CARLOS NEJAR
Luís Carlos Verzoni Nejar, más conocido como Carlos Nejar (Porto Alegre, BRASIL 11 de enero de 1939 ), es un poeta, novelista, traductor y crítico literario brasileño, miembro de la Academia Brasileña de Letras y de la Academia Brasileña de Filosofía.
Uno de los poetas más importantes de su generación, Nejar, también llamado "el poeta de las pampas brasileñas", se destaca por la riqueza de vocabulario y el uso de la aliteración, que hacen que sus versos música. Fecha de lanzamiento de su primer libro, Sélesis en 1960.
Obras
Poesías:
Sélesis - Livraria do Globo, Porto Alegre, 1960.
Livro de Silbion - editora Difusão de Cultura, Porto Alegre, 1963.
Livro do tempo - editora Champagnat, Porto Alegre, 1965.
O campeador eo vento - editora Sulina, Porto Alegre, 1966.
Danações - José Álvaro Editor, Rio de Janeiro, em 1969.
Ordenações , editora Globo em convênio com o Instituto Nacional do Livro (INL). Prêmio Jorge de Lima, Porto Alegre, 1971.
Canga (Jesualdo Monte), editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, em 1971.
Casa dos arreios - editora Globo, em convênio com o INL, Porto Alegre, 1973.
O poço do calabouço, coleção "Círculo de Poesia ", Livraria Moraes Editores, Lisboa, 1974. Prêmio Fernando Chinaglia, para a melhor obra publicada no ano de 1974, pela União Brasileira de Escritores, Rio.
O poço do calabouço, editora Salamandra, Rio de Janeiro, 1977.
De sélesis a danações, editora Quíron, em convênio com o INL, 1975.
Somos poucos, editora Crítica, Rio de Janeiro, em 1976.
Árvore do mundo, editora Nova Aguilar e convênio com o INL, 1977, Prêmio Luíza Cláudio de Souza, do Pen Clube do Brasil, como melhor obra publicada naquele ano.
O chapéu das estações, editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1978;
Três livros: O poço do calabouço, Árvore do mundo e Chapéu das estações, num só volume - Círculo do Livro, São Paulo, 1979.
Os viventes, editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1979.
Um país o coração, editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1980.
Obra poética (I) - (Sélesis, Livro de Silbion, Livro do Tempo, O Campeador eo Vento, Danações, Ordenações, Canga, Casa dos Arreios, Somos Poucos eo inédito, A Ferocidade das Coisas), editora Nova Fronteira , Rio de Janeiro, 1980. Prêmio Érico Veríssimo, Câmara Municipal de Porto Alegre, 1981.
Livro de Gazéis, Moraes Editores, "Coleção Canto Universal", Lisboa, Portugal, 1983; Editora Record, Rio de Janeiro, 1984.
Os melhores poemas de Carlos Nejar, editora Global, São Paulo, 1984.
A genealogia da palavra (Antologia Pessoal), editora Iluminuras, São Paulo, 1989.
Minha voz se chama Carlos (Antologia), Unidade Editorial, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 1994;
Amar, a mais alta constelação, Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1991, Troféu Francisco Igreja, da União Brasileira de Escritores, Rio.
Meus estimados vivos (com ilustrações de Jorge Solé), Editora Nemar, Vitória, ES, em 1991.
Elza dos pássaros, ou a ordem dos planetas, editora Nejarim-Paiol da Aurora, Guarapari, ES, 1993.
Canga (Jesualdo Monte), edição bilíngüe (espanhol e português), tradução ao espanhol de Luis Oviedo, editora Nejarim-Paiol da Aurora, Guarapari, ES, 1993.
Simón Vento Bolívar, bilíngüe (português e espanhol), tradução ao espanhol de Luis Oviedo, editora Age, Porto Alegre, RS, 1993.
Arca da Aliança,( personagens bíblicos), editora Nejarim - Paiol da Aurora, Guarapari, ES, 1995.
