EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA
Edimilson de Almeida Pereira nació en Juiz de Fora, Minas Gerais, BRASIL en 1963. Es profesor de Literatura Brasileira y Portuguesa en la Universidade Federal de Juiz de Fora.
Ensayista, publicó en co-autoria:
Negras raízes mineiras: os Arturos (2. ed. 2000), Assim se benze em Minas Gerais: notas sobre a cura através da palavra (2. ed. 2004), Arturos: olhos do rosário (1990), Mundo encaixado: significação da cultura popular (1992), Do presépio à balança: representações sociais da vida religiosa (1995), Ardis da imagem: exclusão étnica e violência nos discursos da cultura brasileira (2001), Flor do não esquecimento: cultura popular e processos de transformação (2002), Ouro Preto da Palavra: narrativas de preceito do Congado em Minas Gerais (2003). Publicou em 2005, individualmente, o livro Os tambores estão frios: herança cultural e sincretismo religioso no ritual de Candombe.
Su obra poética fue editada en cuatro volúmenes:
Zeosório blues (2002), Lugares ares (2003), Casa da palavra (2003) e As coisas arcas (2003). Em literatura infanto-juvenil editou Cada bicho um seu canto (1998, poesia), O menino de caracóis na cabeça (2001, prosa), O primeiro menino (2003, poesia), Os reizinhos de Congo (2004, prosa), Histórias trazidas por um cavalo marinho (2005, prosa). Editou, em 2005, Signo cimarrón (poesia, em espanhol) e Loas a Surundunga: subsídios sobre o Congado para estudantes de ensino médio e fundamental (didático).
TEXTOS EN ESPAÑOL
Extraídos de
ANTOLOGÍA DE LA POESÍA BRASILEÑA
Org. de Xosé Lois García
Santiago de Compostela: Edicions Laiovento, 2001
CANDOMBE
Pon el hombro en la luna.
Pero levanta fuerte
que Zambi estremece el sol.
Los viejos deshilan los dedos
y el tiempo se asusta: “Auê,
quien vive tanto es un misterio”.
“No, qué” — responden.
Pon un hombre aquí, candonga
pero sujeta fuerte
que Zambi engulle el sol.
Uê, muerde por dentro
la cobra durmiendo hace la cueva.
Uê, quien sabe de esos niños
es Zambi que engulle el sol
es Zambi que mata el sol.
MISA CONGA
¿Para qué dioses se reza
cuando el cuerpo aprendió
todos los lenguajes del mundo?
¿Donde se acuestan los ojos
cuando el altar de los antiguos
aun se esconde?
¿Para qué dioses se reza
cuando las palabras se ocultan
para invocar los nombres?
¿Por qué no entregar la vida
al dios con ojos de plumas
que vive en el fondo de los tiempos?
DANZARINA
a Lena Machado
A veces observo
retraso en los movimientos.
Me transportan flores
hacia lugares hace
mucho demolidos.
(Crímenes no dejan
víctimas).
Mi cuerpo se insinúa:
no rehuyo danzas
nunca.
NOMBRES
Un amigo se llama
De Dónde Vengo.
otro se conoce
como Para Dónde Voy.
El tiempo se agota
para uno.
Para el otro apenas
se alarga.
De Dónde Vengo sabe
lo que pasó.
Para Dónde Voy
lo que no adivinamos.
Cuando uno muere otro
lo contempla.
SUDIKA MBAMBI
Quién es Sudika Mbambi
un pie en el cielo
otro en el vientre.
Su cayado de piedra
raya la tierra.
Su cayado de estrellas
nada puede vencerlo.
Sudika Mbambi quién es
y su cayado de antílope.
OBRA
El Rey quiere un cuerpo de hierro
con sangre en las venas.
Walukaga escucha la sentencia
tiemblan sus piernas.
Para crear el absurdo
desea matéria imposible.
El Rey se encoje de hombros:
no puede atender el pedido.
Walukaga se consuela
acuerda al rey en el espanto.
