jueves, 18 de diciembre de 2014

JORGE FRAGOSO [14.259] Poeta de Portugal


Jorge Fragoso 

(Poeta portugués nacido en Beira, Moçambique, 1956). Licenciado en Filosofía. Editor. Miembro de la Oficina de Poesía (curso libre de la Facultad de Letras de la Universidad de Coimbra) y sub-director de la Revista Oficina de Poesia. Libros publicados: Inima, (poesía, 1994), O Tempo e o Tédio (prosa-poética, 1998), A Fome da Pele (poesía, 2004), Rua do Almada (contos, 1995) y Dez Horas de Memória (novela, 1999, traducida y publicada en Italia con el título Dieci Ore, 2006). Otros poemas suyos están publicados
en revistas y antologías publicadas en Portugal, España y Brasil. Antologías como: “Regresso à Condição” (Viseu, 2001); “Vento – Sombras de Vozes / Viento – Sombra de Voces, Antologia de Poesia Ibérica” (Salamanca, Celya, 2004); “Isto é Poesia” (Fafe, Labirinto, 2004); “Cânticos da Fronteira / Cánticos de la Frontera (Salamanca, Trilce Ediciones, 2005); Poesia do Mundo 5 (Viseu, Palimage, 2005); Palavras de Vento e de Pedra (Município do Fundão, 2006); “Habitación de Olvidos”, X Encuentro de Poetas Iberoamericanos (Antologia en Homenaje a Álvaro Alves de Faria), Salamanca, EDIFSA, 2007; “Poem’arte. Nas Margens da Poesia” (– III bienal de Silves, 2008) o “El color de la vida”. Poetas del mundo celebran a Cristóbal Gabarrón (Salamanca, Sociedad de Estudios Literarios y Humanísticos, 2012).



RETORNO

a Gastón Baquero

Los dioses otorgan la palabra 
simiente, humus del verbo 
sobre la tierra arable de la lengua

Palabra suelta, raíz 
cuerpo de piel de ironía 
esqueleto de sarcasmo

Tallo de Pirrón, palabra 
escéptica hoja de verde 
pensamiento ausente la creencia

Palabra de tronco erecto 
logos, suelo de lo intangible 
a veces leño torcido 
el ser, el mal, alma-grito 
voces hechas de cuchilla 
entre la cruz y el tormento

Palabra sangre, savia, flor 
ave de amor, horizonte 
a veces planta de tristeza 
a veces mar de esperanza

Fruto mágico, palabra 
belleza, sentido último misterio, 
luz, trascendencia 
a veces seno maduro 
infinito, libertad

El humano devuelve la palabra
de palabra hace los dioses.




RETORNO

a Gastón Baquero

Os deuses concedem a palavra
semente, húmus do verbo
sobre a terra arável da língua

Palavra solta, raiz
corpo de pele de ironia
ossatura de sarcasmo

Caule de Pírron, palavra
céptica folha de verde
pensamento ausente a crença

Palavra de tronco erecto
logos, chão do inteligível
às vezes lenho torcido
o ser, o mal, alma-grito
vozes feitas de lâmina
entre a cruz e o tormento

Palavra sangue, seiva, flor
ave de amor, horizonte
às vezes planta de mágoa
às vezes mar de esperança

Fruto mágico, palavra
beleza, sentido último
mistério, luz, transcendência
às vezes seio maduro
infinito, liberdade

O humano devolve a palavra
de palavra faz os deuses.



                                                         Dibujo de MIGUEL ELÍAS


Jorge Fragoso 

(Beira, Moçambique, 1956). Licenciado em Filosofia. Participou como poeta representante de Portugal no V Encontro Internacional de Poetas de Coimbra. Livros publicados: Inima, (poesia), Coimbra, A Mar Arte, 1994;  O Tempo e o Tédio, (prosa-poética), Viseu, Palimage, 1998; A Fome da Pele, (poesia), Viseu, Palimage, 2004; Rua do Almada (contos), Coimbra, A Mar Arte, 1995 e Dez Horas de Memória (romance), Viseu, Palimage, 1999, traduzido e publicado em Itália, com o título Dieci Ore, Nápoles, NonSoloParole Edizioni, 2006. Participação poética e ensaística dispersa em revistas e colectâneas em Portugal, Espanha e Brasil. Poesia e ensaio publicados na Revista Oficina de Poesia, Coimbra; Revista Palavra em Mutação, Porto; Revista electrónica brasileira Zunái – Revista de Poesia & Debates (www.revistazunai.com.br/). Presente nas antologias de Poesia: “Regresso à Condição”, Viseu, Ut Pictura Poesis, Viseu, ISPV, 2001; Vento – Sombras de Vozes / Viento – Sombra de Voces, Antologia de Poesia Ibérica, Salamanca, Celya, 2004;  Isto é Poesia, Fafe, Labirinto, 2004; Cânticos da Fronteira / Cánticos de la Frontera, Salamanca, Trilce Ediciones, 2005; Poesia do Mundo 5, Viseu, Palimage, 2005; Palavras de Vento e de Pedra, Fundão, Município do Fundão, 2006; Habitación de Olvidos, X Encuentro de Poetas Iberoamericanos (Antologia en Homenaje a Álvaro Alves de Faria), Salamanca, EDIFSA, 2007; Poem’arte. Nas Margens da Poesia – III bienal de Silves, Silves, C. M. Silves, 2008.





Eles os dois os barcos

Os dois barcos fazem a mesma travessia
ela olhou-o muitas vezes antes da casa
a conversa pela casa como os barcos
a percorrerem a mesma travessia
a mesma ou outra mesmo igual que é
o mesmo ser a mesma igual
os dois barcos a mesma travessia
depois da conversa pela casa
nunca mais os barcos fariam outra travessia
que não a mesma
ela olhou-o algumas vezes
e olhou-o e daí a conversa pela casa
e daí os barcos na mesma travessia
ele tocou-lhe a face com o mesmo carinho
dos barcos a fazerem a mesma travessia
o álcool ardeu dentro dos olhos
ele juntou os dedos diante dos olhos
pensou no álcool e nos barcos
pensou nunca mais dizer a mesma travessia
o mar morreu feito só boca sobre a rocha
e os dois barcos ela e também ele
a fazerem a mesma travessia
de espanto e de medo e de projecção do medo
na mesma tela da mesma travessia
como os barcos
a mesma travessia os dois eles os dois
poucas palavras para dizer
que se amavam





A partir de Robert Duncan em Tribal Memories – Passages 1


Ritos velhos

Sobre o início existe sempre o nevoeiro
como sobre o fruto      a oferenda        a culpa
e em todas as vestes com que se aparelha
o mundo
voa a pomba
sucede a mulher mãe maternal
a fazer dos filhos pasto de Cronos

e há o sopro feito carne           barro    verbo
mesmo na ausência da face

o hálito desmedido do pássaro
só metade vertido no corpo absoluto
derrama toda a idade madura
de estrelas
e mares condoídos de espuma
e vento de garras gordas
e mistério enlouquecido na explicação
do tríptico        poliédrico         e fantasma

Afinal as barcas são simples formulações das mãos
e fazem-se navios na esquina das páginas
da púrpura da espécie

São muitas correntes sobre a garganta
e o alumiar das lágrimas
na religação das águas

Em cada princípio há um verbo
mesmo na crença inerte
da morte demorada da lenda 


  


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