Os dias pelos dias (Canga, Árvore do mundo e O Poço do calabouço), Editora Topbooks, Rio de Janeiro, 1997.
Sonetos do paiol, ao sul da aurora , LP&M Editores, Porto Alegre, RS, 1997.
Rapsódia
A idade da aurora (Rapsódia), editora Massao-Ohno, São Paulo, comemorando os 30 anos de poesia do autor, 1990.
Personae-poemas
Poemas dramáticos (Fausto, As parcas, Joana das Vozes, Miguel Pampa e Ulisses), editora Record, Rio, 1983.
Vozes do Brasil (Auto de Romaria), Livraria José Olympio Editores, Rio de Janeiro, 1984.
O pai das coisas, L&PM Editores, Porto Alegre, RS, 1985.
Fausto, edição. bilíngüe (português e alemão). Tradução ao alemão de Kurt Sharf, editora Tchê, Porto Alegre, 1987.
Miguel Pampa, editoras Nemar e Massao-Ohno, Vitória e São Paulo, em 1991.
Teatro em versos (reunião num volume, com prefácio de Antônio Hohlfeldt), de Miguel Pampa, Fausto, Joana das Vozes, As parcas, Ulisses, Fogo branco (Vozes do Brasil), O pai das coisas eo inédito Auto do juízo final ou Deus não é uma andorinha, edição da Funarte, do Rio de Janeiro, 1998.
Prosopoemas
Memórias do porão, livraria José Olympio editora, Rio de Janeiro , 1985.
Aquém da infância, editora Nejarim - Paiol da Aurora (comemorando os 35 anos de poesia), Guararapi, ES, 1995.
Infanto-juvenis
Jericó soletrava o Sol & As coisas pombas, editora Globo, Rio de Janeiro, 1986.
O menino-rio, 2a edição, editora Mercado Aberto, Porto Alegre, RS, 1985.
Era um vento muito branco, editora Globo, Rio de Janeiro, 1987. Prêmio Monteiro Lobato, da Associação Brasileira de Crítica Literária, Rio, 1988.
A formiga metafísica, editora Globo, Rio de Janeiro, 1988.
Zão, editora Melhoramentos, São Paulo, 1988. Prêmio como o melhor livro infanto-juvenil da Associação Paulista de Críticos de Arte, 1989.
Grande vento (com ilustrações de Cristiano Chagas), em forma de quadrinhos, Edições Consultor, Rio de Janeiro, 1997.
Romances (transficção)
Um certo Jaques Netan, Coleção Aché dos "Imortais da Literatura", S. Paulo, 1991, Editora Record, Rio de Janeiro.
O túnel perfeito, editora Relume-Dumará e UFES, Rio de Janeiro, 1994.
Carta aos loucos, editora Record, Rio de Janeiro, 1998.
Ensaio
O fogo é uma chama úmida (Reflexões sobre a poesia contemporânea), "Coleção Afrânio Peixoto", edição da Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, 1995.
História da Literatura Brasileira, Relume Dumará, Rio de Janeiro, 2007.
Antologias e livros (onde estão incluídos seus poemas)
A novíssima poesia brasileira, organizada por Walmir Ayala, série 2a. Cadernos Brasileiros. Rio de Janeiro, 1962.
La poesía brasileña en la actualidad, organizada por Gilberto Mendonça Teles, Editora Letras, Montevideo, 1969.
Dois poetas novos do Brasil (Antologia com Armindo Trevisan),"Círculo de Poesia". Editora Moraes editores, Lisboa, Portugal, 1972.
Brasilianische poesie des 20. Jahrhunderts (poesia brasileira do século XX), organização, tradução e estudos de Curt Meyer-Clason. Deutsches Taschenbuch Verlag, Berlim, Alemanha, 1975.
Lateinamerika - Stimmmen Eines Kontinents. Antologia da Literatura Latino-Americana, com organização, tradução e estudos de Gunter W. Lorenz Erdmann, Editorial Basiléia, Alemanha, 1974.