Corpo Vivido (1991)
De
signo cimarrón
Belo Horizonte: Maza Edições, 2005
INDICIOS
En algún sitio la memoria
limpia sus frascos. Somos
la firma de nombres antediluvianos.
La herencia se exaspera
y advierte sobre el peligro
que gestamos. Los textos
de la memoria esperan lectores,
el desafío es escoger la frase
que nos presenta unos a los otros.
La herencia no existe
sin un cuerpo-lenguaje que la
transforme. Si alguien
provoca un verbo, es lo que basta
para desgarrar los sentidos.
CÁRCEL
La puerta es sólo para entradas.
Si hay tipos de crímenes, aquí
todo se resume a criminales.
Allí no se distingue la mano
limpia de otras que que tiñeron.
La antecámara del infierno.
La puerta, a la vez cerrada, no
se abre como antes. Si uno sale
porque entro
no olvidará el aislamiento.
HOTEL
La puerta es una ilusión.
Aquí uno no se queda aunque
permanezca. Es un lugar
de negociaciones.
Funciona con el movimiento.
Deseo, dinero, miedo,
crímenes no le pertenecen.
Pero no hay hotel sin ellos.
Las puertas que mantiene
son antes y siempre pasajes
para lugares de exilio.
SIESTA
Amarillo en la tarde
exagera las revelaciones
del grano.
Dulzura ofrecida sin ocres.
Insectos vuelan en el olor,
países se acumulan
en las tarjetas postales.
Si los resumimos
a esto es porque no sabemos
ganar y perder la vida.
El exceso de amarillo retrasa
la invención de la tarde.
De
PEREIRA, Edimilson de Almeida Pereira
HOMELESS
Belo Horizonte: Mazza Edições, 2010. 259 p.
ISBN 978-85-7160-495-7
LES HOMMES-BÊTES
(notas para um etnógrafo)
1
rito de nascimento:
o ramo de ouro
as minas de prata
apesar do autor, o texto se arrisca para não
colher enxertos à sua margem, o texto seta
não funda colmeias nem países (com
adjetivos), desarma o lacre e a fábrica de
belas artes, para quem não basta o miolo ou
a carcaça, o texto sugere o alarido da ostra
2
rito de iniciação:
o ramo de ouro
as manias do rapto
apesar do texto, o autor contém a ira ante
um mercado de erros, lê como se extraísse
a casca de um orifício, (sem armas) o autor
se arma ainda que a função não o obrigue:
estão fartas as peças que imprimem letras,
embora autor e texto insistam no marco
zero de suas medidas
3
rito de fertilidade:
o ramo de ouro
as moedas no caixa
apesar da escrita ou qualquer suporte, autor
& texto suportam a linguagem e a língua.
se algum desvio torce-lhes a superfície,
autor & texto vêem aí as coisas e dizê-las
(em palavra som imagem corpo) é uma
questão entre outras, autor & texto
negociam o abismo ou melhor: a montagem
para trazê-lo às retinas
4
rito de puberdade:
o ramo de ouro
a miríade falsa
apesar do leitor, autor e texto deflagram as
cápsulas do sentido, as máscaras do leitor
têm na luta o sinal de boa vontade, suas
garras vão ao texto como dardos à fruta: o
que mordem não é carne, mas o que estando
ausente se fere ainda mais. diante do leitor
não há caixa-forte: se a forjassem, autor e
texto fariam (quando muito) uma chave às
avessas
5
rito fúnebre:
o ramo de ouro
os foles da palavra
apesar dos pesares, autor e texto atiçam as
hélices como se um — por não ser linha-
gem sem o outro — expirasse à beira do livro
(objeto para não conter guelras nem
acidentes), nome que se desse ao texto e
seu autor não faria o livro nem a pági-
na de rosto com que este nos ilude: para o
autor e o texto, a memória é um imposto
que se cobra a si mesmo
CANDOMBE
Põe o ombro na lua,
Mas levanta forte
que Zambi arrepia o sol.
Os velhos desfiam os dedos
e o tempo se assusta: “Auê,
quem vive tanto é de mistério”.
