viernes, 27 de abril de 2012

ARMANDO DA SILVA CARVALHO [6.587]


Armando da Silva Carvalho

Armando da Silva Carvalho (Olho Marinho, Óbidos, PORTUGAL 1938) es un poeta, novelista y traductor portugués.
Se licenció en Derecho en la Universidad de Lisboa. Abogado, periodista, profesor de enseñanza secundaria, técnico de publicidad, se dedica actualmente a la escritura, a la traducción y a la consultoria publicitaria. Colaboró en la Antologia de poesia universitária (1959) junto con Ruy Bello, Fiama Hasse Padres Brandão, Luiza Neto Jorge, Gastão Cruz, entre otros. Publicó Lírica consumível en 1965, inicio de su obra poética y que le valió el Premio Revelación de la Sociedad Portuguesa de Autores. Su escritura está marcada por un sello de mordacidad, sarcasmo y figuraciones de la pulsión sexual homoerótica. De las obras de ficción destaca Portuguex (1977).
Desde la década de 1960 colaboró en las más variadas publicaciones: Diário de Lisboa, Jornal de Letras, O Diário, Poemas Livres, Colóquio-Letras, Hífen, As Escadas Não Têm Degraus, Sílex, Nova, Via Latina, Loreto 13, entre otras.
Fue incluido en la IV líricas portuguesas (1969), antología poética organizada por António Ramos Rosa y desde entonces ha estado representado en la mayoría de las antologías de poesía portuguesa.
Entre sus traducciones más relevantes, deben citarse obras de Samuel Beckett, Marguerite Duras, Andrei Andreevich Voznesensky, Jean Genet, E. E. Cummings o Stéphane Mallarmé.



TEXTOS EN ESPAÑOL

Traducción de XOSÉ LOIS GARCÍA




Alguien leyendo versos de Jorge de Sena

Era un poema hecho.
Pero tu tejías
nuevas líneas
como la palabra
araña seductora
apuntando paciente
a la mosca
del oído.

Era um poema célebre.
Mojado por el agua
turbia
de los recuerdos.
Pero con él regabas
las raíces vivas
que te crecían
en la boca.

Figura frágil
donde el poema subia
hacia los hombros
con miedo
como un niño.

Tu lengua
clara
de albañil cansado
unia
lentamente
los versos
que todos habitamos.






Cenizas de Sísifo

Yo vi el sobresalto.
En ese bosque de láminas y guantes
palpaste cada cosa como
un grito.

Y amaste mi boca
como quien corta
los pulso al silencio.

Si el viento te esparce
entre hojas y ceniza
es siempre la misma voz que no perdona

la misma ley

el mismo laberinto.








Entre dientes

Acostado sobre ti
me enseñas a salir
de la tiniebla.

Con la boca dolorida
por tanta palabra
ensangrentada
devoro tu cabello
oro que se deshace
entre los dientes.

Y tu sonrisa
cuando te penetro
ilumina de pronto
la noche de mi cuerpo.


Extraídos de HORA DE POESÍA 27/28 Año 1983 – Antología de la actual poesia portuguesa.  Livro doado para a Biblioteca Nacional de Brasília por Aricy Curvello.








TEXTOS EM PORTUGUÊS  


A chave inglesa

Era um corpo inteiramente
português.
Transido de ternura
o óleo das suas mãos
protegia-me
o coração.

Não sei que mecanismo
despertava em si
quando chorava,
fazia crescer a relva,
meus dentes indecisos
como crias
corriam e devoravam.

Escreveu-me duas cartas
em cima de um tractor
e nelas descrevia
em frases simples
o modo tortuoso
que me fez traidor.






Alguém lendo versos de Jorge de Sena

Era um poema feito.
Mas tu tecias
novas linhas
com a palavra
aranha sedutora
visando paciente
a mosca
do ouvido.
Era um poema célere.
Molhado pela água
turva
das lembranças.
Mas com ele regavas
as raízes vivas
que te cresciam
na boca.
Figura frágil
onde o poema subia
para os ombros
a medo
como uma criança.
A tua língua
clara
de pedreiro cansado
unia
lentamente
os versos que todos habitamos.





Cinzas de Sísifo

Eu vi o sobressalto.
Nesse bosque de lâminas e luvas
tocaste cada coisa como
um grito.
E amaste a minha boca
como quem corta
os pulsos ao silêncio.
Se o vento te derrama
entre folhas e cinza
é sempre a mesma voz que não perdoa
a mesma lei
o mesmo labirinto.




Entre dentes

Deitado sobre ti
ensinas-me a sair
da treva.
Com a boca dorida
por tanta palavra
ensangüentada
devoro o teu cabelo
ouro que se desfaz
por entre os dentes.
E o teu sorriso
quando te penetro
ilumina súbito
a noite do meu corpo

De
Armando Silva da Carvalho
Armas brancas e outros poemas
 Org. e prólogo de Floriano Martins.
São Paulo:  Escrituras, 2006.  158 p. (Coleção Ponte Velha)
ISBN 798-85-7531-229-4
escrituraa@escrituras.com.br   www.escrituras.com.br


O soneto

Fogem como crianças nessa idade
em que as pesadas cãs não atraiçoam
a ver os rios que nascem na cidade
e as pombas e metal que a sobrevoam.

Nas curvas do caminho onde uma nora
fornece o combustível dos patrões
e a sua paciência se demora
a cultivar galinhas e melões

deixam cair os sacos de riscado
onde o pão seca e a fruta apodreceu
e deitam fora o pau que toca o gado.

Colam a cara aos vidros de um museu
que corre para trás desamparado
e catam uma saudade que nasceu.





Outro

Vão desatando as cordas que os enleiam
apelam para a escrita dos padrinhos
que por acaso encontram se passeiam
aos domingos à noite pêlos caminhos.

A pouco e pouco vão ficando ausentes
gravidam as mulheres desaparecem
no emprego dão parte de doentes
não vêm à janela e adormecem.

Se choram é já no sono e acreditam
na certidão das cartas dos amigos
e quando estão na cama já emigram.

Masturbam-se com a mulher ao lado
entre lençóis e fêmeas esquisitas
e acordam num comboio superlotado.





http://www.antoniomiranda.com.br/iberoamerica/portugal/armando_silva.html




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