domingo, 26 de abril de 2015

ANTÓNIO MANUEL PIRES CABRAL [15.768] Poeta de Portugal



António Manuel Pires Cabral

António Manuel Pires Cabral (Chacim, 13 de agosto de 1941),es un escritor y poeta portugués.

Estudió Filología Alemana y Ciencias Pedagógicas en la Universidad de Coimbra. Al finalizar sus estudios, se dedicó profesionalmente a la enseñanza secundaria; también ha sido responsable del área de cultura en el Ayuntamiento de Vila Real (Serviços Municipais de Cultura da Câmara de Vila Real) y durante el tiempo que ocupó dicho cargo, fue el promotor de la participación de este municipio en el Proyecto 5.2 del Consejo de Europa, y de la organización de las Jornadas Camilianas de Vila Real, que entre 1984 y 1990 reunieron en la ciudad a diversos estudiosos de la obra de Camilo Castelo Branco. También se encargó de la dirección la revista Tellus.

Paralelamente a todas estas actividades, ha cultivado diversos géneros literarios: poesía, novela, cuento, crónica y teatro; asimismo, manifestó siempre un gran interés por la cultura popular. Se dio a conocer al ganar el Prémio Círculo de Leitores (Premio Círculo de Lectores) de 1983 con la novela Sancirilo, sátira política que narra las intrigas sucesorias en torno a un dictador. Este libro, y el resto de su obra en prosa (incluido su teatro), se caracterizan por sus bien construidos argumentos, por su lenguaje preciso pero rico y expresivo, y por sus logrados diálogos.

El primer género literario que cultivó fue la poesía, estilísticamente escrita con formas clásicas y contemporáneas bien empleadas, e inspirada en Tras-os-Montes, su región natal, y sus habitantes; no obstante, no es un poeta regionalista o social, sino que parte de esas fuentes, conjugadas con su experiencia, para tratar temas humanos universales, metafísicos y religiosos.

Poesia

Algures a Nordeste. Macedo de Cavaleiros : edição de autor (1974)
Solo Arável. Vila Real : FAOJ (1976)
Trirreme. Coimbra : Centelha, (1978)
Nove Pretextos Tomados de Camões. Vila Real : Núcleo Cultural Municipal (1980)
Boleto em Constantim. Porto : O Oiro do Dia (1981)
Os Cavalos da Noite. Vila Real : Publicações Setentrião (1982)
Sabei por onde a luz. Vila Real : Comissão Regional de Turismo da Serra do Marão (1983)
Irgendwo im Nordosten / Algures a Nordeste. Edição bilingue português/alemão. Bremen : Edition Con (1983)
Artes Marginais. Antologia poética. Lisboa : Guimarães Editores (1998)
Desta Água Beberei. Vila Real : edição de autor (1999)
O Livro dos Lugares e Outros Poemas. Mirandela : João Azevedo Editor (2000)
Como se Bosch tivesse enlouquecido. Mirandela : João Azevedo Editor (2003)
Douro: Pizzicato e Chula. Lisboa : Edições Cotovia (2004)
Que comboio é este. Vila Real: Teatro de Vila Real (2005)
Antes que o rio seque. Poesia reunida. Lisboa: Assírio & Alvim (2006)
As têmporas da cinza. Lisboa : Edições Cotovia (2008)
Arado. Lisboa : Edições Cotovia (2009)

Prosa

Sancirilo (Romance). Lisboa : Círculo de Leitores (1983) - Lisboa : Editorial Notícias, 2ª edição reescrita (1996)
O Diabo Veio ao Enterro (Contos). Lisboa: Nova Nórdica (1985) − Lisboa : Editorial Notícias, 2ª edição aumentada (1993)
O Homem Que Vendeu a Cabeça (Contos). Lisboa : Nova Nórdica (1987)
Memórias da Caça (Conto). Vila Real : Jornadas Camilianas (1987)
Os Arredores do Paraíso. Crónicas de Grijó (Crónicas). Macedo de Cavaleiros : Câmara Municipal (1991)
Crónica da Casa Ardida (Romance). Lisboa: Editorial Notícias (1992)
Vila Real - Charlas com Apostila (Crónicas). − Vila Real: edição de autor (1995)
Raquel e o Guerreiro (Romance). Lisboa: Editorial Notícias (1995)
O Diário de C* (Narrativa). Vila Real: edição de autor (1995)
Portugal Terra Fria (Novela). Edição bilingue português/francês. Paris : Marval e Lisboa : Assírio & Alvim (1997)
Na Província Neva - Crónicas de Natal (Crónicas). Vila Real : edição de autor (1997)
Três Histórias Trasmontanas (Contos). Vila Real : edição de autor (1998)
A Loba e o Rouxinol (Romance). Lisboa: Âncora Editora e Círculo de Leitores. Edições simultâneas (2004)
O Cónego (Romance). Lisboa : Edições Cotovia (2007)
Trocas e baldrocas ou Com a Natureza não se brinca (Literatura infantil). Vila Nova de Gaia : Gailivro (2007)
Il Canonico. Tradução italiana do romance O Cónego. Roma : La Nuova Frontiera (2009)
O porco de Erimanto e outras fábulas (Contos). Lisboa : Edições Cotovia (2010)
O diabo veio ao enterro (Contos). 3.ª ed. Lisboa: Âncora Editora (2010)
Os anjos nus (Contos). Lisboa : Edições Cotovia (2012)