Antologia do círculo de poesia (organizada por Pedro Tamen ) , Livraria Moraes Editores, Lisboa, Portugal, 1977.
Cinco poetas gaúchos - Antologia, Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1977.
Las voces solidarias (organização e tradução de Santiago Kovadloff). Editora Calicanto. Buenos Aires, Argentina, 1978.
Poemas - tradução de Perez Só , in Poesía n. 42 , Valencia, Carabobo, Venezuela, 1978.
Antologia da literatura rio-grandense contemporânea , organizada por Antônio Holfeldt, vol. 2, L& PM Editores, Porto Alegre, 1979.
World literature today, Formely Books Abroad. Tradução de Richard Preto Rodas. University of Oklahoma, USA,vol. 53, Winte , 1979.
Histórias do vinho - L&PM editores (vários colaboradores), Porto Alegre, 1980.
Tree of the world (antologia), tradução e seleção do Dr. Giovanni Pontiero. New Directions, USA. An Internacional Anthology of Prose & Poetry n. 40, 1980.
Antologia da novíssima poesia brasileira, organizada por Gramiro de Matos e Manuel de Seabra. Livros-Horizonte, Lisboa, Portugal, 1981.
Poems from Canga (antologia), tradução e seleção do Dr. Giovanni Ponteiro, Latin American Literature and Arts. Review nº 28, january/april 1981;
Yoke (Canga) - Jesualdo Monte, tradução de Madeleine Picciotto. Quartely Review of Literature.Poetry Series III. Edited by T & R. Weiss. Volume XXII. Princeton, New Jersey, USA, 1981.
A idade da eternidade, organizada por Antônio Osório. Editora Gota de Água. Porto, Portugal, 1981.
Dieser tag voller vulcane. Tradução e seleção de Kurt Sharf. Verlag im Bauerhaus, Alemanha, 1984.
Poetas contemporâneos, organização e seleção de Henrique L. Alves. Roswitha Kempf Editores, São Paulo, 1985.
Antologie de la poésie bresilienne - tradução e seleção de Bernard Lorraine, Éditions Ouvrières. Dessin et Tolra. Paris,1986.
Savrmena paezija brazila (antologia da poesia brasileira) . Seleção e tradução ao iugoslavo por André Kisil. Kruncsevac - Bajdala , 1987.
Faust (edição bilíngüe português-alemão), tradução de Kurt Sharf. Ed. Tchê. Porto Alegre, RS, 1987.
Anthologie de la nouvelle poésie brésilienne. Presentation de Serge Borgea. Tradução e seleção de Marcella Mortara. Éditions I'Harmattan, Paris, 1988.
A paz - antologia de poetas e pintores, edição bilíngüe português-inglês, Fundação Banco do Brasil e Spala Editora, Rio de Janeiro 1990.
Van der grausamkeit der dinge (A ferocidade das coisas) .Tradução e seleção de Kurt Sharf. Sirene. Zetschrift für Literatur. München, Alemanha. April 1992.
De amar e amor (Sete Poetas), seleção, ilustrações e edição (trabalho gráfico) do pintor Jorge Solé, Vitória, ES, 1993.
The age of the dawn (A idade da aurora), seleção e tradução de Madeleine Picciotto.Quartely Review of Literature. Poetry Series XII. T & R. Weiss, 50th Anniversary Anthology. New Jersey, Princeton, USA, 1994.
Poemas de amor (antologia), com apresentação e seleção de Walmir Ayala. Ediouro, Rio de Janeiro, 1991.
Pérolas do Brasil( Brazilia Gyöngyei), tradução e seleção de Lívia Paulini. Ego. Budapest, 1993.
Brazil issue (International Poetry Review) - introdução crítica, tradução de Steven F. White.Universityy of North Carolina at Greensboro, USA, Spring - 1997.
Vinte Poetas Brasileiros - prefácio, seleção e tradução de Sílvio Castro, Ed. Veneza, Itália, 1997.
