lunes, 2 de marzo de 2015

JOSÉ GOMES FERREIRA [15.129] Poeta de Portugal


José Gomes Ferreira

José Gomes Ferreira (Oporto (Portugal), 9 de julio de 1900 - 8 de febrero de 1985) fue un escritor portugués.

Gomes Ferreira nació en Oporto en 1900. A los cuatro años, su familia se mudó a Lisboa. Allí, asistió a la Liceo Camões. Luego de terminar sus estudios, obtuvo el puesto de director de la revista Ressurreição, en donde trabajó junto a Fernando Pessoa.

Gomes Ferreira fue influenciado fuertemente por las ideas republicanas de su padre y después de terminar el servicio militar, se unió al Batallón Académico Republicano, una organización creada por estudiantes universitarios para apoyar la nueva República Portuguesa.

En 1924, se graduó de derecho y, poco después fue nombrado cónsul en Kristiansund (Noruega). Luego del golpe de estado de 1926, Gomes Ferreira regresó a Portugal y empezó a trabajar como periodista, colaborando con revistas como Presença, Seara Nova, Descobrimento, Imagem y Kino. Así mismo, también trabajó como traductor, subtitulando varios filmes bajo el pseudónimo Álvaro Gomes. Su carrera poética empezó con su poema Viver sempre também cansa, escrito en 1931 y publicado en Presença. En 1948, publicó su primer libro, Poesia I.

Debido a su posición política, Gomes Ferreira estuvo en contacto con miembros de la resistencia contra el régimen de António de Oliveira Salazar. Así mismo, se unió a varios movimientos demócratas, incluyendo el Movimento de Unidade Democrática. En ese entonces, trabajó junto a varios escritores antifascista componiendo canciones revolucionarias, un proyecto coordinado por el compositor Fernando Lopes-Graça.En 1961, Gomes Ferreira recibió el Grande Prémio da Poesia de la Sociedade Portuguesa de Escritores por su poemario Poesia III

Después de la Revolución de los Claveles en 1974, Gomes Ferreira continuó publicando y, en 1978, fue elegido presidente de la Associação Portuguesa de Escritores. En 1979, fue candidato de la Alianza Pueblo Unido para las elecciones legislativas. En ese mismo año, se unió oficialmente al Partido Comunista Portugués. En 1981, fue condecorado con la Orden de Santiago de la Espada por el presidente Ramalho Eanes.

En 1983, Gomes Ferreira se sometió a una cirugía delicada. Murió dos años más tarde, el 8 de febrero de 1985.

Obras

Poesía

Poeta Militante I, II e III (1978)
Poesia V (1973)
Poesia IV (1970)
Poesia III (1962)
Eléctico (1956)
Poesia II (1950)
Líricas (1950, colaboración)
Homenagem Poética a Gomes Leal (1948, colaboración)
Poesia I (1948)
Marchas, Danças e Canções (1946)
Longe (1921)
Lírios do Monte (1918)

Ficción

O Enigma da Árvore Enamorada - Divertimento em forma de Novela quase Policial (1980)
Caprichos Teatrais (1978)
Coleccionador de Absurdos (1978)
O sabor das Trevas - Romance-alegoria (1976)
Gaveta de Nuvens - tarefas e tentames literários (1975)
O Irreal Quotidiano - histórias e invenções (1971)
Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo (1963)
Os segredos de Lisboa (1962)
O Mundo dos Outros - histórias e vagabundagens (1960)
O Mundo Desabitado (1960)

Crónicas

Intervenção Sonâmbula (1977)
Revolução Necessária (1975)

Memorias

Passos Efémeros - Dias Comuns I (1990)
Relatório de Sombras - ou a Memória das Palavras II (1980)
Imitação dos Dias - Diário Inventado (1966)
A Memória das Palavras - ou o gosto de falar de mim (1965)

Cuentos

Tempo Escandinavo (1969)
Contos (1958)




AQUÍ A LAS TRES DE LA MAÑANA.