“Não, que o quê?— respondem.
Põe o ombro aqui, candonga
mas dobra forte
que Zambi engole o sol.
Uê, morde por dentro
cobra dormindo faz a cova.
Uê, quem sabe desses meninos
é Zambi que engole o sol
é Zambi que mata o sol.
MISSA CONGA
Para que deuses se reza
quando o corpo aprendeu
toda linguagem do mundo?
Onde se deitam os olhos
quando o altar dos antigos
ainda se esconde?
Para que deuses se reza
quando as palavras se velam
para invocar os nomes?
Por que não entregar a vida
ao deus com olhos de plumas
que vive no fundo dos tempos?
DANÇARINA
a Lena Machado
Às vezes percebo
demora nos movimentos.
Flores me transportam
para lugares há
quanto não sei demolidos.
(Crimes não deixam
vítimas).
Meu corpo se insinua:
não recuso danças,
nunca.
NOMES
Um amigo se chama
De Onde Venho.
Outro se conhece
como Para Onde Vou.
O tempo se esgota
para um.
Para outro apenas
se alonga.
De Onde Venho sabe
o que aconteceu.
Para Onde Vou
o que não adivinhamos.
Quando um morre outro
o contempla.
SUDIKA MBAMBI
Quem é Sudika Mbambi
um pé no céu
outro no ventre.
Seu cajado de pedra
risca na terra.
Seu cajado de estrelas
nada pode vencê-lo.
Sudika Mbambi quem é
o seu cajade de antílope.
OBRA
O rei quer um corpo de ferro
com sangue nas veias.
Walukaga ouve a sentença
treme em suas pernas.
Para criar o absurdo
deseja matéria impossível.
O rei encolhe os ombros:
não pode atender o pedido.
Walukaga ganha consolo
deita o rei no espanto.
Corpo Vivido (1991)
O CORPO
Ainda está lá, apesar dos anos. De um lado a outro, desvia-se das pedras, toca as margens cada vez mais humano. A roupa se desfaz, os sapatos, o que havia nos bolsos. Nada restou, mas o corpo flutua alheio a chuva, ao vento, à vingança. Há muito nos povoa, suas rugas não pertencem ao tempo de seu sacrifício. São de agora, nos interrogam. Que fazer desse corpo que não sabemos de onde veio e se instalou em nós?
SÍLABA
Outra língua alicia o palato, não se quer instrumento de suicídio. Não pode ser engolida para selar o desejo. É para uso desobediente, sendo mais livre quanto mais nos pertence. A essa língua não se veda o devaneio, uma vez afiada a vida e tudo que se queira. Não está na boca e nela se arvora. Testa o sentido, duvida de si mesma. Vai ao baile, está nua ao meio-dia.Não é língua do suplício nem do vexame, desenrola os signos e se pronuncia.
AULA
Fala de vendedor ambulante
é signo em rotação. A gente
lança no ar o que tem de ser
dito e colhe — nem sempre —
o fruto de algo vendido.
Repetimos as falas aceitas
para garantir a venda, mas
o risco do improviso é o que
há. Três por dois, duas por
uma — essa sintaxe apraz.
A gente lança no ar. Se der
ritmo ganhamos a feira, se
não, fazemos fina de baile.
ESCARIAÇÕES
Paredes em branco, portas
janelas azuis. Fila de casas
com orgulhos enfileirados.
Uma ordem dentro da outra.
Quartos, metade quartos.
Searas, enfim, para a cisma
do criador. Nada insinua
ruptura. A chuva não frisou
o branco, o mar se conteve.
Receios, arrastaram os que
esperavam, a mobília não.
O suor de antes não legou
a mensagem do sacrifício.
Esse, aninhando no corpo,
também se dilui, só a astúcia
abre sulcos sob o retrato.
Extraídos da antologia OIRO DE MINAS a nova poesia das GERAIS. Seleção de Prisca Agustoni. S. l.: Pasárgada; Ardósia, 2007.
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