sábado, 1 de junio de 2013

TOMÁS JORGE VIEIRA DA CRUZ [9954]


Tomás Jorge Vieira da Cruz (1928-2009) nació en Angola, entonces colonia de Portugal, potencia que explotó y se apropió de sus ricos recursos naturales, principalmente diamantes. En 1950 el poeta integró el movimento literario nacionalista "Vamos a descubrir Angola". Su lucha anticolonialista lo llevó a prisión varias veces. Publicó Arenal (1961), Canción de la esperanza (1963) y en 1995 su obra completa bajo el título de Talamungongo, que en kimbundu, idioma hablado en el África central, significa "observa el mundo". Fue miembro fundador de la Unión de Escritores Angoleños.



ALZAMIENTO

ha de morir el tiempo
de entregar diamantes.
quien los quiera
que los busque
con sus propios ojos
que los desentierre
con sus propias manos.
minero!
álzate
y lleva en tus ojos
todo el fulgor
de los diamantes
que diste.








ADOLESCENTES

Não podes negar que bebeste leite
Da teta negra da mamã Ama

Tu mesmo o dizes
Teus lábios vermelhos
Como o sangue puro da mamã Ama
São quentes com palavras brandas

São a saudade da mamã Ama
Das brincadeiras antigas
Gajajeira e quintal de ripado
Sol nas casas de barro vermelho
Nós dois unidos em luta
Disputando o colo da mamã Ama

Nossas cabecinhas batendo
Nas tetas grandes da mamã Ama

Ela foi envelhecendo
Seus cabelos viraram brancura
Nós fomos crescendo

Do teu peito nasceram fontes de vida
Teus lábios ficaram mais cálidos
Minha menina branca por nebulosidade
Meu amor sem pecado

Meu peito também cresceu
Meu coração também cresceu
Amar-te?

Nego-me!
Agora seria desgostar a nossa mamã Ama
Seria fazê-la chorar lá no céu
Meu amor é pecado
Eu não sei a quem amo

A mamã Ama recomendou cuidado
Disse-nos que éramos irmãos

Minha branca de uma avó negra
Negra Isabel que faleceu desgostosa
Pela filha que não casou
Branca de um pai que se negou

Para mim
És aquela sempre menina bantu
— Minha irmã da infância
De olhos verdes de ternura
Boiando candidamente
Num corpo de nebulosidade nórdica

És a saudade da mamã Ama
Num corpo que faz lembrar
Um jardim de rosas brancas
Com toda a pureza de expressão bantu
Da nossa mamã Ama.

1951

(in Areal, Poemas, Colecção Imbondeiro, 1961)









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