miércoles, 1 de mayo de 2013

RUI COSTA [9717]


RUI COSTA  (PORTUGAL  1972-2012)
Rui Filipe Morais Aguiar da Costa, de 39 años, estudió Derecho en la Universidad de Coimbra, ejerció como abogado durante seis años en Lisboa y Londres, completó una maestría en Salud Pública en Leeds, vivió dos años en Brasil y murió durante su estancia en OPORTO para las fiestas de Navidad y Año Nuevo con la familia, en 2012.

Fue considerado uno de los más innovadores y prometedores nuevos autores de la literatura portuguesa.

Con "El Silver Cloud Pueblo de Graves", que apareció en 2005 en las ediciones Quasi, ganó el Premio de Poesía Daniel Faria y, en 2007, recibió el Premio de Literatura de Albufeira novela "La Resistencia de Materiales".

También en 2007, tradujo el libro de poesía "Sólo una vez más", el poeta español Uberto Stabile, ibéricos Word a la colección, y en 2008 traducido "Habitación con islas", por el poeta español Manuel Moya, de la misma colección, la que publicó en 2009, "El desayuno de Carla Bruni."

Rui Costa fue reportado como desaparecido. Su cuerpo ha sido encontrado, sin embargo en el río Duero. Joven poeta, atrajo la atención del público en dos ocasiones: en mayo de 2005 ganó el premio de poesía Daniel Faria con el libro The Silver Cloud Pueblo de Graves, y en enero de 2009, cuando, junto a poetas Rui Lage y Rui Coias presenta una lista alternativa a la dirección de la Pen Club portugués.

En 2005 publica A Nuvem Prateada das Pessoas Graves (Quasi Edições). 
Con este libro obtiene el Prémio de Poesía Daniel Faria. En 2007 recibe por A Resistência dos Materiais (Exodus, 2008), el Prémio Albufeira de Literatura. En 2008 publica un libro de poesía bilingue (português/ castelhano) O pequeno-almoço de Carla Bruni (Ayuntamiento de Punta Umbria).

En 2009 publica el libro de poesía As limitações do Amor são Infinitas (editora Sombra do Amor). 
Fue también autor de diferentes piezas dramáticas.


és única e eu
sou único:
mas nunca somos úni-
cos sozinhos. 





En memoria de Rui Costa:
Murió, Rui Costa, escribe Uberto Stabile en un mensaje de correo electrónico, en el que viene también este enlace:

Funeral do poeta Rui Costa, encontrado na foz do Douro, é sexta

Me levanto del escritorio: recuerdo que Uberto Stabile en la revista Aullido, de la que es editor, publicó una antología de poesía portuguesa actual, así que la busco, la encuentro y doy con estos poemas del fallecido, que posteo aquí, en su memoria: nadie, sea poeta o no, debería dejarnos a la temprana edad de 39 años, como, por desgracia, ha sido el caso de este gran poeta de Oporto: Rui Costa: 

(PINCHAR EN LA IMAGEN PARA LEER ESTOS POEMAS MAYOR TAMAÑO)



SENHORA DE LONDRES ESCOLHENDO LIMOES

Não, nem todo o limão é amarelo quando
A mão de alguém o toca e humaniza, pequeno deus
Aos tombos do céu de um pensamento manual e
Exigente. Às vezes, quando a sede não é muita,
Um do fundo é erguido à altura do olhar e então,
Por mágica rotação da sorte que nos astros se reflecte,
Encontra uma outra luz na mão que o recebe e deposita
Em morada assaz prosaica e de plástico. Na vida,
A caminho do futuro que ele nunca saberá onde fica,
O limão continuará a ser inteiro
E o seu sumo continuará a ser sumo,
Pela mesma sábia razão por que a história dos homens
É sempre muito maior do que eles.





Elegia Azul

Clara, como talvez tu antes da última esquina da noite,
uma imagem redonda colava-se aos meus dedos por entre
as folhas de papel que lentamente ardiam. Foram sempre
mais as páginas que juntei do que aquelas de que pude
separar-me, naquele T1 pequeno com vista para Monsanto
e para o teu corpo sempre azul.
Infelizmente, não fora capaz de preparar
o silêncio que sempre se segue a tudo o que
não somos, dirias tu, o rumor de instantes que nos apanha
na canga e nos sugere o vale sem luzes e a varanda grande.
Parado sei que isso é poesia, um sonho, pequenas alucinações
de primavera sem apelo no fundo destas veias e sei também
que continuas a existir e vais ser minha muitas vezes,
como eu quero ser teu intermitentemente em cada lua nossa.
Mas tu sabes como os astros nos pregam partidas ao telefone,
como em certos dias a pique para o sol embatem nas antenas,
e este ligeiro pesadelo é apenas o desconforto baço de saber
que há coisas demasiado belas para não serem tristes.

Poema in "Os Dias do Amor", selecção de Inês Ramos, pág. 370





A MÚSICA

A música partilha com a flor
a carne que se alaga como um copo.
A música é um rizoma atómico
cheia de sílabas grossas e finas
no peito maduro da onda.

