Manuel Neto dos Santos
Nacido en Alcantarilha (Silves), Portugal el 21 de enero de 1959.
Cuenta con 16 obras ya publicadas. Manuel dos Santos Neto, es poeta, actor, recitador de habla portuguesa.
Ha trabajado para promocionar el nombre del Algarve en el extranjero con la participación en eventos internacionales.
Su intensa actividad cultural se remonta a los años de adolescencia que culminaron con su reconocimiento público en la asignación de una nominación para el Premio Primus Inter Pares (Artes y Letras) junto a Lydia y Jorge Casimiro de Brito, 98/99.
En el plan general de su obra, el color se celebra a través de los versos, las imágenes vivas, el camino del hombre a la trascendencia. El sujeto lírico en su reflexión y autoanálisis. El léxico de su poesía se lee, riguroso en su intimidad natural.
En 1988 llegó su primera obra "O Fogo, a Luz e a Voz", editada pela Associação de poetas do Alentejo e Algarve y desde entonces Manuel Neto dos Santos ha iniciado un camino ascendente en su carrera.
También destacar su actividad como productor y presentador de programas de radio de contenido literario, y la representación de la poesía del Algarve en el extranjero.
Bibliografía:
-O FOGO, A LUZ E A VOZ - Editado pela Associação de poetas do Alentejo e Algarve - 1988
-ATALAIA - Editora Edilidade Silvense - 1989
-TROVAS DE UM HOMEM DA TERRA - Edição do autor - 1991
-NO PAÍS DE AMÁLIA - Editora Tribuna do Algarve - 1992
-DE DEUS A ALGAZARRA DE SILÊNCIOS - Edição da Câmara Municipal de Silves - 1996
-IDÍLIOS DE AL-BUHERA - Edição da Câmara Municipal de Albufeira - 1996
-TIMBRES - Editora Comunical - 1999
-SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA POESIA DO ALGARVE - Editora Tribuna do Algarve - 2000
-ÍDOLA - Editora Hugin - 2002
-VERSOS DE REDOBRE (à memória de João de Deus) - 2004
Tendrá lugar en diciembre 2015 el lanzamiento oficial de "Aurora Borealis del Sur" que se celebrará en Messines.
"Um poeta inteiro numa poética maior, metafísico-existencial. O lirismo, todo ele difuso, espelhando emoção e sentimento, percebe-se na sua já vasta obra, onde a vertente intuitiva consegue apreender algo das efémeras e superficiais vivências de carácter comocional, de tonalidade afectiva intensa, onde a ruptura do impressionável se conjuga com a do intuitivo.
Na sua obra, o autor revela a sua tendência para se situar fora de qualquer temporalidade em clara ligação com as profundezas "viscerais da terra e dos seus entes, com os insondáveis mistérios da vida, novos, inquietos, subversivos".
José Varela Pires, in "Ídola", Hugin editores, 2002
Faz-se o poema… fazendo
Faz-se o poema… fazendo.
Frase a frase, no seu ritmo, no seu incógnito rumo;
De fogo ou de fumo…
Na descoberta do livre movimento na forma de um registo aceso.
Que haja quem o leve, leve, sem peso.
Faz-se o poema despertando-o do sono em que dormia;
No corpo do campo da incerteza e desafio,
Um fio que se desata, afiando a imagem e a sua melodia.
Faz-se o poema como vulto embrionário pronto para saltar
A terreiro para o mundo, à luz do dia avinagrado;
Faz-se o poema na careta da folha, de um a outro lado,
Que venha o leitor e escolha…
Mel? O dia.
Ninguém me prende
Ninguém me prende, ó séria, extravagante
Liberdade de ser quem sou; nem mais.
Tosco, nas formas, como os figueirais,
Nevado no amendoal... lá mais adiante.
Livre! Sou livre como é livre tudo
Quanto, por ter nascido, mais não é;
Sou livre, nesta força de maré
Com que os versos me invadem, a miúdo.
Ninguém me prende, nem o Amor sequer;
Sou homem livre. Que maior riqueza
Não pode ter doado a natureza
A quem se libertou, logo ao nascer?
Traz, o esplendor do dia, a placidez da noite.
Traz, em teu corpo todo, o encanto que preciso...
Cantar-te- ei, de mim, outro cantar de Amigo.
Cantar- te- ei, de nós, o amor onde se acoite.
Traz, de uma noite, a calma, do dia o alvoroço
Que ponha, em nossos corpos, um reboliço imenso;
E dar-te- ei, de mim, de nós uma espiral de incenso.
"PASSIONÁRIO" (a publicar)
Soberbo dia!
Soberbo dia! Impunha-se respeito
Perante um mar de luz; da serra ao mar
E se deixei de ver pelo teu olhar
Para contemplar, pela alma, o espaço eleito...
De claridade mais perfeita, e intensa,
Que podem olhos ver noutro lugar;
Al- Gharb, terra amada, o berço e o lar
Ou campa rasa, sem ter deus ou crença.
Soberbo dia! Venerando, fico
Todo o redor desta beleza extrema...
