domingo, 2 de octubre de 2011

4842.- EDSON CRUZ


Edson Cruz es poeta bahiano, de Ilhéus (Brasil). Graduado en Letras (USP). Coedita el sitio de Literatura y Arte Cronopios (www.cronopios.com.br) y la revista electrónica de literatura Mnemozine (www.cronopios.com.br/mnemozine).
EDSON CRUZ (1959). Nasceu em Ilhéus, Bahia, Brasil, terra do escritor Jorge Amado. Escritor, editor, revisor e preparador de textos. Estuda Letras na Universidade de São Paulo-USP e edita o site de literatura Cronópios (www.cronopios.com.br) e a revista literária Mnemozine (www.cronopios.com.br/mnemozine). Foi palestrante em eventos literários no Brasil, Uruguai e na Argentina, sempre falando sobre poesia, literatura na internet e literatura e novas mídias. Lançou em 2007, Sortilégio (poesia), pelo selo Demônio Negro. E-mail: sonartes@gmail.com


Señal verde

tantos años se arrastran
ya no me acuerdo de mi infancia
¿la tuve o fue un sueño?

todo se resume en una noche
noche de elección y enfrentamiento
allí, me hice en la soledad azul
del nacimiento

“¡si no quiere ir al culto
que siga allí, solo!”

seguí allí, y todavía estoy…
en casa oscura y sobresaltada
por sombras y faroles relampagueando
abandonado por dioses y afectos

no dormí, como no duermo ahora
no escapé, como no puedo aunque
allí, la voluntad de mi yo se impuso
mi porción de dolor amarilleó

permanecí en la infinitud de lo posible
y así abrazo al tótem
de vida que sutil me resta

en la contingente luz verde que se revela
acepto humilde y resignado
el gentil azote de la muerte que me espera.


Sinal verde

tantos anos se arrastaram
já nao me lembro de minha infancia
será que a tive, ou foi um sonho?

tudo se resume a uma noite
noite de escolha e enfrentamento
ali, me fiz na solidao azul
do nascimento

“se nao quer ir ao culto
que fique aí, sozinho!”

fiquei ali, e ainda estou…
em casa escura e sobresaltada
por sombras e fallos relampejando
abandonado de deuses e de afetos

nao dormi, como nao durmo agora
nao fugi, como nem posso embora
ali, a vontade de meu eu se impôs
minha porçao de dor se amarelou

permaneci na infinitude do possível
e assim abraço o totem
de vida que sutil me resta

na contingente luz verde que se revela
aceito humilde e resignado
o gentil açoite da morte que me espera.







linguagem

outeiro criado de acúmulos
tegumentos enrijecidos
essências exteriorizadas
depósito antiqüíssimo de
coisas que não deterioram
plástico cheio de esperma
restos que não evaporam
interiores de madrepérola
coisas não transformadas em
objetos de adorno
palavras não específicas
lamelibrânquios lâmina
branca de sentidos
forno onde se calcina
a cal da memória
fábrica de desmundos
mijos de civilizações
sambaquis
tudo que o tempo não
esquece nem envaidece





lenguaje

otero creado de cúmulos
tegumentos enrigidecidos
esencias exteriorizadas
depósito antiquísimo
de cosas que no deterioran
plástico lleno de esperma
restos que no evaporan
interiores de madreperla
cosas no transformadas
en objetos de adorno
palabras no específicas
lamelibranquios
lámina de sentidos
horno donde se calcina
la cal de la memoria
fábrica de desmundos
meos de civilizaciones
sambaquis
todo lo que el tiempo
no olvida ni envanece




insígnia

habito
este mundo
ave do paraíso
sem pernas
rascunho
que não pousa
nunca


insignia
habito
este mundo
ave del paraíso
sin piernas
borrador
que no posa
nunca