Por isso a onda cai e a flor
também. E se te digo sei que ficas
triste e é quando substituis essa
geração de força por dois pequenos
vasos à entrada do teu dorso (e qual
és tu e qual sou eu é uma haste subindo)

Do teu lado esquerdo é dia.
O vestido é branco e aponta
a cidade a que chegas com os
dedos, rodando os ombros mas
não a cabeça. O teu olhar
é uma ferida musical sem verbo fixo:
a penumbra bate às vezes na
pálpebra, outras na imaginação.

A queda gera o seu próprio
impulso, como se fosse o preen-
chimento de uma forma: chama-se amor
e serve para os ouvintes ouvirem o esbracejar
do desejo, esses versos de asa silenciosa-
ouves?

Há poetas azuis que julgam que a
coerência é um pardal azul (da goela
até aos pés). Normalmente limpam os óculos
com coerência, em vez de com (enfim)
e depois vêem o mesmo pardal, a todas
as horas do dia e da noite, sentado azul-
mente sobre o seu nariz azul.

Pela direita, dizes que os versos
não caem se mudares constantemente
o chão. Mas os sonhos sim, e que a transla-
ção do vento sabe do remorso dos bichos mais
pequenos: procura as palavras junto ao chão
e se não me vires,
é porque o silêncio é também a música
e canto-a sem nome
para ti






QUATRO POEMAS DE RUI COSTA, VENCEDOR DO PRÉMIO DANIEL FARIA EM 2005


O pão

Há pessoas que amam
Com os dedos todos sobre a mesa.
Aquecem o pão com o suor do rosto
E quando as perdemos estão sempre
Ao nosso lado.
Por enquanto não nos tocam:
A lua encontra o pão caiado que comemos
Enquanto o riso das promessas destila
Na solidão da erva.
Estas pessoas são o chão
Onde erguemos o sol que nos falhou os dedos
E pôs um fruto negro no lugar do coração.
Estas pessoas são o chão
Que não precisa de voar.






Poema inútil com montanha

Vejo a montanha à minha frente pousada
Sobre a água sempre verde, e penso na inutilidade
De tudo o que ela é, e na inutilidade de estar pensando nisto,
Quando um pensamento inútil me sugere
Que a montanha pode ser
Um pormenor pensado por ela
Na paisagem do meu próprio peensamento, para
Com isto me levar a pensar sobre pensamentos,
E não sobre montanhas, ficando ela, como antes,
Pousada na água sempre verde, sem ser
Pensada por ninguém.






Autobiografia

Não preciso mas tu sabes como eu sou
Encaminho-me pouco divirto-me assim nas copas
Das árvores soprando pensamentos para o mundo que há de noite.
As pessoas quando acordam são outras, já sabias,
Essa névoa contemporânea do medo miudinho
Que perdemos nas cidades e nos corpos, tu entraste
Antes de mim nos jogos, o enxofre da música e o
Lago do feitiço, inocente homem breve que sonha
Tu bem sabes.
Depois aluguei a bruxa por uma vasta noite.
E a minha vida mudou, a noite cresceu,
A vertigem ardeu-me nos braços até a sangria
Do tédio quando para sempre julguei que te perdia.
Na luta perdi um ou dois braços,
Mais do que o que tinha. Mas esta memória é um palácio,
São corais no pensamento. Jardins e fantasmas,
O gume nas mãos sorvendo, criança estratosférica
E profunda: sem braços e agora sem mais nada.
Não me percebeste, enchi-me de fúria.
É uma arte, queria eu dizer, matar sem retrocesso e
Atraso – ah aqueles braços para apoiar as mãos - ,
Ceifando. Saturno.e.o.vento.na.proa.erguendo.
O: navio:no:mar:parado:parado: completamente.
Parado.como dizer? Não dizer, eu sou.uma vida
Medonha e múltipla. E agora descanso
Deitado nestas mãos que mexem
Sem apoio, sabes, nascendo dos teus olhos
P’la manhã.





A nuvem prateada das pessoas graves

Nem sempre se deve desconfiar das pessoas
graves, aquelas que caminham com o pescoço inclinado para baixo,
os olhos delas a tocar pela primeira vez o caminho que os pés confirmarão
depois.
Às vezes elas vêem o céu do outro lado do caminho que é o que lhes fica por baixo
dos pés e por isso do outro lado do mundo.
O outro lado do mundo das pessoas graves parece portanto um sítio longe dos pés
e mais longe ainda das mãos
que também caem nos dias em que o ar pode ser mais pesado e os ossos
se enchem de uma substância morna que não se sabe bem o que é.
Na gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, com que nos são alheias
quando as olhamos de frente rumo ao lado útil do caminho que escolhemos, essas
pessoas arrastam uma nuvem prateada que a cada passo larga uma imagem daquilo
que foram ou das pessoas que amaram.
Essas imagens podem desaparecer para sempre se forem pisadas quando caem no
chão. A gravidade dos pés e da cabeça, e também dos olhos, dessas
pessoas, é, por isso, uma subtil forma de cuidado.

in A Nuvem Prateada das Pessoas Graves (Edições Quasi)


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