E assim descrevo a luz mas num poema
Que exulto, que descrevo e santifico.
"Do espanto que, pelas sombras, se equilibra à luz do dia claro, à noite obscura" (a publicar)
Ao Sul. "Algar seco"
O mar ressoa, como pelas mesquitas,
O vento, a voz das águas, a oração
Nesses versos de espuma, do Corão,
Para que eu sinta no peito a lassidão
De arcadas tão perfeitas, tão benditas.
O vento abranda e escuta, silencioso,
O murmurar em paz, como um devoto,
E as gaivotas ignoram rumo ignoto…
Vêm pousar nas escarpas, voo e gozo;
Sacerdotisas nesse branco, as penas
Cujo piar ecoa nostalgia…
Para que o sol, no azul por onde ardia,
Volte a brilhar, sagrando a melodia.
Sobre as águas em, breve, mais serenas
Pelas grutas, chora o mar um triste choro
Da moira que está presa num feitiço,
Que o amor lhe pôs, no peito, o reboliço
De amar moço cristão… e é, por isso,
Que o som do mar ao sul é um tesouro.
A noite cai, derrama pelas janelas
Os raios de prata, dos etéreos limos,
E somos nós, poetas, que fingimos…"
Ei- la!
Eu vejo, com real solenidade,
Surgir esplendorosa em grave assombro
Atrás da cumeada… como um ombro
Que um véu ainda cobrisse, mas metade.
Ei- la! A manhã raiando, sonolenta,
Compondo as vestes de vestal sombria.
Ei- la! Que chega; desfraldando o dia,
Espalhando, pelos campos, vestimenta.
Não te escondas...
Não te escondas atrás do sofrimento;
deixa raiar, em ti, o dia ainda tenro,
ainda imberbe, como sobre as pétalas da rosa
a luz do meu país ao Sul
desenha os espelhos onde a aurora se descreve.
Vem a terreiro da tua alma,
na oferenda mais sublime da amizade,
pois que a dádiva maior é sermos “nós-nos-outros”.
Por isso, é só por ti que, em mim, reparo nesta passagem pela vida;
tão sublime e breve.
"Aurora Boreal ao Sul"
Luz...
A maravilha da luz
É dar-nos o visto
Exactamente como não é.
Consente o sonho,
Diz sim a tudo o que não digo…
Escrevo. De pé.
Como um mar sem praias
Num amor grande como um mar sem praias,
Sem os teus beijos, minha pele é sobro.
Minha alma, de sal, já tem o dobro
Do mar que tem, nas ondas, suas aias.
Faço dos versos, rimas, as alfaias
Para dar à saudade um fim, pôr cobro
Ao pranto do meu rosto, tão salobro,
E vejo que, memória, me desmaias.
Ergue-te e anda, tu, fascínio ancião
Pela calda de espuma e madrepérola;
Sinto ainda nas mãos a dor de férula;
Palmatoada agreste em plena escola,
E roupa recebida, por esmola...
Mas fui rico, por ti, amor de então.
Das coisas audíveis...
Das coisas audíveis, e mesmo assim inexistentes
Eu ouço um voo de rasante, por sobre um espelho de água;
O negro da andorinha tocando o azul;
Sou eu, ao Sul,
Pelo bico desta pena…
Bebericando a mágoa.
Eu vejo...
Eu vejo os sons
E vejo as cores;
Da crista das ondas até ao bojo
Das fossas abissais.
Uma corda de luz que, à uma,
Une as duas.
O ontem e o hoje
O verso e o silêncio
De uma demora em ter tudo o que não
Quero mais
"Dorsos de Luz de Águas mais Profundas". 59 Poemas ígneos
Saudades
Saudades vivas da terra;
Desses chuviscos primeiros
A libertar, dos nateiros,
Perfume que me descerra
Memórias de antes, de antanho,
Da meninice tristonha.
Saudade! Saudade! Sonha
Pelo feitiço mais estranho;
Feitiço que, de nascença,
Faz da tristeza a alegria.
Saudades em demasia…
Todas, da alma a pertença.
Tenho, às vezes, saudades do futuro
Lá onde vou e, regressando, fico
Preso na liberdade; bem mais rico
Da saudade que tenho… mas procuro.
Procurei- te, saudade, estando aqui
Dentro de mim que, dois somos só um…
Onde eu acabo há, de ti, debrum
Onde eu começo… há debrum de ti.
"O corpo como nudez"
Luz da manhã
Luz da manhã
Vestindo o horizonte.
Véu transparente sobre o rosto
E o dorso das encostas;
A aragem vem do mar
Domar a forma dos meus olhos.
Ó meu olhar boquiaberto de espanto
E de fascínio;
Farrapos da noite sobre o azul
Ao longe, ao fundo.
Surge o dia, assinala-se o escuro,
Em seu declínio.
O timbre da saudade do meu país ao Sul…
Reflexos da luz do sol
Sobre a cal;
A minha alma é uma açoteia aberta
Ao mar de estrelas
Infinito como abóbada
Meridional …
do livro "Sulino"
Um raio de sol
Um dobre da luz passa nos montes.
