Arlindo Barbeitos
Arlindo do Carmo Pires Barbeitos, nació en Catete, Provincia de Icolo y Bengo, Angola, en 1940. En 1961, se exilió de su país por motivos políticos. Marchó a Francia, Bélgica, Suiza, Alemania, donde estudió Antropología y Sociología en la Universidad de Frankfurt. Se dedicó a la Etnología y fue profesor en la Universidad Libre de Berlín y en la Universidad de Angola, país al que regresó en 1975. Su poesía tiene reminiscencias de la poética tradicional africana, de tradición oral, y de la poesía china y japonesa. Obra Poética: Angola Angolê Angolema (1976), Nzoji (Sonho), (1979), O Rio. Estórias de regresso (Cuentos, 1985), Fiapos de Sonho, (1990) y Na Leveza do Luar Crescente, (1998).
En 1973 era profesor auxiliar en el Instituto de Etnología de la Universida Libre de Frankfurt. En 1975 regresó a su país, como profesor en el Instituto de Investigación Científica de Angola. Sus obras se han publicado en Alemania, Angola y Portugal.
Obras publicadas :
Angola, Angolê, Angolema, 1976
Nzoji Sonho, 1979
O Rio, 1985
Fiapos de Sonho, 1992
(Fuente: EDUCOM)
[trazos de nube
en el ala del pájaro rojo
volando
falena del ocaso
en tus labios azules
en la calma del paisaje
que tu mirada lleva suspendida
ahogada
se desliza la memoria de negreros
y esclavos
amada
qué recuerdo tendrán los peces
[el buey viene del sur
allí
donde el horizonte distante
es hilo de araña al viento
y
las noches se enrollan en la
tela fría del relente
por entre
los grandes cuernos del buey
planea la luna en cuarto menguante
y
sobre ella está
un cuervo adormecido
en el camino
yace una vieja
sin piernas
esperando la aurora
que
la niña trae
en sus brazos
sin manos
allí
en el sur
por detrás de tus ojos
[Basho – allí fuera el viento silba
los dedos están congelados
y
Angola tan lejos
[Traducció de Joan Navarro]
***
Las versiones de estos poemas son de Mijail Lamas (Culiacán, 1979).
hubo un tiempo
en que los pájaros azules
se detenían en las ramas de los viejos árboles
y las madres tranquilas daban el pecho a sus hijos
nos hacían creer
que un miedo de siglos era una leyenda
los gritos lejanos no sería otros
que los de un mono asustado
hubo un tiempo
en
las tardes de octubre
el tiempo
es
una tórtola deslumbrada
perdiéndose
en una milpa
pájaros de sombra
en un cielo azul fugado
se visten de nubes
y
la cobra negra de la noche
en campo de algodones
se tiñe en el claro de luna
amada
el rocío de la mañana
son lágrimas de viento
en tus ojos de hierba
el pasado
es una naranja
la lluvia
cae de tus ojos
el viento
tiene cabeza de gallo
y
el caimán
se llevó tu pierna
hacia
el palacio
de su rey
por los márgenes de la esperanza
y de la muerte
metiste tu mano
y
vi extendiéndose en las aguas
los dedos que me sujetan
en la laguna de un sueño
el cuerpo del caimán
es una balsa triste de palabras
secas
por los márgenes de la esperanza
y de la muerte
***
traços de nuvem
em asa do pássaro vermelho
voando
mariposa do ocaso
em teus lábios azuis
na calmaria da paisagem
que teu olhar traz suspensa
afogada
desliza a memória de negreiros
e escravos
amada
que lembrança terão os peixes
o boi vem do sul
lá
onde o horizonte distante
é fio de aranha ao vento
e
as noites se enrolam na
teia fria do sereno
por entre
os grandes cornos do boi
paira a lua em quarto minguante
e
sobre ela está
um corvo adormecido
no caminho
jaz uma velha
sem pernas
esperando a aurora
que
a menina traz
em seus braços
sem mãos
lá
no sul
por detrás de teus olhos
Basho – lá fora o vento assobia
os dedos estão gelados
e
Angola tão longe
Arlindo do Carmo Pires Barbeitos, nasceu em Catete, Província de Icolo e Bengo, Angola, em 1940. Em 1961, foi obrigado a fugir de seu país por motivos políticos. Foi para a França, Bélgica, Suíça, Alemanha, onde cursou Antropologia e Sociologia na Universidade de Frankfurt. Dedicou-se à Etnologia e foi professor na Universidade Livre de Berlim Ocidental e na Universidade de Angola, país ao qual regressou em 1975. A sua poesia tem reminiscências da poética tradicional africana, de tradição oral, e das poesias chinesa e japonesa. Obra Poética: Angola Angolê Angolema (1976), Nzoji (Sonho), (1979), O Rio. Estórias de regresso (Contos, 1985), Fiapos de Sonho, (1990) e Na Leveza do Luar Crescente, (1998)
