Isabel de Sá
Isabel de Sá (Punchbowl 8 de septiembre de 1951) es una artista, poeta y escritora portuguesa.
Isabel nació en Punchbowl el 8 de septiembre de 1951. Asistió a la Escuela de Bellas Artes de la Universidad de Oporto, donde se graduó en Bellas Artes / Pintura. Ejerció la profesión de maestra. Inaugura la primera exposición en 1977 en las galerías Dos y Alvarez, del Port, donde residía.
En 1979 se publicó el primer libro de poemas titulado Esquizo Frenia, pela editora &etc, con dibujos y cubierta de Gracia Martins. A partir de entonces inaugurará numerosas exposiciones individuales en galerías principalmente en Lisboa y Oporto, incluyendo Galeria Árvore do Porto (1979, 1980, 1983, 1987, 1990, 1993), Galeria Opinião de Lisboa (1978, 1979, 1980 ) en Labirintho do Porto (1992).
Bibliografía
1979- Esquizo Frenia (edições &etc, capa e desenho de Graça Martins )
1980- 5 Folhetos Poéticos (edição das autoras, com desenhos de Graça Martins )
1982- O Festim das Serpentes Novas (Brasília editora, capa e desenhos de Isabel de Sá, desenho de Graça Martins , prefácio de Maria Isabel Barreno )
1983- Bonecas Trapos Suspensos (editora Frenesi)
1983- Desejo ou Asa Leve (edição Fenda, desenho de Graça Martins )
1984- Autismo (edições &etc, capa de Isabel de Sá, desenho de Graça Martins )
1984- Restos de Infantas (edições Ulmeiro, capa e desenhos de Graça Martins , prefácio de Eduarda Chiote )
1984- Nervura (edição Mirto, desenhos e capa de Graça Martins )
1986- Em Nome do Corpo (edições Rolim, desenhos e capa de Graça Martins )
1988- Escrevo Para Desistir (edições &etc, desenho de Isabel de Sá)
1991- O Avesso do Rosto (ed. Caminho)
1993- O Duplo Dividido seguido de Palavras Amantes e Os Poetas Suicidas (ed. &etc, capa e desenhos de Isabel de Sá)
1997- Erosão de Sentimentos (ed. Caminho)
1999- O Brilho da Lama (ed. &etc, capa e desenhos de Isabel de Sá)
2005- Repetir o Poema (poesia reunida 1979-1999) (ed. Quasi, capa de Isabel de Sá)
Exposições Individuais
1977- Galeria Dois, Porto/ Galeria Alvarez, Porto
1978- Galeria Opinião, Lisboa
1979- Galeria Opinião, Lisboa/ Galeria Árvore, Porto
1980- Galeria Árvore, Porto/ Galeria Opinião, Lisboa
1983- Galeria Espaço A- Clube 50, Lisboa/ Galeria Árvore, Porto
1986- Galeria Espaço A- Clube 50, Lisboa
1987- Galeria Árvore, Porto/ Galeria Barca d´Artes, Viana do Castelo / Galeria Templo do Gato, Lisboa
1988- Galeria Augusto Gomes, Matosinhos
1990- Galeria Árvore, Porto
1992- Galeria Labirintho, Porto
1993- Galeria Árvore, Porto
2002- 25 Anos de Pintura (em conjunto com Graça Martins), Galeria Alvarez, Porto
2003- Das Trevas Para a Luz , Galeria São Mamede, Lisboa
2005- O Rosto do Mundo , Galeria Símbolo, Porto
2007- O Triunfo da Natureza , Galeria Símbolo, Porto
2008- The Love Box , Galeria Solar de Santo António, Porto
2011- A Imagem Coisa Primordial , Galeria João Pedro Rodrigues, Porto
2012- Elementos Naturais e Outros Figurantes , Galeria Porto Oriental, Porto
Exposições Colectivas (selecção)
1983- I Bienal de Chaves , Chaves (Laureada com o primeiro prémio)
1984- Lagos 84 , Lagos
1985- Um Rosto Para Fernando Pessoa , Centro de Arte Moderna, Lisboa
1986- Kunstlergruppe , Galeria T3, Mannheim ( Alemanha )
1987- III Bienal de Chaves
1988- 25 Anos/ 44 Artistas , Galeria Árvore, Porto
2000- Cerveira 2000 Arte Contemporânea , Vila Nova de Cerveira
2001- Euro-World , Franquefurte (Alemanha)
2002- VII Bienal de Artes Plásticas, Cidade de Montijo -Prémio Vespeira , Montijo
2012- Quarta Exposição Arte Urbana , Porto
CONCLUSIÓN
Fui amante de la muerte
Y de la belleza. Vi la locura,
Creí en la vida.
De la infancia hablé
Como lugar de abismo.
El placer
Fue también la gran fuente
De perturbación y alegría.
Recordé las mujeres
Que rechazaron someterse,
Escribí palabras fúnebres.
No guardé la adolescencia,
El corazón resentido
Y no supe qué hacer
De mí fuera de las palabras.
Escribí para renunciar
Y depender
Y tener identidad.
Traducción por Sandra Santos
CONCLUSÃO
Fui amante da morte
E da beleza. Vi a loucura,
Acreditei na vida.
Da infância falei
Como lugar de abismo.
O prazer
Foi também a grande fonte
De perturbação e alegria.
Lembrei as mulheres
Que recusaram submeter-se,
Escrevi palavras fúnebres.
Não poupei a adolescência,
O coração magoado
E não soube que fazer
De mim fora das palavras.
Escrevi para desistir
E depender
E ter identidade.
