GONÇALO SALVADO nasceu em 1967, em Lisboa (Portugal), tendo residido durante toda a sua infância e a sua juventude em Castelo Branco (Beira Baixa). Licenciado em Filosofia, tem-se assumido como um poeta exclusivo do amor. Publicou sete livros de poesia: Quando, A Mar Arte, Coimbra, 1996, com desenhos de Ribeiro Farinha e prefácio de Peter Stilwell; Embriaguez, Editora Sirgo, Castelo Branco, 2001; Iridescências, Editora Sirgo, Castelo Branco, com ilustrações de Ambrósio Ferreira.
Poemas de Iridescências foram integrados em 2003 no álbum Encontro ao Luar, com serigrafias do artista espanhol Xavier, sobrinho-neto de Picasso, uma edição do Centro Português de Serigrafia, Lisboa, prefaciada por Maria João Fernandes; Duplo Esplendor, Edições Afrontamento, Porto, 2008, com desenhos de Manuel Cargaleiro e prefácio de Maria João Fernandes; Entre a Vinha, Portugália Editora, Lisboa, 2010, com prefácio de Fernando Paulouro e desenhos de Rico Sequeira; Corpo Todo, Labirinto, Fafe, 2010, com prefácio de Alexandre Franco de Sá e fotografias de José Miguel Jacinto e Ardentia, Editorial Tágide, Lisboa, 2011, com desenhos de Ambrósio Ferreira e prefácios de Fernando Paulouro e Maria João Fernandes.
Como antologiador, publicou, em 1999, a transcriação: Camões Amor Somente, Edição da Caja Duero, Salamanca, Lisboa, com prefácios de José Miguel Santolaya Silva e de Mendo Castro Henriques e desenhos de Ambrósio Ferreira e foi co-autor com Maria João Fernandes de Cerejas Poemas de Amor de Autores Portugueses Contemporâneos, Editorial Tágide, Lisboa, 2004, com abertura de Eduardo Lourenço e Posfácio de António Ramos Rosa e de Tarde Azul, Poemas de Amor de Saúl Dias, Desenhos de Julio, Bonecos Rebeldes, Lisboa, 2008.
Prepara, também em co-autoria, a publicação de A Chama Eterna O Cântico dos Cânticos na Poesia de Amor e na Cultura de Língua Portuguesa, com abertura de Agustina Bessa-Luís.
Em 2004 realizou na Galeria S. Mamede de Lisboa a sua primeira exposição de pintura e de desenho no contexto das comemorações do primeiro centenário do nascimento do pintor poeta Julio/Saúl Dias: «A Invenção do Paraíso», exposição prefaciada por Maria João Fernandes e com pareceres críticos de E. Perfecto Quadrado, António Ramos Rosa e Albano Martins. A sua primeira serigrafia com o título «Claridade» foi editada em 2006 pelo Centro Português de Serigrafia de Lisboa. Nesse mesmo ano participou na exposição colectiva «Caligrafias» comissariada por Maria João Fernandes na Casa Fernando Pessoa, Lisboa . Em 2007 0rganizou com Maria João Fernandes os dois números de homenagem aos 50 anos da revista «Folhas de Poesia».
Acerca da sua poesia pronunciaram-se autores e críticos como Pedro Mexia: “Quando, de Gonçalo Salvado insere-se na tradição mais rica da poesia portuguesa que é também a mais exigente: a tradição do lirismo amoroso(...) numa fecunda linha de erotismo casto que tem o seu expoente máximo no Cântico dos Cânticos. Existe em Quando um constante elogio da mulher que se liga a um júbilo do instante amoroso, numa sábia mistura de neo-platonismo e de erotismo murmurado.(...) Este percurso ao mesmo tempo genuinamente vivencial e rigorosamente poético, vive do fulgor que se atinge pela brevidade, pela dispersão e que traduz, sem sentimentalismo meramente retórico, um total empenhamento amoroso.” (Quando, 1996); Fernando Paulouro: “Gonçalo Salvado confirma neste seu novo livro um imenso talento poético e uma sobriedade na arte poética sobre o amor.” (Embriaguez, 2001); Mário Cláudio:
“Será necessário lembrar-lhe que se inserem os seus poemas numa das mais brilhantes tradições líricas, a que regista como antepassados o Cântico dos Cânticos e o Rubáyát, de Omar Khayyam?” (Embriaguez, 2001); Matilde Rosa Araújo: “Gonçalo Salvado: poeta autêntico que há-de saber a sua obra reconhecida e amada”. (Embriaguez, 2001); Jorge Listopad: “ O vinho doce. Amores relâmpagos. Versos ultra breves. Estenografia erótica. Flaches dos encontros. O livro de Gonçalo Salvado Iridescências é um artefacto bonito.” (Iridescências, 2002); Perfecto E. Quadrado: “Gonçalo Salvado é daqueles poetas a quem foi dado o dom de recriar o mundo e a luz e os nomes e as formas e as cores e os perfis do amor mais transparente e puro.” (Iridescências, 2002); Maria Augusta Silva: “Poesia que bebe o encantamento amoroso de Cântico dos Cânticos (…) no entanto a inventividade lírica não se deixa aprisionar. O poeta de Duplo Esplendor tem luz própria, a sua modernidade e qualidade imagética ocupam o lugar de uma frescura intrínseca.” (Duplo Esplendor, 2008) ; Fernando Guimarães: “Uma poesia secretamente emocionada, rigorosa na sua expressão verbal e, sobretudo, capaz de nos revelar aquela ´noite que ilumina´de que nos fala.” (Duplo Esplendor, 2008); Carlos Nejar: “Extraordinário poeta do amor, onde a música se alia ao fascínio das imagens, com a capacidade de sugerir, mais do que dizer, tocar a carnação do verso sem ferir a árvore.” (Corpo Todo, 2010) e António Ramos Rosa : “ Poeta lírico e erótico de um lirismo muito claro e muito perfeito, de uma claridade e unidade estilística extraordinárias. “ (Entre a Vinha, 2010).
IRIDESCENCIAS
I
Ningún rayo de sol
es suficientemente prolongado
para contener un poco
de tu claridad
II
Más peligroso que mirar de frente al sol
es contemplarte desnuda
en la más absoluta oscuridad
III
Dar a los labios es esplendor del fuego
y en tu pecho suavemente
incendiar la noche
IV
Qué lira compulsiva
quema de silencio
el corazón?
V
Para qué llevarte rosas
si en tu cuerpo reconozco
la plenitud de su perfume?
(Traducción: Alfredo Pérez Alencart)
IRIDESCÊNCIAS
I
Nenhum raio de sol
é suficientemente longo
para conter um pouco
da tua claridade
II
Mais perigoso que olhar de frente o sol
é contemplar-te nua
na mais completa obscuridade
III
Dar aos lábios o esplendor do fogo
e no teu peito suavemente
incendiar a noite
IV
Que lira compulsiva
queima de silêncio
o coração
V
Para quê levar-te rosas
se em teu corpo reconheço
a plenitude do seu perfume?
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