viernes, 15 de octubre de 2010

1515.- WEYDSON BARROS LEAL


Weydson Oliveira de Barros Leal (Recife, Pernambuco, 08 de diciembre de 1963) es un escritor y columnista de Brasil.
Ha realizado estudios de literatura portuguesa, hispánica, francesa e inglesa. Ha publicado los libros de poesía: Agua e Pedra (1985); O Aedo (1988); O Opio e o Sal (1991); Os Círculos Imprecisos (1994). Ha escrito algunos ensayos y comentarios sobre las obras de Rimbaud, Rilke, Baudelaire, Mallarmé, Derek Walcott, entre otros.
En 1985 publicó una colección de poemas, de Piedra y del Agua, a invitación del poeta César Leal, como una reedición de la revista Estudios Universitarios de la Universidad Federal de Pernambuco.
En 2009 terminó su último libro de poesía, El Cuarto de la Cruz. Actualmente reside en Río de Janeiro.



Os frutos

No cesto da feira,
na vitrine gelada
de um copo de suco,
os frutos acendem
a alegria das cores.

Um fruto é o tempo
que não esqueceu o sabor.
É ainda o mesmo
o novo fruto, e sempre antiga
dessa polpa a tradução:
na superfície da língua,
no interior da pupila,
são úmidas carícias
dissolvidas em suco.

Outro sol ilumina
a eternidade de um fruto.
De dentro pra fora,
na textura da pele,
explodem memórias
de dulcíssimos nomes:
uva, carambola, morango, graviola,
pinha, laranja, melancia, mamão
- de nomes doces até
o tamarindo e o limão -,
lembram o açúcar, a face da infância,
o amargo e o doce
da revivida lembrança.








Noite


Docemente o tempo soava, ela contou como a noite que habitava seu corpo.

(as meninas choram quando perdem teorias, os meninos também criam teorias, as meninas e os meninos choram)

Não sei se agora é acordada a menina, pareceu mulher.

Doce mulher de pele noturna e olhos de amêndoa madura, não voltará a vê-la o beijo que imaginei...

Pintamos o outro com o que chamamos afinidade — ela falou —
e há pessoas em que vivemos, em quem sabemos a cumplicidade — lhe falei.

(há os olhos e os dentes por se tocar — a música dos gestos é sempre incerta como os corpos — esta sinfonia de cores e de líquidos...)

É assim que lhe desperta sua fragilidade de deusa ou amêndoa colhida.

É assim sua teoria.


Nota:
Este poema inspirou "Buscando a Teoria", de Soares Feitosa.







A SEMANA


Devemos amar quando crianças.
Quando verdadeiramente somos
O medo e a solidão, a alegria e o contentamento
Em coisas demasiado simples, como
Parcerias em jogos de cartas, doces, guardados,
A vizinhança em assentos públicos.

Na idade adulta não se deve amar.

Não sabe o amor a idade da razão
Onde em si não cabe com o instinto animalesco da pureza.
Dizemos amar num tempo em que há o punho da sobrevivência,
Mas o amor não distingue a fome, e uma cegueira
Não alimenta o mesmo corpo que o pão corrói.

Amamos por piedade, por chão,
Amamos em agradecimento,
Amamos por pena, por cura, por limites,
Por precisão.
Amamos em detrimento, em culpa e abnegação;
Dizemos amar por paixão
Quando amamos em número,
E ávidos permanecemos escutando moedas e dentes
Em cerimônias e jornais.

Amamos por paz e por guerra,
Amamos por ódio, por reclusão,
Por definhamento e morte.
Somos amantes do companheiro, que é vão
Entre a arte e a solidão dos que só amam.
Amamos o medo que não nos deixa ficar sós,
E amamos as pessoas absolutamente sós, sós por nós
E que não tenham mais ninguém
A não ser os frutos do nosso conhecimento.
Buscamos amar o futuro e o passado –
Perseguimos o passado – e ambos não existem
Se o amor é onde e quando eternamente: amamos a vida –
A morte é a solidão desenvolvida.

Amamos sempre em 3ª. Pessoa,
Quando nosso cego propósito é um aniquilamento
Em nome de todas as formas verbais –
Amamos quando somos cegos.
E as vidas, como os amores e as mortes –
O amor e a morte são próximos
Como o ódio e a paixão –
Sempre acompanhadas de ritos e cerimônias ridículas,
Seguem pelas ruas a distribuir flores
E cartões de seasons.
Amamos quando estamos infinitamente doentes
De uma morte que se recupera – o amor é queda
E levitação.

Sejamos mais novos,
Envelheçamos como quixotes que geram sonhos e ilusões –
O amor é isto.
E não saberemos viver outra vida sem morte
Como não se cai sem estar de pé,
Como não se vê o sol sem estar de pé,
Como não se deve dizer como
Acabam os poemas,
Como findam as penas,
Como findam o amor e a semana,
Ou como ambos se renovam.



Do livro “O Aedo” (Prêmio Mauro Mota – Fundarpe, 1988 e Prêmio Othon Bezerra de Melo – Academia Pernambucana de Letras, 1989).


http://www.revista.agulha.nom.br/wb.html

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WEYDSON BARROS LEAL

Poemas-objetos estão na ordem do dia. A Editora Guararapes - EGM lançou estas garrafas cujos rótulos estampam versos do pernambucano Wedson Barros Leal. Não é muito fácil ler os poemas nas imagens divulgadas, mas vale o registro do trabalho do poeta-artista.

Material gentilmente enviado pelo editor Edson Guedes de Morais.

WEDSON BARROS LEAL

WEDSON BARROS LEAL

Extraído de:
2011 CALENDÁRIO poetas antologia
Jaboatão dos Guararapes, PE: Editora Guararapes EGM, 2010.
Editor: Edson Guedes de Morais

/ Caixa de cartão duro com 12 conjuntos de poemas, um para cada mês do ano. Os poetas incluídos pelo mês de seu aniversário. Inclui efígie e um poema de cada poeta, escolhidos entre os clássicos e os contemporâneos do Brasil, e alguns de Portugal. Produção artesanal.







http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/weydson_barros_leal.html







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