Aquí a las tres de la mñana.
(tal vez despierto en otro sitio)
un niño duerme
-maquinación del frío.

¿Hambre?
¡Ah! No. Poemas sociales ahora no.

Me conviene más el misterio
de esta casi muerte de existir
con la cabeza recargada en los peldaños
derritiendo el silencio de las piedras y de los huesos,
ojos cerrados
para que no haya mañanas
ni pesares.

Sólo esta culpa de exagerar misterios.

¡Ah! Pasa despacito, Poeta.
No lo despiertes.

A los niños les gusta jugar a los muertos en los comentarios.

De: Poesía-III.




VIVIR SIEMPRE TAMBIÉN CANSA

El sol es siempre el mismo, y el cielo azul
ora es azul, nítidamente azul,
ora es ceniza, negro, casi verde…
mas nunca de color inesperado.

El mundo no se modifica.
Los árboles dan flores,
hojas, frutos, pájaros,
como máquinas verdes.

Los paisajes tampoco se transforman.
No cae nieve escarlata,
ni planean las flores,
la luna no tiene ojos
y nadie va a pintarle ojos a la luna.

Todo es igual, mecánico, exacto.

Y por supuesto los hombres son los hombres.
Eructan, beben, ríen y digieren
sin imaginación.

Y hay barrios miserables, siempre iguales,
discursos de Mussolini,
guerras, orgullos desquiciados,
autos de carreras…

!Y me obligan a vivir hasta la muerte!

¿Qué no sería más humano
morir un pedacito
de cuando en cuando
y recomenzar más tarde
hallando todo nuevo?

¡Ah! Si pudiese suicidarme por seis meses,
morir encima de un diván
con la cabeza puesta en una almohada,
y la confianza y la serenidad que da saber
que me velabas tú, mi amor del Norte.

Cuando alguien viniera a preguntar por mí,
le dirías con esa tu sonrisa
donde arde un corazón en melodía
“matose esta mañana
y no va a resucitar ahora
por una bagatela.”

Y vendrías después, muy suavemente,
a velar por mí, sutil y cuidadosa,
andando de puntillas para no despertar
a la muerte aún pequeñita en mi garganta.

(traducción del portugués de Antonio Sarabia)






Chove!

Chove... 

Mas isso que importa!, 
se estou aqui abrigado nesta porta 
a ouvir a chuva que cai do céu 
uma melodia de silêncio 
que ninguém mais ouve 
senão eu? 

Chove... 

Mas é do destino 
de quem ama 
ouvir um violino 
até na lama.




Devia morrer-se de outra maneira

Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos
escuros, olhos de lua de cerimônia, viríamos todos assistir
a despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão sutil... tão pòlen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...




Quero voar

Quero voar
-mas saem da lama
garras de chão
que me prendem os tornozelos.

Quero morrer
-mas descem das nuvens
braços de angústia
que me seguram pelos cabelos.

E assim suspenso
no clamor da tempestade
como um saco de problemas
-tapo os olhos com as lágrimas
para não ver as algemas...

(Mas qualquer balouçar ao vento me parece Liberdade.)





Porque é que este sonho absurdo

Porque é que este sonho absurdo
a que chamam realidade
não me obedece como os outros
que trago na cabeça?

Eis a grande raiva!
Misturem-na com rosas
e chamem-lhe vida.




O Nosso Mundo é Este

O nosso mundo é este
Vil suado
Dos dedos dos homens
Sujos de morte.

Um mundo forrado
De pele de mãos
Com pedras roídas
das nossas sombras.

Um mundo lodoso
Do suor dos outros
E sangue nos ecos
Colado aos passos…

Um mundo tocado
Dos nossos olhos
A chorarem musgo
De lágrimas podres…

Um mundo de cárceres
Com grades de súplica
E o vento a soprar
Nos muros de gritos.