lágrimas oceânicas

Ano Bom Arzila Ormuz Azamor
Ceuta Flores Agadir Safim
Tanger Acra Angola Mogador
Aguz Cabinda Cabo Verde Arguim
São Jorge da Mina Fernando Pó
Costa do Ouro Portuguesa Zanzibar
Melinde Mombaça Moçambique
Guiné Portuguesa Macassar
Quíloa São Tomé e Príncipe Mascate
Fortaleza de São João Baptista de Ajudá
Socotorá Ziguinchor Bahrain Paliacate
Alcácer-Ceguer Bandar Abbas Cisplatina
Ceilão Laquedivas Maldivas Baçaim
Calecute Cananor Chaul Chittagong
Cochim Cranganor Damão Bombaim
Dadrá e Nagar-Aveli Damão Mangalore
Diu Goa Hughli Nagapattinam
Coulão Thoothukudi Salsette Masulipatão
Surate Nagasaki Timor-Leste
São Tomé de Meliapore Mazagão
Malaca Molucas Guiana Francesa
Nova Colónia do Sacramento Bante
Macau
Brasil
Portugal
Oh sal que corrói a pele de nossas almas.



lágrimas oceánicas

Ano Bom Arzila Ormuz Azamor
Ceuta Flores Agadir Safim
Tanger Acra Angola Mogador
Aguz Cabinda Cabo Verde Arguim
São Jorge da Mina Fernando Pó
Costa do Ouro Portuguesa Zanzibar
Melinde Mombasa Mozambique
Guinea Portuguesa Macassar
Quíloa São Tomé y Príncipe Mascate
Fortaleza de São João Baptista de Ajudá
Socotorá Ziguinchor Bahrain Paliacate
Alcácer-Ceguer Bandar Abbas Cisplatina
Ceilão Laquedivas Maldivas Baçaim
Calecute Cananor Chaul Chittagong
Cochim Cranganor Damão Bombaim
Dadrá e Nagar-Aveli Damão Mangalore
Diu Goa Hughli Nagapattinam
Coulão Thoothukudi Salsette Masulipatão
Surate Nagasaki Timor-Leste
São Tomé de Meliapore Mazagão
Malaca Molucas Guayana Francesa
Nueva Colonia del Sacramento Bante
Brasil
Macao
Portugal,
Oh sal que corroe la piel de nuestras almas.





eu
um ser
atônito feito um deus
absorto
em meu rosto
gotas de um mar
morto



yo
un ser
atónito como un dios
absorto
en mi rostro
hay gotas de un mar
muerto



palimpsesto

toda poesia já
escrita
não se equipara
a toda poesia
inscrita
a poesia jaz


palimpsesto

toda poesía ya
escrita
no se equipara
a toda poesía
inscrita
la poesía yace



esmero

retocar a canção
chegar até
a imperfeição
de mero josé
a impossível joão




esmero

retocar la canción
llegar hasta
la imperfección
de simple josé
a imposible juan




mi menor

a solidão
Bashô
em mim



mi menor

una soledad
Bashô
en mí




templo

lá em casa
o menino Jesus
com os meninos
tinha caso
com as meninas
engatinhava
o menino Jesus
lá em casa




templo

allá en casa
el niño jesús
con los niños
tenía caso
con las niñas
gateaba
el niño jesús
allá en casa



tombo

anuros
de etimologia obscura
mergulhos
em tanques imundos
sapos coaxando ali
tudo à revelia de mim
apupos
n’alma




caída

anuros
de etimología oscura
zambullidas
en estanques inmundos
sapos croando allí
todo se rebela contra mí
injurias
en el alma





sopro

assim como não há
eu vejo
assim como não dá
ensejo
assim e só assim
desejo




soplo

así como no hay
yo veo
así como no da
oportunidad
así y sólo así
deseo




Los poemas pertenecen a su libro Sortilégio (ed. Demonionegro, 2007), edición bilingüe portugués-español, realizada por Luis Benítez y Adriana de Almeida.

http://www.laotrarevista.com/2008/12/el-escritor-brasileno-edson-cruz/#more-118






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