Realidade
Por causa de um livro
vieste ao meu encontro.
Era Verão, não sabias de nada
nem isso interessava. Palavras
amavam-se fora de ti,
no atropelo das emoções.
Lá chegaria a primeira vez,
o encontro apressado num lugar
público. Desfeito o erro
ao toque da pele, não sei
se havia medo, a paixão queria-me
no lugar exacto do teu coração.
Palavras enrolam-se na sombra
da vida a dor do sentimento.
Atingido o espírito, o tempo
da infância, a realidade. Em ti
a solidão que o prazer
não mata. Quero a beleza
dos versos revelada.
Alguns anos passaram sobre
a nossa história que não acabou.
A tarde envelhece e escrevo isto
sem saber porquê.
Isabel de Sá, in “Erosão de Sentimentos”
DENTRO DAS IMAGENS
Os poemas têm veneno na boca.
Na estrada da minha vida
plantei a árvore
sem saber quem era.
Em que parte do planeta
há mais ódio? A matéria
erosiva transforma o corpo
e não há regresso. Não
restará um monte de estrume.
Em todo o lado
parece que o mundo em desordem
pouco a pouco enlouqueceu
e os homens atam a corda
à espera que aconteça.
São infelizes
mas não o suficiente.
Não sabem dizer
por que se esquecem de amar.
*
Só o lume dos teus beijos rompe
a treva onde a solidão nos mata.
Enrolamos a vida no escuro,
na semente de um amor atribulado.
Conhecemos o ritmo e a sede,
a convulsão do desamparo.
No sentido do corpo, no acerto
desce a força pelos braços
na violenta festa do prazer.
Tudo o que disseste
no desaforo da paixão
só podia incendiar a vida inteira
e encher de esperança o universo.
A VERDADEIRA BIOGRAFIA: O PERCURSO
A minha biografia
é evidentemente excepcional.
Tive um Pai uma Mãe
nasci numa Casa
fui à Escola da vila
depois do concelho.
Mudei de distrito para
continuar
e o caminho da instrução
concretizou-se na Faculdade
de Belas Artes.
Da infância passada em plena
Natureza lembro
a beleza das estações do ano
os rituais católicos
uma criada preferida
o instante em que aprendi a ler.
Chegou a adolescência
e com ela a certeza
Quero ser professora de Desenho.
Suponho que a Biblioteca
me salvou do desastre
interior.
Tinha dezassete anos
e requisitei “Uma Época
No Inferno” de um rapazito
chamado Jean - Arthur Rimbaud.
Na Biblioteca o empregado
olha-me sempre com reserva.
Eu estudava o quê?
Um dia livros de medicina
outro dia de poesia.
Então a ciência é poética?
A entrada na vida adulta
aliada à independência
e ao amor. O meu país
sofreu uma revolução. A democracia
não honrou ainda a sua palavra.
Cumpro deveres e não posso
usufruir de direitos proporcionais.
Eu e alguns milhares
neste sentimental canto
europeu sob um regime
semiditatorial
contribuo
para a sopa e os vícios
de alguns milhares de parasitas.
Mudando de assunto a pátria
é grande e a família também.
Para mim já passou
o meio século. Já foi o Pai
a Mãe e o Irmão mais velho.
Estou por cá à espera
certamente.
Não é provável que me entregue.
Conheci o galinheiro do confessionário
ajoelhei-me diante do altar
da virgem. Apaixonei-me.
Também recebi um terço de prata
no dia da comunhão solene.
E na hora exacta o óleo
perfumado do crisma.
Sempre que vou a uma missa
de corpo presente lá está o mesmo altar
com a deslumbrante
virgem. Entretenho-me
a recordar que já tive
quinze anos e também
adorei.
Depois a Páscoa a soturna
via sacra onde sofria
pela minha dor
e as beatas exibiam lágrimas
como dádiva pelo calvário
a que Jesus foi sacrificado.
Jesus era belo na sua passividade.
Os longos cabelos
o olhar suplicante
as pernas
o tronco liso
o ventre. Por fim
a entrega. Braços abertos
para o bem e para o mal.
Agora neste dois mil e seis
trata-se de insistir. Já é tarde
para quase tudo.
Os meus contemporâneos alimentam
uma curiosidade fétida.
A obra é minha. Faço
o que quero. Escondo
rasgo
mostro
transformo
entrego ao crematório
deixo aos herdeiros
ao vaticano
não deixo.
Nunca esmolei. Não fui pobre.
Mas os sinais da exclusão
o ódio é tão luminoso
que seria patético
psicotisante até
não articular sequer
estes versos
antes da eutanásia.
NO DESENHO
A ruína atinge a superfície das palavras, abre no texto uma fissura de lume. Escrevo o que tu queres, a morte do dia. No desenho o rosto adormecido contrasta com o escuro traço da grafite. Também ele será pó ou alguma flor subterrânea. Mas ao espelho eu sou a personagem principal que se desloca na realidade imaginária dos meus livros. Escrever é triste e lembra a beleza do Outono.
NEGAÇÃO
Persigo uma exigência obscura, corro o risco de entrar na minha realidade. Exponho-me à vergonha de escrever, à erosão que isso provoca. Ouso desejar o suicídio das palavras, saber o que me resta. Na estranha paixão do esquecimento, na falta de superfície do eu que me reveste, escrevo porque digo sempre o mesmo. E não há nada de secreto, a escrita é apenas arte.
O tempo, essa brecha, abre no poema o nosso rosto, na pele se introduz e arruína. Se o meu espírito estiver destinado a afundar-se, se a potência do mal quiser o meu limite, serei a radical negação.
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