador da colecção de Poesia traduzida da Não (edições), organizou e traduziu antologias de autores tão diversos quanto Amy Lowell, D.H. Lawrence, Tennessee Williams ou Vicente Huidobro.

Sairá, em breve, o seu terceiro livro de poemas, bem como uma antologia da sua poesia em Espanha e no Irão.



DEL MANIQUÍSMO 

Es así, tiene que ser, porque la
obligación a nada obliga
realmente: cierra los ojos e
imagina aquello que ellos puedan
estar haciendo –mientras, el
viento tiene que pasar, helado o
caliente, porque los días son simplemente
así, maniqueístas, como las
manos que los hacen. Imagina entonces
el desierto, un hombre dormido de
día al son del tiempo, intentando
detenerse en personas que nunca
conocerá de  verdad, mientras
camina de noche sudando el deshielo
con  el que llora: Ciertamente nevará
sobre sus creencias, pero
su corazón derretirá cada copo
a flor de la piel: bastará
abrir la boca y pensar: yo soy
esto, yo estoy aquí. Aunque
acabe la vida ahora.

Servidões (nãoEdições, 2013)
Trad: Montserrat Villar González


DO MANIQUEÍSMO 

É assim, tem de ser, porque a
obrigação a nada obriga
realmente: fecha os olhos e
imagina aquilo que eles possam
estar a fazer – enquanto isso o
vento tem de passar, gelado ou
quente, porque os dias são mesmo
assim, maniqueístas, como as
mãos que os fazem. Imagina então
o deserto, um homem dormindo de
dia ao som do tempo, tentando
deter-se em pessoas que nunca
conhecerá de verdade, enquanto
caminha de noite suando o degelo
com que chora: Por certo nevará
em cima das suas crenças, mas o
seu coração irá derreter cada floco
à flor da pele: bastará
abrir a boca e pensar: eu sou
isto, eu estou aqui. Mesmo que
acabe a vida agora.

Servidões (nãoEdições, 2013)



EL ECLIPSE 

Ella no sabe nada sobre el mundo,
prefiere sentirlo, cuando todos a
su alrededor viven contra el eclipse de la
moneda. La bolsa es simplemente una
figura abstracta, espacio entre lo
animal y lo calculado: y ella intenta
comprender las oscilaciones entre los
opuestos –perder o ganar contra
una ciudad, contra un alma- son
verbos siempre en las bocas efímeras
de quien los manipula: quien quiere
amar no hace preguntas, debe
apostar sin volver atrás, sin

Hay que aprender entonces con el
Hombre que perdió todo y salió a
dibujar flores en un papel: al final
nadie comparece al encuentro
de la muerte, de la pasión, porque las
cosas continúan a pesar de nosotros, de
nuestro eclipse en ellas.

Servidões (nãoEdições, 2013)
Trad: Montserrat Villar González



O ECLIPSE 

Ela não sabe nada sobre o mundo,
prefere senti-lo, enquanto todos à
sua volta vivem contra o eclipse da
moeda. A bolsa é apenas uma
figura abstrata, espaço entre o
animal e o calculado: e ela tenta
perceber as oscilações entre os
opostos – perder ou ganhar contra
uma cidade, contra uma alma – são
verbos sempre nas bocas efêmeras
de quem os manipula: quem quer
amar não faz perguntas, deve
apostar sem voltar atrás, sem
pensar.

Há que aprender então com o
homem que perdeu tudo e saiu a
desenhar flores num papel: no fim
ninguém comparece ao encontro
da morte, da paixão, porque as
coisas continuam apesar de nós, do
nosso eclipse nelas.


Servidões (nãoEdições, 2013)



SENTIDO ÚNICO 

Sólo hay un sentido para la vida: ir
hacia adelante. Reduciendo la velocidad
se pueden evitar los obstáculos, pero solo
porque vemos mejor lo que nos quiere
detener y tenemos tiempo para reaccionar.

No siempre es sencillo, además: todo se
complica cuando percibimos que hay
varios sentidos, no solo uno, para
hacerlo – escribimos en un cuaderno
la palabra Amor y después aparece una
piedra en el camino del verso, de la hoja
en blanco – Sólo el sentido común, que
nunca mira a los sentidos obligatorios
y anda siempre por las calles sin sentido,
nos puede ayudar en la via sacra de la vida.

Y de lo demás, yo siempre oí decir que
en Roma  se tiene que ser romano.

Servidões (nãoEdições, 2013)
Trad: Montserrat Villar González



SENSO ÚNICO

Só há um sentido para a vida: ir
em frente. Reduzindo a velocidade
pode-se evitar os obstáculos, mas só
porque vemos melhor o que nos quer
prender e temos tempo de agir.

Nem sempre é simples, porém: tudo se
complica quando reparamos que há
vários sentidos, não um único, para
o fazer – escrevemos num caderno
a palavra Amor e logo aparece uma
pedra no caminho do verso, da folha
em branco – Só o senso comum, que
nunca olha para sentidos obrigatórios
e anda sempre por ruas sem sentido,
nos pode ajudar na via sacra da vida.

E de resto, eu sempre ouvi dizer que
em Roma se tem de ser romano.

Servidões (nãoEdições, 2013)



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