BETH BRAIT ALVIM
São Paulo, BRASIL 1952
Beth Brait Alvim tiene varios títulos académicos, entre otros: Licenciatura en Lengua y Literatura portuguesa y Brasileña; en Lengua y Literatura Francesa, Lengua y Literatura Latina. Ha publicado varios libros de poesía y ensayo, y sus poemas han sido incluidos en distintas antologías.
ANTOLOGÍA DE POESÍA BRASILEÑA
Org. de Floriano Martins y José Geraldo Neres
Selección de Jaime B. Rosa
Valencia, España: Huerga & Fierro Editores, 2006
Traducción de Antonio Alfeca
ORAÇÃO DAS MANHÃS
genuflexões
sobre a gastrite
ferro quente
água-benta
de fel
saliva
jarro de bílis
um nada
e clareia
dia fere.
um dia será ferido.
ORACIÓN DE LAS MAÑANAS
genuflexiones
sobre la gastritis
hierro caliente
agua bendita
de hiel
saliva
jarro de bilis
una nada
y clarea
el día hiere.
un día será herido.
POLLOCK
Pollock estático e
a enorme tela
ofusca a outra do vídeo
cegueira
equilíbrio
na lasca de unha
rente ao fio transparente.
vermelho suor
rasga geometrias
arquitetadas de amarelo-sangue.
Sangria
Loucura
quase estertor
Pollock emporcalhado
noite e dia
em êxtase.
Prisma humano
sem limite
branco.
POLLOCK
Pollock estático
y la enorme tela
oscurece la otra del vídeo
ceguera
equilíbrio
en el trozo de uña
junto al hilo transparente
rojo sudor
rasga geometrías
en arquitectura de amarillo sangre
sangría
locura
casi estertor
Pollock embrutecido
noche y día
en éxtasis.
Prisma humano
sin limite
blanco.
IRMÃO
arrancar a boca
em nome do homem
que nunca
em seus lábios
um beijo houve.
HERMANO
arrancar la boca
en nombre del hombre
que nunca
en sus labios
un beso tuvo
LUA
tese:
black-out
no espaço.
antítese:
qual loba
no cio
qual bicho
vadio
farejo
nos becos
um beijo.
sou meia
no escuro
inteira
aos bruxos
cadente
desejo.
a baba
vem crua
crateras
no ventre
nos dentes...
síntese:
em noite
de lua
sou fêmea
da rua
sou parto
crescente
LUNA
tesis:
black-out
en el espacio antítesis:
cual loba
en celo
cual bicho
vagabundo
busco
por los callejones
un beso.
soy media
en lo oscuro
entera
para los brujos
candente
deseo.
la baba
sale cruda
cráteres
en el vientre
en los dientes...
síntesis:
en noche
de luna
soy hembra
de calle
soy parto
OUTONO
quando era jovem
a dor doía
horizontal
bastava o pôr-do-sol
e os dias não eram iguais
hoje o outono escorre nos vitrais
e no outono a dor é
vertical
trajo vestes escuras
e baixo os olhos quando vejo o
horizonte
assim a dor
afunda meus pés no chão
amarra o nariz ao queixo
e a boca cerrada rumina terra
OTOÑO
cuando era joven
el dolor dolía
horizontal
bastaba la puesta de sol
y los días no eran iguales
hoy el otoño se escurre por los ventanales
y en otoño el dolor es
vertical
llevo ropas oscuras
y bajo los ojos cuando veo el
horizonte
así el dolor
ahonda mis pies en el suelo
amarra la nariz al mentón
y la boca cerrada rumia tierra
In extremis
rasgo caixas carcomidas pelo veneno de Cronenberg
gavetas vazias por deformações e restos de arcadas postiças
e não te vejo
perscruto nos rodapés empoeirados o cheiro das tuas unhas quebradiças e
mal polidas iluminadas com o mais barato esmalte
e não te sinto
lambuzo as dobradiças dos armários abandonados e elas chiam duras
duras e nada abrem e se se abrem
é para o nada
arranho o eco incessante da tua voz adentrando nas minhas axilas
e ouço meus demônios todos sussurrarem
que te reclame
torço os punhos debaixo do travesseiro
e sugo o vento que te fazia tossir e esmurrar
o fim de tudo
inundo meu ser vazio do ar que te animava
e me desespero a cada black out noticiado
sem nenhuma saída
alço varais que esvoaçam desnudos
e zumbem loucos nas noites natalinas
ou noutras quaisquer
enquanto a tigresa assassinada é sinal de que o céu vai despencar
de um lírico e feroz anti-happy-end holywoodiano
e de que ninguém mais está no cio
eu burilo minhas entranhas com todos os méis
urro meu útero seco babando o bafo quente dos dragões em pânico
um olhar sereno
disseram
opaco
eu diria
um véu entre o meu ser vivo
e a finitude
o sufoco de não me reter mais entre os
extremos
dedo e alma
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