Un die brasilianische lyrik der gegenwart (Modernismo Brasileiro). Introdução crítica, seleção e tradução de Curt Meyer-Clason, Edition Drckhhaus Neunzehnhundert Siebenundneunzig, München, Alemanha, 1997.
Antologias (que organizou)
Antologia de um emigrante do paraíso - Antônio Osório. Com prefácio e seleção de poemas. Editora Massao-Ohno, São Paulo, 1981.
Antologia da poesia portuguesa contemporânea (A partir de Victorino Nemésio). Apresentação, seleção de poemas e dados bio-bibliográficos. Editora Massao-Ohno. São Paulo, 1982.
Antologia da poesia brasileira contemporânea (A partir de 1945). Apresentação, seleção de poemas e dados bio-bibliográficos. Prefácio de Eduardo Portella. Imprensa Nacional e Casa da Moeda, Lisboa, Portugal, 1986.
Traduções
Ficções, de Jorge Luís Borges, Editora Globo, Porto Alegre,RS, 1970;
Elogio da sombra, de Jorge Luís Borges (em parceria com Alfredo Jacques), Editora Globo, Porto Alegre, RS, 1971.
Memorial de Ilha Negra (I. De onde nasce a chuva), de Pablo Neruda. editora Salamandra, Rio, 1980. Prêmio de melhor tradução da Associação Paulista de Críticos de Arte.
Cem sonetos de amor, de Pablo Neruda, LP&M Editores. Porto Alegre, RS , 1979.
As uvas eo vento, de Pablo Neruda. LP&M Editores, Porto Alegre, RS, 1980.
Contos
Contos inefáveis. Editora Nova Alexandria, São Paulo, SP, 2012.
DE LA AURORA
- Fundación del Brasil
Versión española y prefacio
Virgilio López Lemus
São Paulo: Ateliê Editorial, 2004
ISBN 85-7480-224-7
“La Edad de la Aurora no podia ser un libro fácil. No está concebido como lectura sentimental o como sola percepción poético-sensorial del mundo, sino que por ser eje del concepto poético capitalizador de la palabra (de otra manera heredero del de Maiïarmé), reviste complejidades intelectivas. Esta formado por tres libros o por tres poemas largos que advierten componentes épicos junto al interés lirico primordial. Posee trayectoria, de manera que no sólo importa el espacio sino también la dimensión temporal. La palabra no resulta una pasiva fuerza coformadora de la poesía, sino que aparece en su condición activa, descriptiva y a la par sustancial, sustantiva. El mundo no gira en torno a la palabra sino que es la poesía del mundo la que se desprende o brota de su existencia; la palabra conforma y deforma, redime y mata, tiene cualidad per se en tanto poesia. Carlos Nejar no teme entroncarse con el mundo expresivo surrealista, con el lenguaje a veces profético y otras declarnatorio, con los mensajes intimistas del amor en medio de la condición social del hombre. Formalmente, pareciera poesia "tradicionalista", incluso si esa tradición viene de las vanguardias, sobre todo en Brasil, tierra del auge de la poesía visual y de otros formalismos del siglo XX. Pero el poeta Nejar sabe ir más allá del aliento de las formas, que, por tales, son externas, para buscar esencias que, por serlo, implican interioridad, ánimo de exploración de lo que está detrás de las apariencias de la realidad. Todo esto conduce a la conformación de un discurso poético complejo, que pasa de la sencilla estructura gramatical a la tropologizacin que por momentos oscurece el lenguaje, lo hermetiza. VIRGILIO LÓPEZ LEMUS
Apresentamos apenas alguns fragmentos desta obra excepcional de Carlos Nejar, com um convite para que visitem o livro original, inteiro, na certeza de que apenas a leitura completa será capaz de revelar a riqueza da criação do poeta que hoje figura entre os membros da Academia Brasileira de Letras.
IV SERAFÍN Y ALBA
1.
Serafín miraba
la noche
velera.