α
[traços de núvol
a l’ala de l’ocell roig
volant
falena de l’ocàs
als teus llavis blaus
en la calma del paisatge
que la teua mirada porta suspesa
ofegada
s’escola la memòria de negrers
i esclaus
estimada
quin record tindran els peixos
[el bou ve del sud
allí
on l’horitzó llunyà
és fil d’aranya al vent
i
les nits s'emboliquen amb la
tela freda de la serena
per entre
les grans banyes del bou
planeja la lluna en quart minvant
i
damunt d’ella hi ha
un corb adormit
en el camí
jau una vella
sense cames
tot esperant l’aurora
que
la nena porta
en els seus braços
sense mans
allí
al sud
per darrere dels teus ulls
[Basho – allí fora el vent xiula
els dits estan congelats
i
Angola tan lluny
Arlindo do Carmo Pires Barbeitos, va nàixer a Catete, Província d’Icolo i Bengo, Angola, el 1940. El 1961, es veu obligat a fugir del seu país per motius polítics. Anà a França, Bèlgica, Suïssa, Alemanya, on estudià Antropologia i Sociologia a la Universitat de Frankfurt. Es dedicà a l’Etnologia i fou professor a la Universitat Lliure de Berlín i a la Universitat d’Angola, país on va tornar el 1975. La seua poesia té reminiscències de la poètica tradicional africana, de tradició oral, i de la poesia xinesa i japonesa. Obra Poética: Angola Angolê Angolema (1976), Nzoji (Sonho), (1979), O Rio. Estórias de regresso (Contes, 1985), Fiapos de Sonho, (1990) i Na Leveza do Luar Crescente, (1998)
[Traducció de Joan Navarro]
MÁS EN LA WEB:
http://seriealfa.com/alfa/alfa49/
No tempo/em que as pacaças entravam
no tempo
em que as pacaças entravam
pelos povoados
o vôo alvoraçado das perdizes
carregava sonhos
que
a mãozinha inerme de criança
feliz
agarrava ao lusco-fusco dos muxitos
no tempo
em que as pacaças entravam
pelos povoados
(Na leveza do luar crescente)
Oh flor da noite/onde todo o orvalho se perde
Oh flor da noite
onde todo o orvalho se perde
teus olhos
não são estrelas
não são colibris
teus olhos
são abismos imensos
onde na escuridão
todo um passado se esconde
teus olhos
são abismos imensos
onde na escuridão
todo um futuro se forma
oh flor da noite
onde todo o orvalho se perde
teus olhos
não são estrelas
não são colibris
(Angola Angolê Angolema)
"borboletas de luz"
borboletas de luz
esvoaçando
de cadáver em cadáver
colhem
o fedor dos mortos em
vão
e
pelos buracos da renda
dos dias
passam alacres
do mundo do esquecimento
ao país da indiferença
levando consigo
o pólen fatal
das flores da guerra
borboletas de luz
(Na leveza do luar crescente)
"oh alambique..."
oh alambique
de saudade
destilando
álcool de poesia
pára pára
oh alambique
de saudade
(Na leveza do luar crescente)
"imersa em sereno de lusco-fusco"
imersa
em sereno de lusco-fusco
e
suspensa em vazio
São-Tomé
carrocel de montanhas
carregador de nuvens
transportados de sonhos
irrompendo
de abismo de espuma
e
sumindo
em precipício de bruma
São-Tomé
suspensa em vazio
e
imersa em sereno de lusco-fusco
(Na leveza do luar crescente)
"na leveza do luar crescente"
na
leveza do luar crescente
sobe
a ilusão da felicidade
que
teu gesto distraído
me dá
como se
plumas vogando suaves
na brisa
fossem
vida de pássaro apodrecendo
na
leveza do luar crescente
(Na leveza do luar crescente)
"na transparência da tardinha"
na transparência da tardinha
que
impávidos imbondeiros sombreiam
cantar de galinha do mato
é
eco de um tempo
em
que ilusão e verdade
cirandavam alheias ao mundo
a esperança medrava verde
verde
como rebento de capim de outubro
na transparência da tardinha
que
impávidos imbondeiros sombreiam
(Na leveza do luar crescente)
"pela névoa de pesadelo"
pela névoa de pesadelo
a dor passa
clandestina
a fronteira dos instantes
e implacável
monta guarda
ao porão dos dias
ao contorno dos gestos
ao ruído das coisas
e
ao sentido das palavras
embaciadas
pela névoa do pesadelo
(Na leveza do luar crescente)
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