Vergílio Alberto VIEIRA
Vergílio Alberto Vieira (Nació en 1950, Amares, Braga, PORTUHAL) se forma en Letras en la Universidade do Porto, pasando a dar clases en Lisboa a partir de 1993.
En los últimos años reunió casi toda su poesía en el volumen A Imposição das Mãos (1999) y parte de su actividad crítica en A Sétima Face do Dado (2000).
En el género de ficción publicó, entre otros: Chão de Víboras (1982), O Navio de Fogo (1993) y A Biblioteca de Alexandria (2001).
Está representado en varias antologías poéticas y traducido al castellano, francés y búlgaro.
Autor de doce títulos (poesia, narrativa, teatro) en el terreno de la literatura infantil y juvenil editó As Palavras São Como as Cerejas (2001), experiencia creativa llevada a cabo en el ámbito de un Projecto de Oficinas de Escrita.
Escribió sobre libros en el Diário de Lisboa, revista África, Jornal de Notícias y el semanario Expresso.
Miembro del jurado de los principales premios literarios portugueses (APE, PEN Club, Eixo-Atântico, Correntes d'Escritas, etc.).
Pertenece a la actual dirección de la Associação Portuguesa de Escritores.
Bibliografía reciente:
O Ovo da Serpente. 2001.
Coágulos. 2002.
Crescente Branco. 2004.
Vergílio Alberto Vieira
Piedra de trance
Traducción y solapa, Clara Janés.
1
Do esplendor
cativa
em Tebas cantou
A boca mais ardente
1
De esplendor
cautiva
en Tebas cantó
La boca más ardiente
O corpo todo
Desejo enfim
Devora o fogo
ó haste
El cuerpo todo
Deseo al fin
Devora el fuego
oh asta
Enquanto oiro
arde
A postura da cor
Brancas dissipaçoes
cingia à fronte
O mármore
Mientras es oro
arde
La actitud del color
Blancas disipaciones
ceñía en la frente
El mármol
Os desígnios do fogo
amo
E as águas imaturas
Doce morrer de pálpedras
Da Sua mao direita
sete estrelas
caíam
Los designios del fuego
amo
Y las aguas inmaduras
Dulce morir de párpados
De su mano derecha
siete estrellas
caían
Tangível à noite, uma figueira cega persiste junto à cal.
Tangible a la noche, una higuera ciega persiste junto a la cal.
O meteoro, a linha de água, o vento, e ninguém.
El meteoro, la línea de agua, el viento, y nadie.
Da haste extrema cai o dia, e nao o nao há haste.
Del asta más alta cae el día y no hay asta.
Entre o sono e a aurora, a transparência de um véu apenas nos separa.
Entre el sueño y la aurora, la transparencia de un velo apenas nos separa.
[Piedra de trance]
HERÁCLITO
A um grego foi possível
Outrora sonhar divinamente as águas
De outro rio
Esse rio é o homem e Heráclito
Ainda em sonho ignora
Quão indiferente sobre si mesmo corre
O rio
Agora é noite
E o grego as naturezas escuta
Em toda a parte enquanto
Pensa o fogo harmonioso do passado
O que na cinza se escreveu
Perdido foi em Éfeso
Artemis é essa inquietação segura
(As sequências de Pégaso)
O ELOGIO DA ÁRVORE
AR.M.R.
Eles cintilam os anjos
Para morrer contra a folhagem dúbia
A luz suportam Então esfriam
Sortílega força
Cerca na fronte a estrela do desastre
Sob incidência fixam na água
O surto das imagens
A espada austera O brilho
Dessa existência finitas sombras são
Assim chorado Linos
Soube pela morte o que é ser
Da solidão
(As sequências de Pégaso)
SEXTA
1
Ele é O que me soube
cativar e, sem condição, me protegeu
como da lança se protege a mão,
que a arremessa.
2
Antes que o mundo
me desse por perdido, por perdido dei
o que renunciei ao mundo,
para de outro modo não vir a ser julgado,
e de mim ser temerário.
3
Para guardar a palavra,
esvaziei a boca, antes que, do coração,
me fosse arrancada, como a árvore
pela raiz.
4
De pouco me serviriam
(/bens que, como terra, juntei aos olhos
d' Aquele que sobre os povos
faz tremer as colunas do céu e o Setentríão
suspende, sobre o nada.
5
Sete vezes mais brilhará
o sol, para que a sementeira medre,
e abundância não falte ao que
com pá e crivo joeirou o trigo enganador.
6
Todas as feridas ligará, o Senhor,
ao que à mão dos sanguinários resistir,
fechando os ouvidos à soberba,
e os olhos à indecorosa ostentação.
7
Do fogo devorador me retirou
a mão, que não rejeitei,
sob pena de, concebido como feno,
ser dado à luz como restolho.
8
Do insensato me guardei,
mas não de mim, quando a língua me perdeu
e, sobre os meus lábios, o selo,
inviolável, se quebrou.
9
Por muito Julgar,
sem atender às razões do que julgava,
para trás fiquei, até ser levantado
do nada, em que me achei, perante o Senhor.
10
Do merecimento apenas sei
o que é dado saber ao que, do mundo retirado,
consigo fala sem palavras,
como quem escusa a grilheta que, pesada,
o prende à terra.
[Amante de uma só dia. Desenho da capa: Juan Carlos Mestre. Porto: Tropelias & Companhia, 2012. 102 p. (Livros de Horas)]
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