Y las áncoras lémures
se oxidaban.
Un racimo de nieblas tintas
mezclando las huertas
de labios mudos.
La Palabra, fosforece.
Verde.
Como si trancase
a la primavera.
En el olfato.
Y amar poseía
los girasoles todos
en el habla.
Allí, la noche no conversaba.
Ni mordía
los higos-fonemas.
2.
Comenzó a hacer agua
la noche,
quilla
fondeando.
La popa en su nariz
metido
en el cuello
de cielos bebidos,
tenía los pies
hinchados.
Y atraviesan a la isla,
desmayándose.
Perdiendo
sangre.
3.
Serafín, por el trinar
de la selva,
advertido:
la muerte allegándose.
Escuchaba a sus zapatos
viejos.
Y a las solteronas dunas.
Vio toda la muerte.
4.
Una operación contra el enemigo.
¿Árbol a ser
talado?
Zángano-viento
¿era de noche?
¿Dónde hay caballos-resuellos,
mayores que ella?
¿La derribada con el hacha,
la sierra?
¿de zorra?
En la Palabra, la puntería.
Libertad,
¿también árbol?
¡La dice!
5.
Nombrar a la muerte
por el inerte nombre.
Serafín ordenó,
(la garrocha-vocablo
apuntada):
“¡Yo te deshago!”
Por la Palabra,
veía a la muerte
enloquecer,
iba dejando
las fuerzas.
Como si largase fuera
las ropas.
Tumbaba a la muerte
descalza.
Y de espaldas.
Extraídos de
ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA
Org. y traducción de Xosé Lois García
Santiago de Compostela: Edición Loiovento, 2001.
DE LARGO CURSO
Para Elza
Mi alma descansa
en tu alma,
donde la luz está jamás
desactivada:
es un navío de largo
curso por el agua.
Redonda la luz y nosotros
atracamos en la desembocadura
con el fondo sosegado.
En mí revives
y amándote, yo revivo.
Melhores Poemas, 1997
EL CIEGO DE LA GUITARRA
(GOYA)
Ciego con ojos
y muerto. Ciegos
los oídos. Con los ojos
de remoto recuerdo.
Nariz curvada y muerta.
Sombrero ladeado
y muerto. Bajo la capa
mortaja. Muerto
muerto muerto.
Pero la guitarra
salta, la guitarra
letrada y casta
mana la alegría
de un pueblo
alrededor.
La guitarra es el ciego.
La guitarra es el ciego.
La guitarra tiene los ojos
ardientes.
Melhores Poemas, 1997
A LOS AMIGOS Y ENEMIGOS
De amigos y enemigos
fui servido,
ahora estamos unidos,
prendidos al destierro.
Nunca fui el escogido
donde los dioses me pusieron.
Ni soy de ellos, soy mío
y de los íntimos infiernos.
No.
No me entreguen a los muertos,
los hijos que me parieron
y plasmé con mis remordimientos
en su mágico convivir.
De amigos y enemigos
fui servido
y con tan rematada vida
y alegados motivos,
que al dar con ellos, ya marchara
y cuando dí conmigo, no estaba vivo.
Donações, 1969.
SABIDURÍA
Nuestra sabiduría es la de los ríos.
No tenemos otra.
Persistir. Ir con los ríos,
ola a ola.
Los peces cruzan nuestros rostros vacíos.
Intactos pasaremos bajo la corriente
hecha por nosotros y nuestro desespero.
Pasaremos transparentes.
Y nos moveremos,
río dentro del río,
cuerpo dentro del cuerpo,
como antiguos veleros.
Árvore do Mundo, 1977
Contato
Não contratei com a vida.
O que ela me liga
é uma conquista de viver,
é uma fúria aprendida,
mas que gosta de ventar em mim.
Nunca segui cláusulas,
normas de existir.
Deixo que outros as cumpram
ou descumpram,
em artigo de morte ou vício.