Teatro

O Consultório, O Poço e Seguir Viagem. In «Sete Peças em Um Acto», Coimbra : Centelha (1977)
Crispim, o Grilo Mágico. In «Teatro Infantil», Lisboa : Ulmeiro (1980)
O Saco das Nozes. Vila Real : Publicações Setentrião (1982)
Várias outras peças, embora mantendo-se inéditas, tem sido levadas à cena, tais como O Salto; Seguir Viagem; A Sentinela e o Muro; Mui Proveitosa História de El-Rei D. Satúrio V e do Sapateiro Meias-Solas; Silvestrinha e o Lobo; Contas Nordestinas (baseada no livro de contos O Diabo veio ao enterro); O homem que esteve sete horas empoleirado numa árvore e uma versão para teatro da história infantil O Capuchinho Vermelho

Otras

Os «Reis Falados» de Carviçais (Estudo). Vila Real : Núcleo Cultural Municipal (1979)
Vila Real - Presença de Camilo (Itinerário). Vila Real : Comissão Regional de Turismo da Serra do Marão (1983)
Vila Real: Itinerário Mínimo (Itinerário). Edição bilingue português/inglês. Vila Real : Hotel Miracorgo (1988)
Vila Real: Um Olhar Muito de Dentro (Itinerário). Com fotografias de Albano da Costa Lobo. Vila Real : Câmara Municipal (2001)
Vila Real: Seis Dias para um Distrito (Itinerário). Com fotografias de António Pinto. Edição bilingue português/inglês. Vila Real : Governo Civil (2004)
Dois Dias em Mende / Deux Jours à Mende (Reportagem). Edição bilingue português/francês. Vila Real : Câmara Municipal (2004)
Carrazeda de Ansiães (Itinerário). Carrazeda de Ansiães : Câmara Municipal (2006)
Vila Real – História ao Café (Estudos, co-autoria). Vila Real : Grémio Literário Vila-Realense / Câmara Municipal (2008)
Porto (Itinerário). Lisboa : Edições Everest (2009)
Prémios e distinções[editar | editar código-fonte]

Premios literarios

Prémio Literário “Círculo de Leitores”, 1983, com o romance Sancirilo
Prémio D. Dinis 2006, com Douro: Pizzicato e Chula e Que Comboio é este
Grande Prémio de Literatura DST 2008, com o romance O Cónego
Prémio de Poesia “Luís Miguel Nava” 2009, com As têmporas da cinza
Prémio Pen Clube de Poesia 2009, com "Arado", ex-aequo com a poetisa Maria da Saudade Cortesão Mendes
Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco 2010, com O Porco de Erimanto e outras fábulas

Distinciones

Medalha de Prata do Concelho de Macedo de Cavaleiros (4.3.1984)
Medalha de Prata de Mérito Municipal de Vila Real (10.6.1989)
Medalha de Mérito Cultural, atribuída pelo Ministro da Cultura (25.6.2003)
Medalha de Ouro da Cidade, atribuída pela Câmara Municipal de Vila Real (2006)
Prémio Douro Cultura 2009, da Revista Tribuna Douro
Poeta homenageado no Encontro “A Poesia está na rua” de 2009, em Santo Tirso
Medalha de Ouro de Mérito Municipal, atribuída pela Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros (2010)



No existe poema

No existe poema que valga el oboe
oculto en la voz de esta cautelosa
ave ribereña
que va monologando en una lengua
que los poetas desconocen

Traducción: Leo Lobos




EN EL CASTILLO DE ANSIÃES

Ya sé que lo que pasado pasado está,
la historia no es una serpiente
que se muerde la cola;

que los que aquí vivieron ya ni huesos son,
sopló sobre ellos el viento
extinguiendo la poca llama que fueron;

que cesó todo ruido, de fiesta o querella, 
descompuesto en la acidez de los días;

que los lugares donde acaso podría haber quedado
impresa alguna huella accidental,
alguna hendidura en la piedra con vocación de historia, 
están cubiertos por zarzas y avena salvaje.

Ya sé que los horizontes
que vamos recogiendo de lo alto de la muralla
con las cautelosas pinzas del afecto,
contrariamente a los que murieron,
ahí siguen
perpetuo desafío al viento y la mirada.