Quem foi ou o que morreu?
Ninguém me diz.
Falso toque a rebate…
Foi um raio de sol
Que desceu pela árvore,
E cocegou a raiz.
Tributo a Hilda Hilst I (obra inédita)
"Dorsos de luz de aguas mais profundas"
Notas pastoris...
As notas pastoris, de uma longínqua flauta faz, deste meu olhar, de pã o parentesco; requebros do meu corpo de gesso, ou de arabesco e desta minha alma... A lírica argonauta.
As notas pastoris de um assobio pelos campos, pela erva que desponta por entre o pasto ainda põe, nesta alma ao sul, cadência da mais linda; meu reino de alfarrobas, de amêndoas, figos lampos.
As notas pastoris, tal como a tua voz dizendo- me “ bom dia” após a noite intensa... No pastoreio dos dedos que não fazem diferença dos rebanhos dos beijos trocados entre nós.
Como um sol...
Como um sol, serena como um voo...
Toda a minha tristeza se embala num regaço;
Verdade das verdades pois que não sei quem sou
Mentira das mentiras; pois que não sei que o faço.
Soberba, como a luz, tristonha como o pranto,
Toda a minha alegria oscila num batel.
Ó fingidor de mim, actor de outro papel.
Ó confessor da alma que, no silêncio, canto.
Soberba, como a terra que, ao Sul, se espraia ao mar,
Dramática tragédia de não saber de mim...
Onde termina o oceano, onde é, da terra, o fim...
Que tudo existe, em mim, em mim, no meu olhar.
"PASSIONÁRIO" (a publicar)
Há tempos que não sinto ...
Há tempos que não sinto o sangue pelas veias,
O latejar do espanto pelos versos desavindos
Nem, pela voz, registos dos timbres, dos mais lindos
Com que, poesia, a alma submissa me encandeias.
Há muito que não moro nesse castelo altivo,
Na barbacã dourada, vizinha dos barrancos
Nem ouço, dos riachos, suspiros dos mais francos...
Há tempos que aparento mas, afinal, não vivo.
Há tempos não sentia, tal como sinto agora,
A lassidão dos versos... pela horas moribundas.
Eu penso- te, poesia, e ao chegar inundas
Meu peito de alegria como quem, rindo, chora.
"PASSIONÁRIO" (a publicar)
Como se fosse...
Como se fosse agora a vez primeira,
Rendilho a chaminé dos versos meus
Nesta rede de bilros, cinzelada.
Tenho arabescos e arcos de ferradura
No olhar…
O oásis dos meus sonhos, por achar…
Mais nada.
do livro "Sulino"
Cravada no mais fundo do meu ser...
Cravada no mais fundo do meu ser
Tenho a adaga berbere e o alazão;
Meu corpo é de canela, e de açafrão,
E de alfazema o beijo… o que aprouver.
Ó noites de alaúde, noites de harém,
Em vós a cáfila que o silêncio tem.
do livro "Sulino"
Seja no inverno ou no estio...
Seja no inverno ou no estio,
Trago um sol cor de açafrão
No girassol que desvio,
Pondo na palma da mão
Este azimute do sonho,
Este azulejo celeste,
Este elixir que ainda ponho
No beijo que não me deste.
Trago um sol pela azinhaga
Do fascínio mudéjar;
Malado, que o dia traga
Todo o mundo… o meu lugar.
do livro "Sulino"
Estrelas...
Estrelas que auguram a vitória
Exacerbando o oiro do meio- dia;
Foi um jardim florido a nostalgia,
Um campo incendiado a nossa história.
do livro "Sulino"
Amoras vermelhas
Amoras vermelhas crescem nas terras do Sul
(Wang Wei)
Nos silvedos à beira do valado;
Pascigo o olhar e vejo o meu amado
País dos beijos, sob um céu azul
Rubro-cerúleo na ilusão discreta
Que não sei se é dos beijos ou de amoras;
O vermelhão da boca, se demoras,
Teus lábios nos meus lábios de poeta.
"Passionário" (a publicar)
Recrio os lugares
Recrio os lugares;
Como o pintor barra a tela com as cores da espátula, camada após camada; o horizonte e a paisagem têm o mesmíssimo grave e místico palpitar do silêncio.
"Aurora Boreal ao Sul" (a publicar)
Selvagem como um deus
Selvagem como um deus…
Estou perante tudo
Como uma rocha,
Como o musgo;
Na férrea e sedosa vestimenta
De sonhos que ainda não são meus.
*
Sou o intervalo entre dois silêncios;
Com passo certo
Para a música
Das esferas paralelas.
Sustido e sustenido,
Suspeito do rumor
Que se esconde em todas elas.
Batendo sobre a praia do meu rosto,
A maresia suave da aragem
Traz- me uma memória,
Que não quero ter, nem sentir…
Os grãos do que antes fui
Ganham novas formas, sendo os mesmos,
Duna que se ergue e que se desfaz
Na permanência da coragem.
x
No hay comentarios:
Publicar un comentario