Paula Padilha
Paula Padilha, Brasil, es carioca. Publicó en 2001 el libro de poemas olhar descalço (Editora da Palabra) y en 2007 tempo inteiro (Editora Bem-Te-Vi). Ha publicado poemas en periódicos y revistas literarias. Es master en filosofía y actualmente cursa el doctorado en filosofía en la Universidad Federal de Río de Janeiro.
transición permitida
si aún tuviera chispa
en mi mirada distante
algo quedó por decir
en esta brea de noticias
la última palabra
permaneció intacta
en el cielo de la memoria
a la espera de la química
que transforme el callejón
avenida
ese oficio del verso
entre la primera palabra
y la insustituible
una avenida intermediaria
esbozo efímero
por donde escojo enveredar
mi desaliño
Traducción: Joan Navarro
transição permitida
se ainda houver faísca
em meu olhar distante
algo ficou por dizer
neste breu de notícias
a última palavra
permaneceu intacta
no céu da memória
à espera da química
que transforme o beco
avenida
esse ofício do verso
entre a primeira palavra
e a insubstituível
uma avenida intermediária
rascunho impermanente
por onde escolho enveredar
meu desalinho
Paula Padilha é carioca. Publicou em 2001 o livro de poemas olhar descalço (Editora da Palavra) e em 2007 tempo inteiro (Editora Bem-Te-Vi). Tem poemas publicados em jornais e revistas literárias. É mestre em filosofia e atualmente cursa o doutorado em filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
transició permesa
si encara tingués agudesa
en la meua mirada distant
alguna cosa quedà per dir
en aquesta brea de notícies
l’última paraula
romangué intacta
al cel de la memòria
a l’espera de la química
que transforme el carreró
avinguda
aqueix ofici del vers
entre la primera paraula
i la insubstituïble
una avinguda intermediària
esborrany efímer
per on escull encaminar
el meu malendreç
Paula Padilha és carioca. Publicà el 2001 el llibre de poemes olhar descalço (Editora da Palabra) i el 2007 tempo inteiro (Editora Bem-Te-Vi). Ha publicat poemes en periòdics i revistes literàries. És master en filosofia i actualment cursa el doctorat en filosofia a la Universitat Federal de Rio de Janeiro.
Traducció: Joan Navarro
transition permise
s’il y a encore une étincelle
dans mon regard distant
quelque chose reste à dire
dans ce noir de nouvelles
le dernier mot
est demeuré intact
au ciel de la mémoire
en attendant la chimie
qui transforme l’impasse
avenue
Traduction: Paula Glenadel
cet office du vers
entre le premier mot
et l’irremplaçable
une avenue intermédiaire
esquisse impermanent
par où je choisi de suivre
mon négligence
Paula Padilha est née a Rio de Janeiro. Elle a publié les livres de poèmes tempo inteiro (Editora da Palavra) en 2001 et olhar descalço (Editora Bem-Te-Vi) en 2007. Elle a des poèmes publiés en journaux et magazines spécialisés. Maître en Philosophie, actuellement elle fait son doctorat en Philosophie à l’Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Traduction: Paula Padilha
permitted transition
if there’s still a spark left
in my gaze so aloof
something unspoken remained
in this pitch dark of news breaks
the final word well spoken
remains as such intact
in memory’s heaven
as it awaits for chemistry
that transforms the alley
avenue
this office of verse
between the first word
and the irreplaceable one
an avenue lies intermediate
fleeting, inconstant draft
through which I choose to tail down
my raveling
Paula Padilha was born in Rio de Janeiro. She has published, in 2001, the book of poems olhar descalço (Editora da Palavra) and in 2007 tempo inteiro (Editora Bem-Te-Vi). She has poems published in literary journals and magazines. She has a Master’s Degree in Philosophy and is currently working on her Doctorate at Rio de Janeiro Federal University.
Translation: Billy Blanco Jr.
o discurso e as mãos
o discurso não continha verdade
ensaio em diminuto pensamento
e o instante só revelou a sua face
quando as mãos tocaram o desconcerto
pelos dedos o nó da eternidade
refez-se quando a fala era mais grave
e a memória trazida pelo tato
instaurou dois sorrisos frente a frente
efêmero
começo a entender a pressa
que insiste em me levar
para onde já estou
importa o movimento
como símbolo de estética
piruetas e arabescos
a fingirem convergência
assim seguimos juntos
o grande balé da dúvida
vivemos mais tempo
morremos mais vezes
livres de um só juízo
ao final
sempre amigos
se esse amor de raiz brotasse
flor no cascalho de idéias
e lastros poderíamos
esbarrar no susto
no embaraço
se soubéssemos celebrar
o improvável passo
atravessar a agulha
pelo buraco
traríamos alianças
ao invés dessas luvas
(tão bem polidas)
que não tocam a foz
dos nossos desejos
lapso
na pegada desse momento
brota um lastro
virado pro futuro
talvez antena simplesmente
melhor fossem velas
sobre mar profundo
cinema?
quando essa luz baixar
antes de olhos se fixarem
na imensa tela onde a imagem
nos desenrola para dentro
onde nada havíamos tramado
se nos deparássemos ali
sem roteiro ou argumento
a viver na carne o arrepio
da inesperada cena?
eclipse
ainda no osso a manhã
ampara um resto de insônia
expõe a textura dos olhos
por onde o espírito dissonante
não compreende
a origem da inesperada luz
uma vez na carne a manhã
conspira a favor do gesto
distende o que o breu adensou
segredo deserto pergunta
a ferida
escondida na noite aberta
vidro
ou
espelho
o que vejo
através
é
apenas o meio
ou
outro rosto
se mostra
na suspensão
da pergunta
acesa
sob a lâmina
dos olhos?
o discurso não continha verdade
ensaio em diminuto pensamento
e o instante só revelou a sua face
quando as mãos tocaram o desconcerto
pelos dedos o nó da eternidade
refez-se quando a fala era mais grave
e a memória trazida pelo tato
instaurou dois sorrisos frente a frente
efêmero
começo a entender a pressa
que insiste em me levar
para onde já estou
importa o movimento
como símbolo de estética
piruetas e arabescos
a fingirem convergência
assim seguimos juntos
o grande balé da dúvida
vivemos mais tempo
morremos mais vezes
livres de um só juízo
ao final
sempre amigos
se esse amor de raiz brotasse
flor no cascalho de idéias
e lastros poderíamos
esbarrar no susto
no embaraço
se soubéssemos celebrar
o improvável passo
atravessar a agulha
pelo buraco
traríamos alianças
ao invés dessas luvas
(tão bem polidas)
que não tocam a foz
dos nossos desejos
lapso
na pegada desse momento
brota um lastro
virado pro futuro
talvez antena simplesmente
melhor fossem velas
sobre mar profundo
cinema?
quando essa luz baixar
antes de olhos se fixarem
na imensa tela onde a imagem
nos desenrola para dentro
onde nada havíamos tramado
se nos deparássemos ali
sem roteiro ou argumento
a viver na carne o arrepio
da inesperada cena?
eclipse
ainda no osso a manhã
ampara um resto de insônia
expõe a textura dos olhos
por onde o espírito dissonante
não compreende
a origem da inesperada luz
uma vez na carne a manhã
conspira a favor do gesto
distende o que o breu adensou
segredo deserto pergunta
a ferida
escondida na noite aberta
vidro
ou
espelho
o que vejo
através
é
apenas o meio
ou
outro rosto
se mostra
na suspensão
da pergunta
acesa
sob a lâmina
dos olhos?
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