¿Y si ya sé todo eso:
carne frágil, minerales perennes;
y si con todo eso me conformo, como hombre
sobre quien también un día ha de soplar
el tiempo, y está dispuesto a perdonar;

por qué esta agua insumisa
que lentamente me moja el reverso de los ojos?



¿DE QUÉ SE RÍE YORICK?

I

¿Qué hace reír al bobo Yorick?
Completamente carcomido, circunscrito
a una caja de huesos vagamente redondeada
con algunos orificios
por donde se diría que entró la vida
y ahora no entran sino escarabajos,
babosas, larvas, las extensas
raíces de las hierbas dañinas
-¿qué hará reír a este hombre que fue?

Solo quizás –digo yo-  las impertinentes
cosquillas de la eternidad.

Que también a mí algunas veces
me han hecho reír antes de tiempo.

(De ARADO, Cotovia, 2009; Traducción: Luis María Marina)





Recado aos corvos

Levai tudo:
o brilho fácil das pratas,
o acre toque das sedas.

Deixai só a incomensurável
memória das labaredas


as escadas não têm degraus 3
livros cotovia
março 1990




A GAVETA DO FUNDO

A gaveta do fundo: onde guardava
brasas e jóias de família –
ou seja, reservas de calor
para os dias do frio que aí vêm.
A gaveta do fundo:
forçada a fechadura, saqueada,
desmantelada em tábuas e ferragens.
Dada a beber às altas labaredas
que, bebendo, multiplicam a sede,
em vez de a extinguir.





PUNHAL EXCELENTE

Já quase não há, o punhal excelente
com que a mim próprio me esventrei algumas vezes
para melhor me desentranhar em versos –
– esse lícitos salpicos de lama,
essas coisas à toa, hossanas, ambições,
promessas, juras, astutas
ingenuidades: toda essa merda que há
dentro do poeta e com que ele gosta
de borrifar os outros. Para que
não se fiquem a rir.
E eis que agoniza: o gume rombo,
manchas inamovíveis de ferrugem,
incapaz de incisões, definitivamente
inoperacional o punhal excelente.
Paz ao seu aço.



NORA

I

Muito tilintou esta nora.
Isso foi no tempo em que musgos,
heras, caracóis, lagartixas e ferrugem
não se tinham ainda sentado em cima dela.
Agora já não tilinta.
Secou-se-lhe o tilintar, que por sinal
era o som mais húmido do campo,
o mais quebradiço, mas também
mais apto a fecundar.


II

Mas não se extraviou nos complicados
trilhos do tempo:
limitou-se a migrar para dentro de mim.
Guardei-o num baú de que só eu tenho a chave
e donde às vezes o tiro para ouvir de novo
os pingos de prata derretida
caindo insistentes sobre a tarde esguia
que, aproximando-se do fim,
ficava de repente mais sonora
de pássaros e brisas, e de risos
e ralhos vindos da horta.

[in Gaveta do Fundo, de A. M. Pires Cabral, Tinta da China, 2013]



FECHOU A ESCOLA EM GRIJÓ


                    ao Frederico Amaral Neves
I

Dantes ouviam-se as crianças a caminho da escola
e eram como pássaros de som nas manhãs de Grijó.
Não eram muitas, mas as vozes joviais
davam sinal de que a aldeia resistia,
continha a distância o deserto que a ronda
como a alcateia ronda uma rês tresmalhada.

Agora as crianças, todas as manhãs,
são acondicionadas como mercadorias
numa viatura com vocação de furgoneta.
Lembram judeus amontoados
em vagões jota a caminho de algures.
Vão aprender em terra estranha o que os seus pais
e os pais dos seus pais aprenderam em Grijó.


II

Só se voltam a ouvir ao fim da tarde
quando a viatura as despeja no largo da aldeia
como artigos que ficaram por vender.
Mas ouvem-se pouco, porque vêm cansadas.
Ouvem-se pouco e triste porque o seu dia
foi deportado para outra terra onde
não se lhe firmam raízes.

O senhor ministro das Finanças está contente,
porque poupa meia dúzia de euros
com a violenta trasfega da infância.

Mas está triste Grijó, porque já não ouve
as suas aves da manhã a caminho da escola
— e por isso pode dizer-se que a aldeia encolheu,
ficaram uns metros mais perto
as dunas de amanhã.


III

Caladas as vozes tagarelas das crianças,
nos dias de Grijó poucas mais vozes se ouvem
do que as de alguns velhos que antecipam
em palavras raras, conformadas,
o dia em que o silêncio cobrirá com estrondo
o (des)povoado definitivamente.

O senhor ministro das Finanças terá poupado
mais alguns euros com a instauração
deste opressivo silêncio final,
e ficará contente.

Grijó não.






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