Maria Sousa (Portugal)
Exercícios para endurecimento de lágrimas, Edições Língua Morta, 2010
El proceso de contar historias es siempre lento
se comienza por el principio
y hay quien dice que llegar al fin es simple
una frase es la mejor medida
para unir los fragmentos
y si la noche al subir por la voz
es un método de fabricar silencios
y el corazón un órgano que
espía a través de los agujeros de la gramática
es en el fondo porque tiene como frontera un cuerpo
O processo de contar histórias é sempre lento
começa-se pelo início
e há quem diga que chegar ao fim é simples
uma frase é a melhor medida
para juntar os fragmentos
e se a noite a subir pela voz
é um método de fazer silêncios
e o coração é um órgão que
espreita pelos buracos da gramática
no fundo é porque têm um corpo como fronteira
por ahora las palabras son
marcas que los dedos dejan en la piel
cuando ya no hay restos de la voz en el habla
en el momento en que con lentitud
escribo el silencio en el cuerpo
como movimiento imperfecto de la respiración
acepto lágrimas
por agora as palavras são
marcas que os dedos deixam na pele
quando já não há restos de voz na fala
no momento em que devagar
escrevo silêncio no corpo
como movimento imperfeito da respiração
aceito lágrimas
A mulher
organiza as sombras para evitar o escuro
na pele sente o medo
é prudente na batalha com as perguntas
que pousam no dia
sorriso
quando o som do telefone invade a sombra
nenhuma palavra lhe sai da voz
deverá falar como se fossem outras coisas a
respirar em vez do grito?
à janela, o vento e o sol, limpam-lhe as vozes
sobrepostas a dizer aquilo que a voz não diz.
mas não hoje
disse que não seria capaz de mudar
perdida no quarto, pequenino, onde utiliza os hábitos
como movimentos grosseiros
nenhuma palavra ali tem asas
fica apenas o silêncio onde a mulher fecha
as persianas e depois as cortinas
sem explicar o sentido do grito.
Maria Sousa (Portugal)
de Exercícios para endurecimento de lágrimas, Edições Língua Morta, 2010
No hay comentarios:
Publicar un comentario