sábado, 11 de octubre de 2014

HELENA PARENTE CUNHA [13.628]


Helena Parente Cunha 

(Salvador, Bahía, Brasil 1930). Poeta, narradora, traductora, investigadora, ensayista, crítica literaria y, desde 1979 hasta su jubilación, profesora en la Facultad de Letras de la Universidad Federal de Río de Janeiro, de la cual actualmente es Profesora Emérita. Sus libros de poesía son: Corpo no Cerco (1968); Maramar (1980); Poemas de uma Viagem ao Japão (1995); O outro lado do dia (1995); Além de estar (2000); Cantos e cantares (2005); Caminhos de quando e além (2007); Impregnações na floresta. Poemas amazônicos (2013) y Poemas para a Amiga e outros dizeres (2014)



Estos poemas forman parte de la antología “Palabras del Inocente”, realizada por Alfredo Pérez Alencart para Editorial Edifsa y la Fundación Salamanca Ciudad de Cultura y Saberes.



BLOQUEO

¿dónde sopla ahora el viento 
que llevaba lo que yo decía?

¿dónde se perdieron los nombres 
que tuvieron tantas cosas?

¿dónde quedaron las cosas
que mi voz fue llamando?

¿y mi voz
cómo así sustraída?

gusto de piedra 
en la saliva de mi lengua

las palabras me emparedan
donde hubo mi boca


BLOQUEIO

onde sopra agora o vento
que levava o que eu dizia?

onde se perderam os nomes
que tantas coisas tiveram?

onde ficaram as coisas 
chamadas em minha voz? 

e minha voz 
como assim subtraída? 

gosto de pedra
na saliva em minha língua

as palavras me emparedam
onde houvera minha boca




GEOMETRÍA

Paralela al espejo 
avanzo 
en los puntos 
y en las líneas 
que me trazan

las cóncavas manos 
donde
me elipso

en la risa horizontal
mi rostro
vertical al
llanto



GEOMETRIA

paralela ao espelho 
avanço 
nos pontos 
e nas linhas
que me traçam 

as côncavas mãos 
onde
me elipso

no riso horizontal
meu rosto
vertical ao 
pranto




VENIDA

vengo no sé
vengo de qué sombra
caminando cómo
abrazando niebla

vengo tal vez
de perdido dónde
buscando por qué

yo vengo noche
de remoto aqui
rastreando tiniebla
que nace de mí




VINDA 

venho não sei
venho de que sombra
caminhando como
enveredando névoa 

venho talvez
de perdido onde 
buscando porque
tateando através

eu venho noite
de remoto aquém
rastejando treva 
que nasci de mim





ANILLO DE VIDRIO

bajo los arcos de las arcadas 
escondí mi anillo 
el anillo que no te di.

bajo el arco del arcoiris 
puse la red encantada 
para mi sueño de vidrio

sobre las cuerdas del arco 
recordé remotos tonos
reflejé perdidos hilos

despierto sin mi anillo
hice eco en el último color
me arqueo quebrado vidrio




ANEL DE VIDRO

sob os arcos das arcadas 
ocultei o meu anel  
o anel que não te dei 

sob o arco do arco-íris
armei a rede encantada
para o meu sono de vidro 

por sobre as cordas em arco 
recordei remotos tons  
refleti perdidos fios 

acordo sem meu anel 
ecoei na última cor
me arqueio quebrado vidro




EFÍMERO DÍA

En mi efímero día 
las horas son tan de repente
que no sé cuándo anochece 
en el fenecido jardín
donde las auroras de antaño
anunciaban
centelleos de sol al cenit

El afilado filo de las horas
me rasga las líneas de la mano
y me enmaraña
en las mallas del tiempo ido
y por venir.



EFÊMERO DIA 

No meu efêmero dia
as horas são tão de repente
que não sei quando anoitece 
no fenecido jardim 
onde as auroras de outrora
anunciavam 
reverberações de sol a pino

O afiado fio das horas 
esgarça-me as linhas da mão 
e mim emaranha 
nas malhas do tempo ido 
e por vir




SOBRE EL SUEÑO

cuántas naves a la espera de puertos 
más allá del mar que avistamos
y de otros que nunca supimos

entre el cielo encima del mar
y el otro sobre este cielo
cuántos vuelos a la espera de alas

entre los sueños que soñamos
y el sueño que nos soñarán
cuántos sueños por despertar



SOB O SONO 

quantas naus à espera de portos 
além do mar que espreitamos
e de outros que nunca soubemos

entre o céu acima do mar
e o outro acima este céu
quantos vôos à espera de asas 

entre os sonhos que sonhamos
e o sonho que nos sonharam
quantos sonos por acordar




HELENA PARENTE CUNHA 

Nasceu em Salvador (BA), em 1930. Poeta, ficcionista, tradutora, professora universitária, pesquisadora, ensaísta e crítica literária. Em 1954, com bolsa de estudos da CAPES, especializou-se em Língua, Literatura e Cultura Italiana em Perúgia (na Itália). Seus primeiros escritos foram publicados no Suplemento Literário do jornal Estado de São Paulo, na revista Tempo Brasileiro, na Revista Brasileira da Língua e Literatura, entre outros. Em 1956, deu inicio aos seus trabalhos de tradutora de obras da língua italiana. Trabalha, desde 1968, na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Estreou, em 1960, com o livro de poemas Corpo do gozo, premiado no Concurso de Poesia da Secretaria de Educação e Cultura da Guanabara, em 1965. Outros livros de poesias da escritora: Corpo no cerco, editora Tempo Brasileiro, 1978, com apresentação de Cassiano Ricardo; Maramar, editora Tempo Brasileiro, 1980; O outro lado do dia, editora Tempo Brasileiro, 1995; e Além de estar, editora Imago, 2000 (reúne seus livros de poesia anteriores, além de trazer material inédito). A poesia de Helena Parente Cunha tem o mérito de iniciar no país um avanço em relação ao Concretismo — experiência que iria desaguar no movimento neobarroco, principalmente com o poema “Além de estar”.   
Salomão Sousa


ALÉM DE ESTAR

vesti-me com a luz pendida
nas espumas que mais brancas

nas ondas que mais ondas
descontei o meu ficar

nas pedras depois das pedras
meu deixar-me por deixar

nos azuis de mais que azul
meu estar-me além de estar



CREPUSCULAR

perpendicular
ao caminho
insisto
andar

circunscrita
na hora
duro
o percurso

horizontal
cheguei
para
me crepuscular




RETRATO

de agora a mil horas 
o meu retrato 
ainda estará aqui 

quem aparece 
onde pareço? 

pouso de passagem 
na fotografia 

atrás do quadro 
que me contorna 
desapareço 

quem comparece 
na própria face? 

poso de novo 
(me encontra pronta 
cada hora que mil) 

de agora a mil horas 
quem perece 
no meu retrato







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