jueves, 29 de agosto de 2013

MIGUEL-MANSO [10.395]


MIGUEL-MANSO 

Miguel-Manso nació en Santarém, PORTUGAL en 1979 y es natural de Almeirim. 
Vive en Lisboa desde el año 2000. 
Estudió Diseño de Comunicación, Diseño y Ciencias Documentales. Publicó en 2008 dos libros de poemas: Contra a manhã burra, Edición de autor, mayo de 2008; Quando escreve descalça-se, Editorial Trama Livraria, noviembre de 2008.

Miguel-Manso nasceu em Santarém , PORTUGAL em 1979 e é natural de Almeirim. 
Vive em Lisboa desde 2000. 
Estudou Design de Comunicação, Desenho e Ciências Documentais. Publicou em 2008 dois livros de poemas: Contra a manhã burra, Edição de autor, Maio de 2008; Quando escreve descalça-se, Edição Trama Livraria, Novembro de 2008.



 Traducciones: Verónica Aranda


CUADERNO DE PORTO VELHO

escribo el espacio que va de
tus manos a la hilera de espliego
sombra aprendida en aromáticos versos

desconozco aún esta ciudad
después de tantos años
pero aprecio

por la tarde la risa lenta de las agitadas
avenidas de timbre meridional
casas donde aún se puede pelar la fruta

tirar la cáscara a un cuenco partido
y donde en la tregua de máximo calor los niños costeros
toman el alquitrán de las calles la arena de las playas

rompen este silencio de vagar portuario
de palabras como ruinas que envuelven 
el sentido de lo que escribo

tus manos o el espacio que va de 
tus manos a la hilera de espliego





CADERNO DO PORTO VELHO

escrevo o espaço que vai das
tuas mãos ao renque de alfazemas
sombra aprendida em aromáticos versos
desconheço ainda esta cidade
depois de tantos anos
mas aprecio
pela tarde o lento rir das áleas
avenidas de timbre meridional
casas onde ainda se pode descascar a fruta
atirar a casca para um alguidar partido
e onde na trégua do calor maior as crianças costeiras
tomam o alcatrão das ruas a areia das praias
rompem este silêncio de vagar portuário
de palavras como ruína que envolvem
o sentido do que escrevo
as tuas mãos ou o espaço que vai das
tuas mãos ao renque de alfazemas

       Quando escreve descalça-se, Trama, 2008







ÚLTIMO CIGARRO

el vino es blanco la tarde cae el día avanza con el viento
en la boca despierta el último cigarro el poema sigue el riesgo
la clarísima insuficiencia

es este el incendio de la tarde el final del almuerzo
la violencia de las pájaros los niños duermen la siesta
encerrados en la sombra azul de los cuartos

manos sin sentido
arroz en la hoja de parra muro encalado de blanco
y rosales

gastronomías inexplicables contienen la vida y los patios
aquella noche griega que no supimos redactar
avispas bebiendo en la boca de los grifos

escribo el poema que no leerás nunca
sobre el mantel de plástico de la mesa sucia
de aceite

la mano olvidada en la coma encendida del cigarro
mi soledad hincada de codos en la marca del mantel

los niños durmiendo en 


la nitidez olvidada de la telefonía.

                                  



ÚLTIMO CIGARRO

o vinho é branco a tarde cai o dia avança no vento
na boca acorda o último cigarro o poema segue o risco
a claríssima insuficiência

é este o incêndio da tarde o fim do almoço
a violência dos pássaros as crianças dormem a sesta
reclusas na sombra azul dos quartos

mãos sem sentido
arroz na folha de videira muro caiado de branco
e roseiras

gastronomias inexplicáveis contêm a vida e os pátios
aquela noite grega que não soubemos redigir
vespas bebendo da boca das torneiras

escrevo o poema que não lerás nunca
sobre a toalha de plástico da mesa suja
de azeite

a mão esquecida na vírgula acesa do cigarro
a minha solidão vincada a cotovelos no padrão da toalha
as crianças dormindo na

nitidez esquecida da telefonia

       (De Contra a manhã burra)

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