Deixo que os contratantes
tentem apanhar a vida
em desídia;
ou busquem leva-la
aos ombros, na garupa
dos próprios escombros.
Não contratei com a vida.
Se ela me deu temores, desespero,
não me queixo, nem combato.
Não uso a legítima defesa
para impedir seu parto;
que ela nasça em mim,
cresça e se desfaça
Culpa não tenho
deste amor em desgraça,
deste amor sem casamento,
padrinhos, festas oficiais
e oferendas.
Não contratei;
o estado de graça
é castigá-la
com merecimento,
desamarrá-la das horas,
matá-la em nós.
E continuar vivendo.
Retorno
Voltei da morte,
órfão.
Desci as escadas
do empório;
entre os móveis
e os suspensórios,
minha alma escorre.
Que alma?
Voltei da morte;
nada enxergo
senão a vida;
nada receio
de seus conselhos.
Tudo me intriga
e sou tão velho
nesta medida.
Voltei da morte,
tão cheio de arte
e de requintes
que todo afinco
no amor é parte.
Voltei da morte.
Larga a viagem
de meus confrontos.
Espelho torto,
vejo-me nela.
posta num canto.
Que alma é esta,
feita de engodos
e de florestas?
Nascida há pouco,
morta num pasmo,
ressuscitada,
deixada ao largo?
Voltei da morte,
voltei a salvo
do julgamento
e outros contágios,
achando em tudo
diverso modo,
diverso enleio
e o parentesco
vazio de enredo.
Voltei da morte
tão estrangeiro
na sua ordem,
descontraído,
míope no esforço
de compreendê-la,
estando morto.
Voltei, a tempo
e, a contragosto.
Crença
Ainda serei eterno.
Não sei quando.
Sei que a sombra se alonga
e eu me alongo,
bólide na erva.
Ainda serei eterno.
Tenho ânsias cativas
no caderno. Cortejo
de símbolos, navios
e nunca mais me encerro
no meu fio.
Ainda serei eterno.
O mês finda, o ano,
o recomeço.
E o fraterno em mim
quer campo, monte, algibe.
Mas sou pequeno
para tanto aceno.
Metáforas me prendem
o eterno
que se pretende isento.
Numa dobra me escondo;
Noutra, deito.
Os nomes me percorrem no poente.
Sou sobrevivente
de alguma alta esfera
que saia de si mesma
e é primavera.
O eterno ainda será viável
como o sol, o dia,
o vento;
misturado ao que me entende
e transborda.
Misturado ao permanente
que me sobra.
De
Carlos Nejar
CANTICUS
Jaboatão, PE: Editora Guararapes – EGM, 2006.
sanfonado, s.p. .
Longo poema com 388 versos, em edição especial.
CANTICUS
(fragmento do poema)
As coisas vêm
quando mais
as flores vêem
com a vistas dos mortos
nos jacintos,
de cuja natureza
verdeceram:
do húmus
para fora,
no tangível.
E Deus sabe
vir
mais lento,
mais preciso.
E as coisas
vêm e flores,
cílios são
do paraíso.
E amor te posso
ver,
porque há paixão
ao nível de tuas plantas
e das grandes raízes. De resto
inteiro, o teu amor
me sabe e venho,
vou e as flores
Vêem dos olhos
o rumor de Deus.
Que sabes, tu,
Informe chão,
que nada sabes,
nem guardas
– mesmo a sombra —
do viajor?
(...)
CARLOS NEJAR - UM VIVENTE FABULOSO
OS VIVENTES é uma obra incomum, feita de almas encantadas deste Tempo e de outros Tempos, com sotaque bíblico e imagético, a reescrever nomes etéreos e reais, personagens e personalidades, seres anímicos e existentes, em uma esfera erudita e tocante.
Carlos Nejar é um bárbaro intelectual, vocacionado por um dorso elevado. O colosso de sua escrita é um verbo mágico, que conduz os fogos da melhor palavra.