Um mundo de látegos
E vielas negras
Com braços de fome
A saírem das pedras…

O nosso mundo é este
Suado de morte
E não o das árvores
Floridas de música
A ignorarem
Que vão morrer.

E se soubessem, dariam flor?

Pois os homens sabem
E cantam e cantam
Com morte e suor.

O nosso mundo é este….

( Mas há-de ser outro.)




Agora, apodrecer

Agora, apodrecer.
Nas ruas, no suor das mãos amigas dos amigos, na pele dos espelhos...
desespero sorrido, carne de sonho público, montras enfeitadas de olhos...

...mas apodrecer.

Bolor a fingir de lua, árvores esquecidas do princípio do mundo...
"como estás, estás bem?", o telefone não toca! devorador de astros...

... mas apodrecer.

Sim, apodrecer
de pé e mecânico,
a rolar pelo mundo
nesta bola de vidro,
já sem olhos para aguçar peitos
e o sol a nascer todos os dias
no emprego burocrático de dar razão aos relògios,
cada vez mais necessários para as certidões da morte exata,

Sim, apodrecer ...

"...as mãos, a còlera, o frio, as pálpebras, o cabelo
a morte, as bandeiras, as lágrimas, a república, o sexo...

... mas apodrecer!

Sujar estrelas.






Homens do futuro

Homens do futuro:

ouvi, ouvi este poeta ignorado
que cá de longe fechado numa gaveta
no suor do século vinte
rodeado de chamas e de trovões,
vai atirar para o mundo
versos duros e sonâmbulos como eu.
Versos afiados como dentes duma serra em mãos de injúria.
Versos agrestes como azorragues de nojo.
Versos rudes como machados de decepar.
Versos de lâmina contra a Paisagem do mundo
— essa prostituta que parece andar às ordens dos ricos
para adormecer os poetas.

Fora, fora do planeta,
tu, mulher lânguida
de braços verdes
e cantos de pássaros no coração!

Fora, fora as árvores inúteis
— ninfas paradas
para o cio dos faunos
escondidos no vento...

Fora, fora o céu
com nuvens onde não há chuva
mas cores para quadros de exposição!

Fora, fora os poentes
com sangue sem cadáveres
a iludiremos de campos de batalha suspensos!

Fora, fora as rosas vermelhas,
flâmulas de revolta para enterros na primavera
dos revolucionários mortos na cama!

Fora, fora as fontes
com água envenenada da solidão
para adormecer o desespero dos homens!

Fora, fora as heras nos muros
a vestirem de luz verde as sombras dos nossos mortos sempre
de pé!

Fora, fora os rios
a esquecerem-nos as lágrimas dos pobres!

Fora, fora as papoilas,
tão contentes de parecerem o rosto de sangue heróico dum
fantasma ferido!

Fora, fora tudo o que amoleça de afrodites
a teima das nossas garras
curvas de futuro!

Fora! Fora! Fora! Fora!

Deixem-nos o planeta descarnado e áspero
para vermos bem os esqueletos de tudo, até das nuvens.
Deixem-nos um planeta sem vales rumorosos de ecos úmidos
nem mulheres de flores nas planícies estendidas.
Uma planeta feito de lágrimas e montes de sucata
com morcegos a trazerem nas asas a penumbra das tocas.
E estrelas que rompem do ferro fundente dos fornos!
E cavalos negros nas nuvens de fumo das fábricas!
E flores de punhos cerrados das multidões em alma!
E barracões, e vielas, e vícios, e escravos
a suarem um simulacro de vida
entre bolor, fome, mãos de súplica e cadáveres,
montes de cadáveres, milhões de cadáveres, silêncios de cadáveres
e pedras!

Deixem-nos um planeta sem árvores de estrelas
a nós os poetas que estrangulamos os pássaros
para ouvirmos mais alto o silêncio dos homens
— terríveis, à espera, na sombra do chão
sujo da nossa morte.





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