miércoles, 2 de octubre de 2013

VERA DUARTE [10.631]


Vera Duarte 

Vera Duarte (Vera Valentina Benrós de Melo Duarte Lobo de Pina) nació en Mindelo, São Vicente, CABO VERDE. És Jueza de Apelación. Hasta marzo de 2010 fue Ministra de Educación y Enseñanza Superior. Ha sido también Presidenta de la Comisión Nacional para los Derechos Humanos y la Ciudadanía, Consejera del Presidente de la República y miembro del Tribunal Supremo de Justicia. Como poeta se estrenó en el mundo editorial con la obra poética Amanhã A Madrugada (1985), a la cual le siguieron O Arquipélago da Paixão (2001), premio Tchicaya U Tam’si de poesía africana, Preces e Súplicas ou os Cânticos da Desesperança (2005). Ha colaborado en periódicos, revistas y obras colectivas nacionales e internacionales. De éstas cabe destacar Across the Atlantic: An Anthology of Cape Verdean Literature (1988), Cabo Verde, Mirabilis de Veias ao Sol (1998), Antologia da poesia feminina dos PALOP (1998), Na Liberdade (2004), Destino de Bai (2008) y Portuguesia Contraantologia (2009).



VD


El poema primordial

A Amílcar Cabral

En el principio sólo había flores deshojadas
soles ardientes reverberando en planicies secas
y niños desnudos y hambrientos en barrios sucios y pobres

entonces

tu voz
hecha de las voces
de todas las voces

resonó

desde mi querido Paul
a la bella Nova Sintra
cruzando el cielo de las islas
circuló por África
por las tierras verdes de Guinea
por las tierras secas de Sudán

                                    y se hizo oír en Europa
                                    se hizo oír en las Américas
                                    se hizo oír por el mundo


De tu gesto sencillo
De tu mirada solidaria
De la cálida encajada de tu mano

Brotó la sangre redentora
Del poema primordial
Con el que construimos el futuro

                                    Y porque amo
                                    tu gesto y tu gesta
                                    te ofrezco en esta canción
                                    el son de esta nación
                                    que no dejaste aprisionar
                                    en su destino colonial






Tan sólo un poema

A René Depestre

En attendant
Podremos
Yo, tú y todos los otros
Escribir poemas
Al viento que pasa
A los amores de la calle 11
Y alléluias a une femme-jardin
Nos sentaremos
En la rueda de los poetas
También Arthur, Sofía
Rosa, nuestro Corsino
Tchicaya, Senghor y Césaire
Nos sentaremos todos
En una insurrección de pa­labras
Generadora y fecundante
De un tiempo nuevo y redi­mido
Y conjuraremos juntos
Las desgracias del
Tiempo que pasa
Gloriosamente rechazando
La suerte
La muerte
Y todos los sacrilegios

[Traducción: Joan Navarro





O poema primordial

A Amílcar Cabral

No principio só havia flores despetaladas
sóis ardentes reverberando em achadas secas
e crianças nuas e famintas em bairros sujos e pobres

então

a tua voz
feita das vozes
de todas as vozes

ecoou

do meu Paul querido
a Nova Sintra bela
cruzando o céu das ilhas
circulou por África
pelas terras verdes da Guiné
pelas terras secas do Sudão

                                 e fez-se ouvir na Europa
                                 fez-se ouvir nas Américas
                                 fez-se ouvir pelo mundo


Do teu gesto singelo
Do teu olhar solidário
Do aperto caloroso da tua mão

Brotou o sangue redentor
Do poema primordial
Com que contruímos o futuro

                                E porque amo
                                o teu gesto e a tua gesta
                                ofereço-te nesta canção
                                o som desta nação
                                que não deixaste aprisionar
                                no seu destino colonial






Poema somente

A René Depestre

En attendant
Poderemos
Eu, tu e todos os outros
Escrever poemas
Au vento que pasa
Aos amores da rua 11
E allelúias a une femme-jardin
Sentar-nos-emos
Na roda dos poetas
Mais o Arthur, a Sofía
O Rosa, o nosso Corsino
Tchicaya, Senghor e Césaire
Sentar-nos-emos todos
Numa insurreição de pala­bras
Geradora e fecundante
De um tempo novo e redimido
E esconjuraremos juntos
As desgraças do
Tempo que passa
Gloriosamente recusando
A sorte
A morte
E todos os sacrilegios


De Preces e Súplicas ou os Cânticos da Desesperança


Vera Duarte (Vera Valentina Benrós de Melo Duarte Lobo de Pina) nasceu em Mindelo, S. Vicente. É Juíza Desembargadora. Exerceu até Março de 2010 as funções de Ministra da Educação e Ensino Superior, foi Pre­sidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania, Conselheira do Presidente da República e Juíza Conselheira do Supremo Tribunal de Justiça. Como poeta, estreou-se na publicação com a obra poética Amanha Amadrugada (1993), a que se seguiram O Arquipélago da Paixão (2001), Preces e Súplicas ou os Cânticos da Desesperança (2005). Tem também variada colaboração em prosa e poesia em jornais, revistas e obras colectivas nacionais e internacionais. Destas cabe destacar entre outras: Across the Atlantic: An Anthology of Cape Verdean Literature (1988), Mirabilis de Veias ao Sol (1998), Antologia da poesia feminina dos PALOP (1998), Na Liberdade (2004), Destino de Bai (2008) e Portuguesia Contraantologia (2009).


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