Os belos Poemas Nejarianos estão distribuídos em uma Tábua, onde encontramos dez fissuras sagradas: ANEL DE VENTO; ARCA DA ALIANÇA; OFÍCIOS TERRESTRES E DIVINOS; ENTRE O BEM E O MAL: BALDEAÇÕES; CAVERNA DE ARTISTAS E BUFÕES; A NAU DOS INSENSATOS; O CORO DOS VIVENTES; LIVRO DAS BESTAS E DOS INSETOS; A CASA DOS NOMES; e TERMINÁLIA, OU MINUDÊNCIAS.
Ainda voltarei a estes campos,
a este chão, ao zumbido
das abelhas pelo tempo
querendo voejar e nelas preso.
Ainda voltarei aos meus viventes
para vê-los andar comigo
às faldas da montanha.
Ainda voltarei: os mortos sabem
soluções piedosas
e as murmuram de ouvido.
DAVI, O REI
Um dia desterrado, chorei
- rosto no chão. Fui
perseguindo
os sulcos pela rocha,
palmilhei
os rastros todos,
para os refazer
na vontade maior.
E preferi cair
na mão de Deus,
que às mãos dos homens.
Nele guardei o coração
como semente.
Que pode
a velha morte
sobre mim?
CRISTO
Tu nos dividiste.
A tua chegada
precipitou
a agonia.
Chegaste,
o coração saindo
de um fulgor invisível.
Era cedo, tarde.
O mundo acelerou
sua agonia. As
passadas iam
e voltavam.
Tu nos dividiste.
Tem o amor
estigma, cicatriz
fenecida?
Tem sinais
cambaleantes?
Dividiste
a agonia.
O PROFETA
Ias conhecer a vida eterna
e nem te concedeste liberdade.
Nem aos pósteros.
Foste o que sumiu.
Depois da vida eterna
o que sobrava
das provisões
de um homem provisório?
Não pudeste
jamais te conceder
o habitável
Deus.
PROFETA DO RIO SENA
Um tocador de flauta
junto ao Sena, profeta
da Jerusalém
errante, com barbas
nazarenas.
E ao som da flauta
reúne águas-ovelhas.
São raros os profetas
num tempo devastado.
DIEGO FRONTEIRA
Viu que era alguém
mas não sabia.
Sentia um pouco
de frio, um leve
assombro.
Como se brotasse
repentinamente
de um tempo ileso,
subterrâneo, quieto.
Dois anos e meio
se passaram
nessa alucinação.
Ou agonia
de não saber
explicar
que espécie
de beleza
presenciara.
E não podia
revelar
essa estranheza.
Porque ninguém
acreditaria
e simplesmente
entrara no limite.
Ultrapassá-lo
seria começo
da morte,
começo
de uma estranheza
ainda mais alarmante.
E terrível.
E não possuía
mais memória.
Em trinta anos, CARLOS NEJAR escreveu a "Comédia Humana" em OS VIVENTES.
LEGENDA DO NILO (Paul Klee)
Fiquei criança de repente.
E desenhei barco, remeiros,
navio, velas, peixe, arbusto,
letras, a água de azuis mudando,
bússola de solfejos e olhos, olhos,
cílios de rupestre linguagem
sobre a rocha: de ancestrais e mitos.
Pintar não é gravar-se, até o infinito,
de um letrado abismo? Não
é associar-se ao menino que grifou
de fábulas o rio Nilo da infância?
E a caligrafia tem cometas, os sinais
e nascença de uma civilização
mais argilosa na alma.
A MULHER E O PÁSSARO (Joan Miró)
O pássaro floresce
da mulher,
e a mulher,
do pássaro.
E ela voa
para a árvore,
voa azul,
e o pássaro
na mulher
vai planando.
Depois ela
é pássaro,
e o pássaro, mulher.
E ambos
pousam juntos
um no
outro.
Continuando
o mesmo voo
da árvore
para dentro
da terra, mulher.
E o pássaro entrou no céu
da árvore. Como se
a mulher toda
cantasse no pássaro
a escuridão de um
firmamento sozinho.
Não guarda ordem,
por serem os viventes
de um só tempo: assombro.
E hibernaram na estação
espessa. E um por um se
gasta na verdade, com
severa limpidez, que arde
no inventar o possível.
É insensato o nível
da maré, insensata
a nave, em que todos,
de pé assistem ao
navegar do juízo.
INSCRIÇÃO NA TUMBA DE SAFO
Flutuei de amar. Não
posso isolar do nada
a criatura, se só o verso
pode ser o mar e eu,
a onda nua.
NA ESTRELA DE KEATS
Minha virtude é estar
onde não pude
e a água me escreveu.
A SOMBRA QUE FOI JORGE LUIS BORGES
Sonhei que acordava com teus olhos
e durmo sabendo que eles são
apenas uma lâmpada que dorme.
Até quando teus olhos dormirão?
RAINÃS
Vi pousarem
as rainãs.
Aves que existiam
a partir
de nossos sonhos.
Dávamos um nome.
E eram os nossos
sonhos.
O HIPOPÓTOMO
É um pótamo de música
sobre as patas, um pote
de abelhas croatas
se locomovendo
enorme na colmeia.
Os olhos com os favos
se grudando às orelhas.
Lote de gaivotas
sobre o hortalício
lombo.
E se a morte tivesse
um outro ofício,
seria portentosa
e hipopótama.
O CAVALO E EU
Nos abraçamos
o cavalo e eu,
como se o começo
da escuridão.
Ou sua cabeça
roça nos meus ombros.
Ou ao meu peito
se achega em balbucio.
De amor me olha.
Dois num corpo,
ao galope. De que
lado a infância
nos arreios?
E toda a sua dor
vai devagar
mordendo
o humano
freio.
Pousai almas furtivas,
almas nobres. Se a morte
a tudo sorve: nome,
número, traço.
A lápide é mais viva
que os mortos.
Fundei este pampa com palavras.
Não foi o que vivi, que está distante.
E se amei, hoje apenas tenho diante
de minha face campeira, a sua, ignota.
Jamais o tive assim, quando a derrota
parece consumir, sendo vitória.
Porque não pousam luas na memória,
nem ginetes, nem golpes de batalha.
Se ao amor acresci, esta montanha,
não é por existir que se confunde.
É por não me ver, quando estou perto.
E por não me sentir, quando estou dentro.
O pampa que fundei, cheio de vento,
conhece este seu filho de gerúndios
passando pela porta, como os símbolos
na soleira do poema e lá no fundo.
E não lhe satisfaz que tanto o cante,
tendo maior o canto que o infortúnio.
Os que me perseguiram, foram todos
debaixo do silêncio, o mais implume.
E minha voz se ouve, volto ao pago,
de outra forma, que não pelo azedume
com que cada vez o visitava.
Como o cavalo que não tem afago
e apenas remorso de grandeza.
E o que fundei não se sujeita à lei,
salvo a que faz perfeita a natureza
e os planetas e estrelas.
Nenhum poeta antes amou, pampa,
a tua tessitura, como eu, ou buscou
resplender-te em pleno céu,
mesmo que só tivesse o desespero.
E o pampa da palavra, pampa de água,
de colinas e plagas sublevadas,
adormece comigo, dorme, dorme.
Até quando eu partir e levantar-me.
Viventes, eu vos sou agradecido.
Se não me amásseis tanto,
como então terminar minhas vertigens?
E amor retiro da palavra posta em febre.
Cavei a humanidade até o cimo
de seu próprio equilíbrio.
Não separei o humano do divino,
por ter cada palavra em cada coisa
a sombra do que pode haver vivido.
Viventes, sou também
o que não foi e até será julgado,
a mover-se, cumprido,
o vosso respirar, comparsa, alado,
entre gemido e andar,
que aqui vos tem servido.
Com o intocado nome, entre sal
e abismo, Carlos Nejar.
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